sábado, 8 de agosto de 2015

Jesus Cristo no Antigo Testamento - aula 01 - A importância do Antigo Testamento como revelação progressiva da pessoa de Cristo e das suas obras


- Introdução
- As testemunhas do ministério de Cristo:
- João Batista
- As obras de Cristo
- Deus Pai
- As Escrituras Sagradas
- Formas equivocadas de lidar com o Antigo Testamento:
- rejeição
- má-utilização
- Abordagem correta do Antigo Testamento:
- revelação divina progressiva
- a unidade dos Testamentos
- Conclusão
- Referências bibliográficas


INTRODUÇÃO

O Antigo Testamento é importante nos dias de hoje?

Essa pergunta tem sido feita com grande frequência em nossos dias. Muitas pessoas questionam seriamente a relevância do A.T., sob os argumentos de que o “pacto das obras” foi superado pelo “pacto da graça” e que a “obra de Cristo” revogou completamente a lei de Moisés.

A busca por uma divindade diferente do Cristo apresentado nas Escrituras leva tais pessoas a rejeitarem ou interpretarem de forma equivocada o Antigo Testamento.

Tais atitudes foram prontamente refutadas por Jesus, que apresentou quatro testemunhas do Seu ministério em João 5. A aceitação e a correta compreensão das palavras do Mestre nos levarão a entender a importância do Antigo Testamento na revelação progressiva da pessoa e da obra redentora de Cristo.


AS TESTEMUNHAS DO MINISTÉRIO DE CRISTO1

Se dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro. Quem dá testemunho de mim é outro; e sei que o testemunho que ele dá é verdadeiro. Jo 5.31-32

O capítulo 5 de João começa com a cura do paralítico no tanque de Bestesda, onde Jesus dá a todos uma demonstração do seu poder. Na sequência, Ele passa a falar sobre seu ministério.

Assim como todos os profetas do Antigo Testamento precisavam demonstrar a aprovação divina do seu chamado e ministério, Jesus também se ocupa em dar provas de Sua autoridade como Filho de Deus, por meio das testemunhas do Seu ministério.

Quem eram as testemunhas do ministério de Cristo?


PRIMEIRA TESTEMUNHA: JOÃO BATISTA1

Vós enviastes mensageiros a João, e ele testemunhou da verdade. Eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isso para que sejais salvos. Ele era a candeia que ardia e iluminava; e quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com sua luz. Jo 5.33-35


Jesus descreve João Batista como “a candeia que ardia e iluminava”, aquele que seria “testemunha da verdade”. Tais expressões são muito semelhantes às utilizadas em João 1.6-9:

Houve um homem enviado por Deus; seu nome era João. Ele veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Pois a verdadeira luz, que ilumina a todo o homem, estava chegando ao mundo. Jo 1.6-9


D.A. CARSON explica que o contexto da passagem anterior é, quase que certamente o contido em Salmos 132.13-17:

Porque o SENHOR escolheu Sião; preferiu-a para sua habitação, dizendo: Este é para sempre o lugar do meu repouso; aqui habitarei, pois assim eu quis. Abençoarei ricamente suas provisões; fartarei de alimento seus necessitados. Vestirei de salvação seus sacerdotes; e seus santos exultarão de júbilo. Farei brotar ali o poder de Davi; farei resplandecer a lâmpada do reinado do meu ungido.


O Antigo Testamento já apresentava João Batista como testemunha do ministério de Cristo, o que foi confirmado pelo próprio Cristo.

“É preciso reconhecer o pano de fundo do Antigo Testamento para reconhecer João como testemunha. Mas as pessoas que deveriam ter reconhecido João Batista como a lâmpada preparada para o ungido de Deus não o reconheceram. Jesus deixou claro que o testemunho de João tinha por objetivo o benefício do povo. Mas, infelizmente, quando a testemunha se pronunciou, o povo não acolheu seu testemunho.”
CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p.16


SEGUNDA TESTEMUNHA: AS OBRAS DE CRISTO1

Uma das formas do profeta do Antigo Testamento demonstrar seu chamado divino para o ofício era apresentar ao povo obras miraculosas.

De igual modo, Jesus apresentou sinais e prodígios durante todo o seu ministério, como confirmação de ter sido enviado pelo Pai.

Mas o testemunho que eu tenho é maior que o de João; porque as obras que o Pai me concedeu realizar, essas mesmas obras que eu realizo, dão testemunho de que o Pai me enviou. Jo 5.36


Apesar de mais essa prova evidente dada por Cristo, o conhecimento equivocado do povo sobre a lei de Moisés (Antigo Testamento) levou-os a utilizar a lei para questionar Jesus, e não para crer Nele como o Messias.

Isso fica claro no capítulo 6 de João, que começa com a multiplicação dos pães e peixes. Foi um milagre notório, de grande repercussão, pois foi feito diante de milhares de pessoas.

Porém, ao invés de reconhecerem ser Ele o Cristo, o povo utilizou-se de acontecimentos do Antigo Testamento, retiradas do seu contexto e do seu significado, para questionar Jesus:

Perguntaram-lhe, então: Que sinal fazes, para que o vejamos e creiamos em ti? Que realizas? Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Deu-lhes pão do céu para comer. Jo 6.30-31


Jesus havia multiplicado pães e peixes no dia anterior, mas ainda assim o povo pedia sinais para crer. É uma triste demonstração de pessoas que pensavam conhecer a Palavra de Deus, mas não conheceram o próprio Deus da Palavra.


TERCEIRA TESTEMUNHA: DEUS PAI1

E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma; e a sua palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que me enviou. Jo 5.37-38


A terceira testemunha apresentada por Jesus é o próprio Deus Pai. Deus, o Criador, a Primeira Pessoa da Trindade, foi aquele que enviou e que dá testemunho do ministério do Seu Filho.

Entretanto, Cristo afirma que o povo nunca havia ouvido a voz do Pai, e que a palavra não estava como eles. Tal afirmação é semelhante ao dito por Moisés ao povo de Israel.

Agora, perguntai aos tempos passados desde o dia em que Deus criou o homem sobre a terra, perguntai de uma extremidade do céu até a outra, se alguma vez aconteceu coisa tão grande como esta, ou se já se ouviu coisa semelhante. Ou se algum povo ouviu a voz de Deus falar do meio do fogo, como a ouvistes, e ficou vivo. Dt 4.32-33

Pois, quem entre todos os homens ouviu a voz do Deus vivo falando do meio do fogo, como nós a ouvimos, e ainda continua vivo? Dt 5.26


O povo também se recusou a ouvir a voz do Pai no batismo do Filho.

Depois de ser batizado, Jesus saiu logo da água. E viu o céu se abrir e o Espírito de Deus descer como pomba, vindo sobre ele. E uma voz do céu disse: Este é o meu Filho amado, de quem me agrado. Mt 3.16-17


“A primeira testemunha foi João Batista, uma candeia que ardia e iluminava, a segunda foram as obras do próprio Jesus, a terceira foi o Pai e a quarta testemunha, o ápice na progressão do argumento de Jesus, são as Escrituras.”
CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p.17


QUARTA TESTEMUNHA: AS ESCRITURAS1

Vós examinais as Escrituras, pois julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida! Jo 5.39-40


Jesus aponta as Escrituras como a quarta testemunha do Seu ministério. E aqui vale mencionar uma questão que pode passar desapercebida por muitos: De quais “Escrituras” Jesus estava falando?

Ao contrário do que possa parecer, naquele momento histórico Jesus não estava falando do Novo Testamento. Jesus estava no início do seu ministério terreno e, por óbvio, o Novo Testamento ainda não havia sido escrito.

Logo, as “Escrituras” às quais Jesus se refere são especificamente o Antigo Testamento, que já havia sido escrito e que era constantemente lido e estudado pelos judeus, e notadamente pelos maiores opositores de Cristo, os fariseus, os doutores da lei.

É evidente que o Novo Testamento também é a Palavra revelada de Deus e também dá testemunho de Jesus, mas, repita-se, naquele momento histórico Cristo se referiu ao Antigo Testamento como testemunha do seu ministério.

“Todas as Escrituras – e Jesus estava se referido especificamente ao Antigo Testamento – dão testemunho de Jesus. Em outras palavras, o que Jesus está de fato dizendo é isto: “É impossível que vocês leiam estas palavras sem ler sobre mim. É impossível que leiam a Lei sem ler sobre mim. É impossível que leiam os Escritos sem ler sobre mim. É impossível que leiam os Salmos sem ler sobre mim. É impossível que leiam os Profetas sem ler sobre mim.”
“São elas que dão testemunho de mim”. A testemunha definitiva, culminante e comprobatória são as Escrituras. Por isso, um povo versado nas Escrituras precisava estar preparado para Cristo. Eles precisavam estar à sua espera. Precisavam estar à sua procura e ansiando por ele. Precisavam estar preparados para a sua vinda, pois o Antigo Testamento, de modo constante, contínuo, cumulativo e coerente, dá testemunho de Cristo.”
CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p.18


Apesar de ter apresentado quatro testemunhas de Seu ministério, Jesus condena o povo por ter se recusado a ver, ouvir e crer nelas.

Da mesma forma, muitas pessoas atualmente estudam as Escrituras na busca de um Cristo subserviente aos seus próprios interesses, pronto para operar sinais e prodígios que atendam suas necessidades.

Para tais pessoas, o Antigo Testamento se torna um problema, por não se encaixar na sua religiosidade pragmática e triunfalista, na qual algo é classificado como bom se atender aos interesses dos mesmos, e o evangelho é o meio para se alcançar êxito (vitória) em todas as áreas da vida, sendo que qualquer contratempo provêm das forças inimigas que lutam pela “derrota” do “evangélico”.

O “problemático” Antigo Testamento é, então, geralmente, tratado de duas formas: ou é rejeitado ou é mau utilizado.


FORMAS EQUIVOCADAS DE LIDAR COM O ANTIGO TESTAMENTO1:

REJEIÇÃO

- O Antigo Testamento é a “Bíblia Hebraica”;

- O Antigo Testamento apresenta uma divindade diferente do Novo Testamento. O “deus” do A.T. é um guerreiro sanguinário que mata os adversários do seu povo, enquanto o “deus” do N.T. é um pai amoroso e perdoador, sempre pronto a acolher todos que o procuram e atender seus interesses/pedidos;

- O Antigo Testamento contém a história do povo de Israel, e deve ser lido apenas como um livro histórico;

- O Antigo Testamento foi totalmente substituído pelo Novo Testamento;

- O Antigo Testamento contém passagens moralmente ofensivas e inadequadas aos dias atuais (ex: a história do Dilúvio ou o assassinato dos inimigos do povo de Israel pelo próprio Deus).

MAU USO:

- Citar o Antigo Testamento apenas para explicar o contexto histórico de um acontecimento do Novo Testamento;

- Estudar o Antigo Testamento apenas de uma perspectiva moral: faça isso, não faça aquilo.

“O moralismo é o modo automático dos pregadores. É completamente natural. Mas instrui terrivelmente mal a congregação. Deforma de modo horrível sua compreensão do evangelho, pois lhes diz exatamente aquilo que querem ouvir: que podem agradar a Deus pelo aperfeiçoamento moral. Mas o moralismo não é capaz de salvar. Temos que ir além disso, se quisermos escapar à censura de Cristo: “...se crêsseis em Moisés, creríeis também em mim...” (Jo 5.46).”
CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p.27


1Extraído e adaptado de: CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p. 14-27


ABORDAGEM CORRETA DO ANTIGO TESTAMENTO:

Vejamos agora como o Antigo Testamento é testemunha da pessoa e do ministério de Cristo, conforme por Ele mesmo afirmado.

REVELAÇÃO DIVINA PROGRESSIVA

“Há uma concordância geral entre os estudiosos e leitores do Antigo Testamento de que aquilo que está registrado nele pode ser chamado de revelação. Falando simplesmente, as pessoas concordam que o termo revelação é o termo correto quando está se referindo ao conteúdo do Antigo Testamento. A revelação acontecia quando havia uma manifestação do que estava na mente do nosso Deus trino. Revelar quer dizer descobrir o que está escondido. É abrir a mente e o coração e expressar o que está neles. Esse conteúdo expressado é revelação quando não era conhecido antes que a abertura ou atividade reveladora acontecesse. Para resumir, poderia dizer que a revelação se refere ao que é novo ou desconhecido. Não era conhecido, nem percebido, nem considerado antes que fosse revelado.”
Gerard Van Groningen. O progresso da revelação no Antigo Testamento; tradução Sachudeo Persaud. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, pág. 13


Revelação: manifestação de Deus a fim de permitir aos homens que conheçam algo a Seu respeito.

Toda a revelação dada por Deus está encerrada nas Escrituras Sagradas.

Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. II Tm 3.16,17

Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Mt 22.29


A revelação foi dada por Deus de forma progressiva, com início na criação.

“O relato da criação em Gênesis um e dois revela duas realidades muito importantes. Primeira, deve ser compreendido e aceito que as palavras de Yahweh Deus não eram meras expressões verbais. As palavras divinas foram faladas com habilidade e poder. O que Deus disse se tornou realidade. Quando ele falou, ele fez, produziu, separou, formou e revelou os propósitos e metas daquilo que ele trouxe à existência ao falar.
Em segundo lugar, Yahweh revelou ordem conforme ele progredia em suas palavras e seus atos de criação. Por exemplo, o homem, a mais alta e mais complicada realidade criada por Deus, não foi verbalizado e trazido em existência primeiro. Antes, as necessidades básicas para cada estágio criado foram produzidas em primeiro lugar. Luz e céu precederam mares e terra. Isto estabeleceu o contexto para a criação de todos os tipos de vegetação. Estes por sua vez tinham necessidade dos corpos celestiais que produziam luz – o Sol e a Lua. Estes também regulavam dia e noite. Então, o contexto estava pronto para seres que respiram e comem: animais para habitar a terra e peixes para as águas. Quando o progresso foi completado: aqueles que carregavam a imagem de Yahweh Deus, seus vice-gerentes, tinham o ambiente perfeito em que podiam viver e atuar em obediência. Deveras, havia progresso na criação, sendo que progresso na revelação havia precedido cada ato de criação. O último ato de criação foi necessário para o homem efetuar seus deveres divinamente entregues. A semana foi estabelecida – seis dias para trabalhar, um dia para descansar e adorar.”
Gerard Van Groningen. O progresso da revelação no Antigo Testamento; tradução Sachudeo Persaud. São Paulo: Cultura Cristã, 2006, pág. 22-23


A UNIDADE DOS TESTAMENTOS

A revelação divina progressiva ao longo das Escrituras Sagradas demonstra, também, a unidade existente entre os Testamentos.

Calvino explica esta questão com muito cuidado, a fim de refutar os argumentos contrários e esclarecer a mente das pessoas quanto à importância do Antigo Testamento como Palavra relevada de Deus.

Eis os pontos enumerados pelo reformador suíço:

1- A unidade em termos das promessas da vida futura;
2- A unidade em termos da salvação em Cristo e sua mediação;
3- A unidade em relação aos sinais do pacto, especialmente os sacramentos.

“Em três pontos, especialmente, se deve, porém, aqui insistir. Primeiro, sustentemos que a meta proposta aos judeus não foi opulência carnal e felicidade, a que orgulhosamente aspiravam, mas, ao contrário, que foram eles adotados à esperança da imortalidade e que a realidade desta adoção lhes foi certificada, seja por divinas comunicações, seja pela lei, seja pelos profetas. Segundo, que o pacto mediante o qual foram coligados ao Senhor não se fundamenta em quaisquer méritos seus, mas unicamente na misericórdia de Deus, que os chamou. Terceiro, que eles não só tiveram, mas também conheceram a Cristo como o Mediador, por meio de quem tanto fossem unidos a Deus, quanto fossem eles possuidores de suas promessas.”
CALVINO, J. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. Volume 2. p. 187.


1- A unidade em termos das promessas da vida futura:

O apóstolo Paulo expôs esse ponto logo no início de sua carta à Igreja de Roma:

Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus, que ele antes havia prometido pelos seus profetas nas santas Escrituras, acerca de seu Filho, que, humanamente, nasceu da descendência de Davi, e com poder foi declarado Filho de Deus segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dentre os mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor. Rm 1.1-4


O Cristo prometido no Antigo Testamento pelo Criador, pregado pelos profetas e cantado nos salmos é o mesmo do Novo Testamento, o unigênito Filho de Deus, poderoso redentor do seu povo. Essa era a promessa que aquecia os corações do povo de Israel e que os motivava a esperar o cumprimento da Grande Promessa de Deus, o Messias.


2- A unidade em termos da salvação em Cristo e sua mediação:

A promessa de salvação contida em ambos os Testamentos está fundamentada na obra redentora de Cristo, conforme afirmado por Ele mesmo a respeito de Abraão.

Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se. Jo 8.56

“Abraão previu a chegada de Cristo, ainda que de uma perspectiva limitada, e pela fé aceitou muitas promessas dadas por Deus, promessas estas que só poderiam se cumprir por meio da vinda de Cristo. Uma vez que o contexto dessa discussão se refere a Satanás como assassino e a Jesus como aquele cuja morte substitutiva liberta as pessoas da morte, pode haver uma referência especial à provisão de Deus de um cordeiro como substituto para o sacrifício de Isaque (Gn 22). Essa declaração deixa claro que, até mesmo no período do Antigo Testamento, os que criam não eram salvos à parte de Jesus Cristo, mas mediante a fé em Cristo, que estava presente para eles pelos meios prefigurados que Deus forneceu na lei e nos atos históricos.”
BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª edição, 2009. p. 1389


3- A unidade em relação aos sinais do pacto, especialmente os sacramentos:

A união dos Testamentos também é demonstrada pela correlação íntima entre os sacramentos, pois a circuncisão e a Páscoa apontavam diretamente para o batismo e a Ceia do Senhor que os substituiriam no momento histórico devido. Aqui também se percebe a revelação divina progressiva.


DIFERENÇAS ENTRE AS CIRCUNCISÕES
ANTIGA DISPENSAÇÃO
NOVA DISPENSAÇÃO
Realizada pela mão humana
Realizada pelo Espírito Santo
É de caráter externo
É de caráter interno
É removida a pele
É removido o velho homem
Circuncisão mosaica
Circuncisão de Cristo


A Páscoa apontava para o sacrifício substitutivo de Cristo
Cordeiro macho e sem defeito     (v. 5)
Cristo é o nosso cordeiro pascal    (I Co 5:7)
Exigia sangue para salvação
(v. 13, 27)
O sangue de Cristo é a nossa salvação
Pães asmos e ervas
amargas (v. 8)
Devemos lançar fora o velho fermento (I Co 5:8)
Não deveriam quebrar os ossos do animal (v. 9)
Cristo não teve ossos quebrados (Jo 19:36)
Lombos cingidos, sandálias nos pés, cajado na mão (v. 11)
O sacrifício de Cristo é nossa libertação (Rm 6:11)
Celebração por todas as gerações (v. 14)
A salvação é a nossa maior alegria



















CONCLUSÃO

Logo no início do ministério, o Senhor Jesus ocupou-se em comprovar ao povo a veracidade das suas obras e do seu poder, por meio das testemunhas do Seu chamado. Essas testemunhas são: João Batista, as obras de Cristo, o Pai e as Escrituras Sagradas.

Apesar disso, o povo rejeitou tanto as testemunhas como o próprio Jesus, pois eles procuravam uma divindade que atendesse seus interesses pessoais por meio de sinais e prodígios e lhes garantisse sucesso na vida diária.

Essa rejeição continua em nossos dias, e leva muitas pessoas a enxergarem o Antigo Testamento como um problema, pois ele não contém o tipo de divindade que elas procuram. Assim, essas pessoas tomam duas atitudes, igualmente equivocadas: ou rejeitam o Antigo Testamento ou o interpretam da forma equivocada.

A forma correta de abordagem do Antigo Testamento requer que se tenha em mente a revelação divina progressiva, por meio da qual se compreende que Deus se revelou de forma constante e progressiva aos homens, e o exemplo mais claro disso é a própria ordem da criação (Gn 1-2).

Ademais, os Testamentos estão inseparavelmente unidos em todos os aspectos essenciais da obra redentora de Cristo: nas promessas da vida futura, na salvação em Cristo e sua mediação e nos sinais do pacto, especialmente nos sacramentos.

Por todos esses argumentos, conclui-se definitivamente que as Escrituras Sagradas do Antigo e do Novo Testamento são a Palavra revelada de Deus para a salvação do seu povo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª edição, 2009. 1920p.

CALVINO, J. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. Volume 2. 285 p.

CARSON, D.A. As Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento; tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. 224 p.

VAN GRONINGEN, G. O progresso da Revelação no Antigo Testamento; tradução de Sachudeo Persaud. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. 253 p.

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