- Explicação do
termo
- Revelação divina
- Deus não se
afastou dos pecadores
- Maldições
pronunciadas e mitigadas
- Respostas
humanas
- A revelação das
virtudes de Deus
- Integridade
- Justiça
- Misericórdia
- Graça
- O
estabelecimento da antítese (oposição)
- Conclusão
- Referências
bibliográficas
EXPLICAÇÃO DO TERMO
1. Protoevangelho
Proto = Início,
primeiro.
Evangelho = Do
Grego (evangelion), significa "Boa Notícia", "Boa
Nova", "Boa Mensagem", "comunicação de Deus aos
homens".
A palavra
proto-evangelho define a primeira comunicação de Deus com os homens em Gênesis
3:15.
Extraído de: http://www.dicionarioinformal.com.br/protoevangelho/.
Acessado em 15 de agosto de 2015.
“(...) A mensagem tem
sido considerada a primeira revelação redentora (ou evangelho) no Antigo
Testamento embora muitos escritores críticos não concordem e alguns escritores
evangélicos tenham expressado alguma incerteza. A primeira mensagem da redenção
não foi somente a respeito da atividade redentora messiânica e da vitória
assegurada, mas também incluiu a revelação com respeito à antítese divinamente
estabelecida, concernente ao juízo certo que aguarda Satanás. (...)”
VAN GRONINGEN, G.
Criação e Consumação. Volume I; tradução de Denise Meister. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. p.134
“(...) O texto de Gênesis
3.15 pode ser considerado a mais antiga promessa de Deus ao homem caído. Depois
do pecado e antes de qualquer outra providência histórica, o Senhor Deus
prometeu ao homem e à mulher que o seu resgate viria do seu Descendente. (...)”
Extraído de: http://www.monergismo.com/textos/teologia_pacto/cristo_adamico_nepomuceno.htm.
Acessado em 15 de agosto de 2015.
REVELAÇÃO DIVINA1
Deus não se
afastou dos pecadores
Gn 3.1-7
apresenta o relato da queda do homem e da mulher, ao desobedecerem a ordem de
Deus e comerem do fruto da árvore do bem e do mal. Eles perceberam que estavam
nus e se esconderam.
Apesar disso,
Deus não se afastou do jardim e das suas criaturas. Como fazia regularmente,
Deus foi ao encontro do homem e da mulher.
“O jardineiro não
abandonou o seu jardim.”
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. p.15, comentário sobre Gn 3.8
Maldições
pronunciadas e mitigadas
Como consequência
do pecado, Deus pronunciou maldições para o homem, a mulher e a serpente.
“(...) Quando Deus Yahweh
pronunciou uma maldição, ele reteve aqueles que estavam sob sua ira e os removeu
da esfera de bênção ou removeu as bênçãos deles. (...) Mas a maldição não era
absoluta em todos os casos; na verdade, era uma maldição mitigada na maioria
dos casos. (...)”
VAN GRONINGEN, G.
Criação e Consumação. Volume I; tradução de Denise Meister. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. p.137
Então, o SENHOR Deus
disse à serpente: Visto que isso fizeste, maldita és entre todos os animais
domésticos e o és entre todos os animais selváticos; rastejarás sobre o teu
ventre e comerás pó todos os dias da tua vida. Porei inimizade entre ti e a
mulher, entre a tua descendência e o teu descendente. Este te ferirá a cabeça,
e tu lhe ferirás o calcanhar. Gn 3.14-15.
A serpente foi
condenada a mover-se sobre o seu próprio ventre e a ter a cabeça próxima ao
chão, tendo que suportar o pó em sua boca e narinas.
O pó é
apresentado como símbolo de humilhação nas Escrituras.
Pois a nossa alma está
abatida até ao pó, e o nosso corpo, como que pegado ao chão. Sl 44.25
Apesar de
terrível, essa maldição não era absoluta. Embora a serpente não pudesse
evitá-la, a maldição era mitigada porque a serpente ainda teria vida, alimento
e movimento.
A maldição também
foi dirigida a Satanás, que no tempo devido seria completamente dominado e
derrotado. Mas, até lá, haveria uma inimizade crescente entre as descendências
da mulher e da serpente.
Posteriormente,
veremos como a descendência da serpente tentou eliminar a descendência da
mulher, a fim de evitar que O descendente prometido viesse ao mundo. Essas
tentativas foram frustradas, e o Messias nasceu, sofreu como nenhum outro (teve
o calcanhar ferido), mas triunfou em sua obra redentora e esmagou a cabeça da
serpente.
E à mulher disse:
Multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás
à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará. Gn 3.16
A mulher recebeu
um castigo e uma repreensão dados por Deus. O castigo foi sofrer grande dor na
gestação e no nascimento dos filhos, o que se estenderia no processo de criação
deles. Esse castigo foi mitigado porque a mulher ainda podia ter filhos e
porque um dos descendentes da mulher seria o Messias prometido, que esmagaria a
cabeça da serpente. Cada filho que nascia era a renovação da esperança de ser
este o Prometido. Por isso, a esterilidade também era vista como maldição da
parte de Deus para a mulher.
A mulher foi
criada para ser auxiliadora do homem, mas não agiu dessa forma na queda. Por
isso, ela foi repreendida por Deus a retomar a função para o qual havia sido
criada.
E a Adão disse: Visto que
atendeste a voz da tua mulher e comeste da árvore que eu te ordenara não
comesses, maldita é a terra por tua causa; em fadiga obterás dela o sustento
durante os dias da tua vida. Ela produzirá também cardos e abrolhos, e tu comerás
a erva do campo. No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que tornes à
terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó voltarás. Gn 3.17-19
Adão recebeu uma
repreensão por ter ouvido a voz da mulher em lugar da voz de Deus, que ordenara
não comer do fruto daquela árvore.
O local de
trabalho de Adão (a terra) foi amaldiçoado, e a partir de então o sustento
seria obtido com dificuldade, com trabalho doloroso. O trabalho não seria uma
maldição, mas sim o sofrimento e a frustração no trabalho.
As Escrituras
afirmam que todo o cosmos, toda a criação sofreria com os efeitos dessa
maldição.
Porque sabemos que toda a
criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. Rm 8.22
Apesar de duras,
tais maldições também foram mitigadas, pois o homem não foi separado do seu
local de trabalho e da sua fonte de sustento.
“(...) Resumindo, nossa
discussão sobre as maldições que Deus Yahweh pronunciou quando Adão, Eva e Caim
o desobedeceram, podemos dizer que Deus deu uma sentença de morte para Satanás,
a mulher, o homem e o filho. A morte deve ser entendida no sentido de ser
colocado sob a ira de Yahweh contra o pecado; a morte representava graus de
separação da fonte da vida e das bênçãos enriquecedoras; a morte representava
eventualmente a separação final e total de Deus Yahweh. Esta morte, i.e., a
separação e sua destruição resultante, é a sentença que Deus Yahweh, o Senhor
soberano, pronunciou como Juiz. Esta sentença de julgamento seria sobre todo o
cosmos e seus habitantes até que a pena completa exigida para a remoção do
julgamento fosse paga. (...)”
VAN GRONINGEN, G.
Criação e Consumação. Volume I; tradução de Denise Meister. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. p.140
Respostas humanas
O protoevangelho
não caiu em ouvidos surdos. Apesar de não terem respondido diretamente a Deus,
tanto o homem como a mulher tiveram atitudes que expressaram gratidão a Deus
pela redenção prometida no momento mais terrível da história humana.
E deu o homem o nome de
Eva a sua mulher; por ser mãe de todos os seres humanos. Gn 3.20
“3.20 E deu... o nome.
Adão acrescentou um nome pessoal à designação genérica “varoa” que definiu o
destino dela. Eva. Quando Adão chamou a sua esposa de “varoa”, ele,
implicitamente, reconheceu a igualdade entre eles (2.23). Aqui, ao chamá-la
Eva, Adão novamente exerceu sua autoridade sobre ela, mas o nome dado honrou-a
como a mãe de toda a humanidade. Adão exerceu a sua autoridade duas vezes para
exaltar sua esposa e não para subjugá-la. seres humanos. Adão mostrou a
sua restauração a Deus ao crer na promessa de que a mulher teria filhos,
incluindo o descendente que derrotaria Satanás.”
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. p.16, comentário sobre Gn 3.20
Coabitou o homem com Eva,
sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão
com o auxílio do SENHOR. Gn 4.1
Semelhantemente a
Adão, Eva fez uma declaração de fé na promessa divina de redenção quando teve
seu primogênito. Ela reconheceu que a manutenção da semente da mulher era o
cumprimento da promessa de Gn 3.15, e louvou a Deus na esperança de que aquele
filho fosse o Messias prometido.
Como dito, essa
era a esperança de todas as filhas de Deus ao darem à luz a seus filhos.
A REVELAÇÃO DAS VIRTUDES DE DEUS1
Como dito na aula
anterior, Deus se revela ao homem no transcurso da história de forma
progressiva. O relato da criação transcrito em Gênesis 1 e 2 revela alguns
atributos de Deus, quais sejam: majestade, soberania, infinidade, santidade,
onipotência, liberdade, sabedoria, bondade e amor.
A passagem de Gn
3.8-4.25 revela atributos divinos até então desconhecidos dos homens:
integridade, justiça, misericórdia e graça.
“(...) As virtudes de
Yahweh, conforme reveladas por meio do que ele prometeu e fez, ajudam seu povo
crente a entender de forma mais completa o que Yahweh pretendeu e, realmente
introduziu no decurso da história após a entrada da rebelião e do pecado.
(...)”
VAN GRONINGEN, G.
Criação e Consumação. Volume I; tradução de Denise Meister. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. p.145
Integridade:
Em Gênesis 1 e 2,
Deus revelou sua vontade para a humanidade, que pode ser resumida em três
mandatos*:
- Mandato
Cultural: relacionamento com a criação
- Mandado Social:
constituição e criação da família
- Mandato
Espiritual: adoração a Deus e obediência
à sua Palavra
*Sobre o tema,
sugiro a leitura: http://ipdepiripiri.blogspot.com.br/2014/12/os-mandatos-criacionais.html
Adão e Eva sabiam
perfeitamente qual era a vontade de Deus para eles, não havia dúvida. Apesar
disso, eles desobedeceram.
A integridade de
Deus é revelada pelo fato de o próprio Criador ter garantido a manutenção da
sua lei e da sua Palavra, ou seja, a queda do homem não provocou mudanças nos
planos divinos.
Justiça:
“mas da árvore do
conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comerdes,
certamente morrerás” Gn 2.17
Deus se revelou
como Justo Juiz ao punir o homem, a mulher e a serpente após a queda. Da forma
como havia sido advertido, o homem realmente morreu após a queda: foi excluído
da comunhão com seu Criador (morte espiritual) e iniciou o processo de envelhecimento
(morte física).
“(...) A justiça de Deus
é a característica de sua natureza que o leva a manter a ideia da sua
santidade. A justiça preserva intacta a noção de que Deus é absolutamente santo
e não pode ser manchado ou provocado pelos seres humanos e angélicos sem que
haja uma resposta punitiva da sua parte. (...)”
CAMPOS, H.C. O
Ser de Deus e seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p. 340
“(...) Deus não aplicou a
lei caprichosamente e com zelo exagerado, nem mostrou parcialidade por meio de
uma aplicação limitada. Ele cumpriu sua vontade revelada; ele executou o que
havia avisado que iria acontecer. Adão e Eva morreram espiritualmente; seu
relacionamento de vida/amor com Deus Yahweh estava quebrado; eles foram
alienados dele. Demonstraram este relacionamento quebrado e a separação por
meio do reconhecimento da sua nudez, sentindo-se envergonhados, ficando com
medo e até escondendo-se. E, fisicamente, o processo de retorno ao pó havia
começado. Desse modo, Deus revelou sua justiça; ele atuou de acordo com sua
própria natureza e vontade revelada (lei) e levou a efeito as consequências da
desobediência a essa vontade. (...)”
VAN GRONINGEN, G.
Criação e Consumação. Volume I; tradução de Denise Meister. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. p.146
Misericórdia:
A compreensão
popular da misericórdia divina é expressa da seguinte forma: “Deus não deu ao
homem aquilo que ele merecia”. Deus revelou sua misericórdia ao homem durante
toda a narrativa da Queda:
- ao ir
encontrar-se com o homem, que estava envergonhado, temeroso e escondido após o
pecado;
- ao manter a
mulher fértil;
- ao prometer o
Salvador que nasceria da descendência da mulher;
- ao assegurar ao
homem o trabalho como forma de se sustentar e de cumprir o mandato social de
povoar a terra.
Como resumo,
tem-se que todas as maldições anunciadas por Deus foram mitigadas exatamente
pela revelação da sua misericórdia.
Graça:
A graça é
definida como “o favor imerecido de Deus para com as criaturas caídas”.
Enquanto por misericórdia Deus não nos dá o que merecemos (= condenação), por
graça Deus nos dá aquilo que não merecemos (= perdão e salvação).
Deus se revelou
gracioso após o pecado do homem, pois prometeu que O descendente da mulher
suportaria a ira divina como consequência da Queda, e, por meio desse
sofrimento, tornaria seus filhos livres e santos, aptos a viverem a vida com
gratidão e em obediência ao Senhor.
O momento mais
terrível da história da humanidade foi também o momento de maior esperança,
pois o Salvador do mundo foi anunciado pela primeira vez ao homem, única e
exclusivamente pela graça soberana de Deus.
O ESTABELECIMENTO DA ANTÍTESE (OPOSIÇÃO)1
Como vimos, após
o pecado, Deus revelou “novos” atributos ao homem e prometeu o Redentor que
esmagaria a cabeça da serpente. Entretanto, até o cumprimento dessa promessa,
os descendentes da mulher e da serpente deveriam “conviver” no mesmo espaço do
cosmos criado por Deus.
Apesar de terem
que dividir o mesmo espaço geográfico, as duas sementes foram separadas por uma
linha divisória extremamente grande, um verdadeiro abismo:
- Descendentes da
mulher: maldições mitigadas, Redentor prometido, salvação futura e certa.
- Descendentes da
serpente: maldições mitigadas, sem redenção, condenação futura e certa.
Essa divisão
existente entre as duas sementes é chamada de antítese (oposição). Esses dois
grupos são absolutamente opostos e não há possibilidade de que um componente
seja transferido ou consiga por si próprio mudar de um grupo para o outro.
E exatamente por
não haver salvação para a semente da serpente é que ela tenta a todo custo
destruir a semente da mulher, o que pode ser visto ao longo de todo o Antigo
Testamento.
Essa também é a
realidade vivida pelo povo de Deus atualmente. Apesar de Jesus Cristo já ter se
encarnado, morrido e ressuscitado, a semente da serpente ainda tenta prejudicar
a semente da mulher de todas as formas possíveis, a fim de atrapalhar seu
relacionamento com o Senhor Deus.
“(...) O protoevangelho
incluiu a confirmação de Deus Yahweh de que a inimizade dividiria a humanidade
e que os grupos opositores dentro da humanidade seriam tão antitéticos um ao
outro com Deus Yahweh era a Satanás. O protoevangelho também incluiu uma
declaração definitiva a respeito do envolvimento da humanidade na situação
antitética. Receber a graça e a misericórdia salvadoras envolveria receber uma
“ferida no calcanhar” à medida que a maldição mitigada sobre Adão, Eva e o solo
era executada. E o protoevangelho proclamava a vitória certa da semente da
mulher e a continuidade assegurada do reino cósmico de Deus Yahweh, dentro do
qual o reino parasita de Satanás existiria e seria ativo. O protoevangelho
também implicava aquilo que seria o fator principal no curso assegurado da
história – a tensão, a batalha e o resultado da história que Deus determinava.
(...)”
VAN GRONINGEN, G.
Criação e Consumação. Volume I; tradução de Denise Meister. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. p.159
1Extraído e
adaptado de: VAN GRONINGEN, G. Criação e Consumação. Volume I; tradução de
Denise Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. p.133-161
CONCLUSÃO
O protoevangelho
é a primeira revelação divina sobre o Redentor que nasceria da semente da
mulher e esmagaria a semente da serpente.
Deus não
abandonou o homem após a Queda, pois Ele foi ao seu encontro. Deus proferiu
maldições à serpente, a Satanás, à mulher, ao homem e ao solo. Apesar de
terríveis, as maldições foram mitigadas, ou seja, não foram tão duras como
poderiam ter sido.
Apesar de não
terem respondido diretamente a Deus no momento das maldições, posteriormente
Adão e Eva demonstraram fé na promessa divina da redenção.
As ações de Deus
nesse momento histórico revelaram ao homem atributos até então “desconhecidos”:
integridade, justiça, misericórdia e graça.
O protoevangelho
revela a existência de duas sementes totalmente distintas: a semente da mulher,
que passou a viver na esperança do Redentor e vive hoje na esperança da
redenção final, e a semente da serpente, para a qual nunca houve esperança, e
que tenta a qualquer custo prejudicar o relacionamento de Deus com seus filhos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. 1920p.
CAMPOS, H.C. O
Ser de Deus e seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã, 2002. 432 p.
VAN GRONINGEN, G.
Criação e Consumação. Volume I; tradução de Denise Meister. São Paulo: Cultura
Cristã, 2002. 654 p.
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