AULA 11
A CEIA DO SENHOR:
SINAL E SELO DO
PACTO DA GRAÇA;
REQUISITOS PARA A
PARTICIPAÇÃO.
INTRODUÇÃO
- O que significa
a Ceia do Senhor como sinal do pacto da graça?
- O que significa
a Ceia do Senhor como selo do pacto da graça?
- Quem pode
participar da Ceia do Senhor?
- Quem está
impedido de participar da Ceia do Senhor?
O que significa a Ceia do Senhor como sinal do
pacto da graça?
- Simboliza a morte do Senhor.
Enquanto comiam,
tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partir, e o deu aos discípulos, dizendo:
Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice, e, tendo
dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é
o meu sangue, o sangue da (nova) aliança, derramado em favor de muitos,
para remissão de pecados. Mt 26:26-28
Porque todas as
vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do
Senhor, até que ele venha. I Co 11:26
- Simboliza a
participação do crente no Cristo crucificado.
Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do
Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Jo 6:53
“Na celebração da
Ceia do Senhor, os participantes não ficam apenas a olhar para os símbolos, mas
os recebem e se alimentam deles. Falando figurativamente, eles comem a carne do
Filho do homem e bebem o Seu sangue, Jo 6:53, isto é, assimilam simbolicamente
os benefícios assegurados pela morte sacrificial de Cristo.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 600
“Ora, não nos
alimentamos correta e salvificamente de Cristo a não ser crucificado, quando
apreendemos em vivo senso a eficácia de sua morte. Porque ele se proclamou o
pão da vida, não em virtude do sacramento, como muitos viciosamente o
interpretam, mas, ao contrário, porque ele nos foi dado como tal pelo Pai, e
como tal se nos mostrou quando se fez participante de nossa mortalidade humana,
e nos fez participantes de sua imortalidade divina; quando, oferecendo-se em
sacrifício, em si levou nossa maldição, para que nos inundasse de sua bênção;
quando, por sua morte, tragou e aniquilou a morte; quando, em sua ressurreição,
alcançou a glória e incorrupção para esta nossa carne corruptível da qual se
revestira.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 346
- Simboliza a
vida, força e alegria espirituais recebidas pelo crente.
“Precisamente
como o pão e o vinho nutrem e fortalecem a vida corporal do homem, assim Cristo
sustenta e revigora a vida da alma. Segundo as descrições normais da Escritura,
os crentes têm sua vida, e força, e felicidade, em Cristo.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 600
“Depois que Deus
uma vez nos recebe em sua família, não meramente para que nos tenha na função
de servos, mas no lugar de filhos, para que cumpra o papel de ótimo e solícito
pai de sua progênie, assume também a função de nutrir-nos continuamente no
curso da vida. Tampouco quis com isso contentar-se em nos dar um penhor para
tornar-nos mais certos desta sua contínua liberalidade. Portanto, foi para este
fim que ele deu à sua Igreja, pela mão do Filho, Unigênito, outro sacramento, a
saber, um banquete espiritual, no qual Cristo se comprova ser o pão que gera
vida (Jo 6.51), pelo qual nossas almas são alimentadas para a verdadeira e
bem-aventurada imortalidade.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 343
- Simboliza a
união dos crentes uns com os outros.
Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque
todos participamos do único pão. I Co 10: 17
Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer
judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber
de um só Espírito. I Co 12:13
Como membros do
corpo místico de Jesus Cristo, constituindo uma unidade espiritual, eles comem
do mesmo pão e bebem do mesmo vinho, I Co 10:17, 12:13. Recebendo os elementos
uns dos outros, eles exercem íntima comunhão uns com os outros.
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 600
“Com efeito,
haveremos de usufruir de muito proveito no sacramento, se este pensamento for
impresso e insculpido em nossa mente: que não pode ser por nós ferido,
desprezado, rejeitado, injuriado, ou de qualquer modo ofendido, algum dentre os
irmãos, sem que, ao mesmo tempo, firamos a Cristo nisso, desdenhemos,
injuriemos com nossos agravos; tampouco nós podemos dissentir dos irmãos sem
que, ao mesmo tempo, dissintamos de Cristo; este não pode ser amado por nós sem
que seja amado em nosso irmãos; de tanto cuidado tomemos de nosso corpo, tal é
o que devemos tomar também dos irmãos, que são membros do nosso corpo; como
nenhuma parte de nosso corpo é ferida por alguma sensação de dor, que a todas
as demais não se difunda, assim não se pode permitir que um irmão seja afetado
de algum mal, de quem não sejamos também nós próprios tocados de compaixão. Por
este motivo, não sem causa, tantas vezes Agostinho chama a este sacramento o
vínculo do amor cristão.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 389
A Ceia do Senhor como sinal do pacto da graça:
- Simboliza a
morte do Senhor;
- Simboliza a
participação do crente no Cristo crucificado;
- Simboliza a
vida, força e alegria espirituais recebidas pelo crente;
- Simboliza a
união dos crentes uns com os outros.
O que significa a Ceia do Senhor como selo do
pacto da graça?
- Sela o grande amor de Cristo.
Cristo se rendeu a uma vergonhosa e amarga
morte pelos filhos de Deus. O crente participante da Ceia do Senhor foi,
pessoalmente, objeto desse amor incomparável.
Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Jo 3:16
Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E,
inclinando a cabeça, rendeu o espírito. Jo 19:30
- É a garantia
pessoal do cumprimento de todas as promessas da aliança.
A aliança feita por Deus com Adão foi
reafirmada por Jesus Cristo, de forma mais excelente, pois o próprio Cristo foi
o sacrifício.
Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no
decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua
descendência. Gn 17:7
A seguir, tomou um cálice, e, tendo dado graças, o deu aos discípulos,
dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da (nova) aliança, derramado em
favor de muitos, para remissão de pecados. Mt 26:26-28
- Garante a bênção
da salvação ao crente.
Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia. Jo 6:54
“Tão seguramente
como o corpo é alimentado e renovado pelo pão e pelo vinho, assim a alma que
recebe o corpo e o sangue de Cristo pela fé está agora de posse da vida eterna,
e com a mesma segurança a receberá mais abundantemente ainda.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 601
“No entanto,
grande fruto de confiança e satisfação podem as almas piedosas extrair deste
sacramento, porque nele têm o testemunho de nos havermos unido com Cristo em um
só corpo, de tal sorte que tudo quanto é dele, é lícito dizer que é nosso.
Daqui se segue que ousamos assegurar-nos com plena certeza ser nossa a vida
eterna da qual ele é o herdeiro; nem se pode eximir mais a nós o reino do céu
do que dele, no qual ele já entrou; por outro lado, não podemos ser condenados
por nossos pecados, de cuja culpa nos absolveu, quando ele os quis imputar a si
como se fossem seus.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 344
- É um selo
recíproco.
“É uma insígnia
de profissão da parte dos que participam do sacramento. Sempre que eles comem o
pão e bebem o vinho, professam sua fé em Cristo como seu Salvador, e sua
fidelidade a ele como o seu Rei, e solenemente se comprometem a uma vida de
obediência aos seus divinos mandamentos.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 601
A Ceia do Senhor como selo do pacto da graça:
- Sela o grande
amor de Cristo;
- É a garantia
pessoal do cumprimento de todas as promessas da aliança;
- Garante a bênção
da salvação ao crente;
- É um selo
recíproco.
Quem pode participar da Ceia do Senhor?
Catecismo de
Heidelberg, Pergunta 81: Quem deve ir à Santa Ceia? Aqueles que se aborrecem de
si mesmos por causa dos seus pecados, mas confiam que esses lhes foram
perdoados por amor de Cristo e que, também, as demais fraquezas são cobertas
por seu sofrimento e sua morte; que desejam, cada vez mais, fortalecer a fé e
corrigir-se na vida.
- Pessoas que se
aborrecem dos seus pecados;
- Confiam que seus
pecados foram perdoados por Cristo;
- Demonstram
sincero arrependimento dos pecados;
- Desejam aumentar
sua fé em Cristo.
Quem está impedido de participar da Ceia do
Senhor?
1- As crianças.
Porque elas não têm condições de “examinar-se”
e de “discernir o corpo”.
Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do
cálice; pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.
I Co 11:28-29
“As crianças,
embora tenham tido permissão para comer a páscoa nos tempos do Antigo
Testamento, não podem ter permissão para participar da mesa do Senhor, visto
não poderem satisfazer as exigências que se requerem para uma participação
digna. Paulo insiste na necessidade de autoexame antes da celebração, quando
diz: “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do
cálice”, 1Co 11.28, e as crianças não são capazes de examinarem-se a si mesmas.
Além disso, ele assinala que, para uma digna participação da Ceia, é necessário
discernir o corpo, 1Co 11.29, isto é, distinguir apropriadamente entre os
elementos utilizados na Ceia do Senhor e o pão e o vinho comuns, reconhecendo
aqueles elementos como símbolos do corpo e do sangue de Cristo. E isso também
está além da capacidade das crianças. Somente depois de terem elas atingido a
idade da discrição é que poderão participar da celebração da Ceia do Senhor.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 606
2- Os incrédulos
“Ainda que os
ignorantes e os ímpios recebam os elementos visíveis deste sacramento, todavia
não recebem a coisa por eles significada, mas, pela sua indigna participação,
tornam-se réus do corpo e do sangue do Senhor, para sua própria condenação.
Portanto, todos estes, como são indignos de gozar comunhão com o Senhor, são
também indignos da sua mesa, e não podem, sem grande pecado contra Cristo,
participar destes santos mistérios nem a eles ser admitidos, enquanto
permanecerem neste estado.”
Confissão de Fé
de Westminster, XXIX, VIII
“Os descrentes
que acaso haja dentro dos limites da Igreja não têm direito de participar da
mesa do Senhor. A Igreja já deve exigir de quantos desejem celebrar a Ceia do
Senhor uma confiável profissão de fé. Naturalmente, ela não pode enxergar o
íntimo do coração, e só pode basear seu julgamento a respeito de um candidato à
admissão, em sua confissão de fé em Jesus Cristo. É possível que ocasionalmente
admita hipócritas aos privilégios da plena comunhão, mas tais pessoas, se
participarem da Ceia do Senhor, somente comerão e beberão juízo para si mesmas.
E se sua descrença e irreligiosidade se evidenciar, a Igreja terá que
excluí-las pela adequada aplicação eclesiástica. É preciso defender a santidade
da Igreja e do sacramento.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 606
“Pois, tal gênero
de homens que, sem qualquer centelha de fé, sem qualquer sentimento de
caridade, ao tomar a Ceia do Senhor se atropela à maneira de porcos, mui longe
está de discernir o corpo do Senhor. Pois, até onde não creem ser esse corpo
sua vida, com a rebeldia com que podem o aviltam, despojando-o de toda sua
dignidade; e, por fim, ao recebê-lo assim o profanam e contaminam. Na extensão,
porém, em que, alienados dos irmãos e em desacordo com eles, ousam misturar o
sagrado símbolo do corpo de Cristo com suas dissensões, não se deve a eles que
o corpo do Senhor não seja rasgado e dilacerado, membro a membro.
Assim sendo, são
merecidamente réus do corpo e do sangue do Senhor, os quais, com sacrílega
impiedade, tão ignominiosamente maculam. Portanto, com esta indigna ingestão
trazem para si sua própria condenação.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 391
3- Os crentes verdadeiros, quando estiverem na
prática do pecado ou antes do arrependimento e da confissão sincera.
“Havia práticas
entre os coríntios que faziam da sua participação na Ceia do Senhor um
escárnio. Quando uma pessoa se sente conscientemente alheia ao Senhor ou aos
seus irmãos, não tem lugar próprio em uma mesa que fala de comunhão.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 606
CONCLUSÕES
- A
Ceia do Senhor como sinal do pacto da graça: simboliza a morte do Senhor; a
participação do crente no Cristo crucificado; a vida, força e alegria
espirituais recebidas pelo crente; a união dos crentes uns com os outros;
- A Ceia do Senhor como selo do pacto da
graça: sela o grande amor de Cristo; é a garantia pessoal do cumprimento de
todas as promessas da aliança; garante a bênção da salvação ao crente; é um
selo recíproco;
- Quem pode
participar da Ceia do Senhor: pessoas que se aborrecem dos seus pecados;
confiam que seus pecados foram perdoados por Cristo; demonstram sincero
arrependimento dos pecados; desejam aumentar sua fé em Cristo;
- Quem está impedido de participar da Ceia do
Senhor: as crianças; os incrédulos; os crentes verdadeiros, quando estiverem na
prática do pecado ou antes do arrependimento e da confissão sincera.
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