terça-feira, 8 de julho de 2014

O Batismo e a Ceia do Senhor - Aula 08 - O batismo e suas administração


AULA 08


O BATISMO E SUA ADMINISTRAÇÃO


Mt 28:16-20



INTRODUÇÃO

- Quem deve administrar o batismo?

- Em casos extremos o batismo pode ser realizado por qualquer pessoa?

- As pessoas que foram batizadas em outras Igrejas devem ser novamente batizadas?

- O que é essencial no simbolismo do batismo?

- A Bíblia ordena um modo específico de batismo?



Quem deve administrar o batismo?

Seguiram os onze discípulos para a Galileia, e para o monte que Jesus lhes designara. E, quando o viram, o adoraram, mas alguns duvidaram. Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século. Mt 28:16-20


- A ordem de ir, pregar e batizar foi dada por Jesus diretamente a seus discípulos (os apóstolos).

- A doutrina dos apóstolos deve ser ensinada e obedecida fielmente pelos cristãos (At 2:42).


“O elemento exterior, usado neste sacramento, é água, com a qual a pessoa é batizada em nome do Pai e do filho e do Espírito Santo, por um ministro do Evangelho, legalmente ordenado.”
Confissão de Fé de Westminster, XXVIII, II


“Nesta matéria é também preciso saber que é impróprio a pessoas particulares assumirem a administração do batismo, visto que este é um ofício do ministério eclesiástico, seja a ministração deste sacramento, como também a Ceia. Pois Cristo não deu mandamento a nenhum homem ou mulher que ministrasse o batismo; antes àqueles a quem ele constituíra apóstolos. E quando ordenou que os discípulos, na ministração da Ceia, fizessem o que haviam visto ser feito por ele, como ele próprio desempenhava o ofício de legítimo despenseiro, indubitavelmente quis que nisso imitassem seu exemplo.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 308



Em casos extremos o batismo pode ser realizado por qualquer pessoa?

Não.

“Não poucos se dão conta do grave dano ocasionado pela má compreensão daquele dogma: o batismo é necessário à salvação. Porque, se se admite que ninguém, se não é batizado, pode salvar-se, nossa condição será muito pior que a do povo judeu, posto que a graça de Deus seria mais limitada agora do que o fora no período da lei; e assim se poderia concluir que Cristo viera não para cumprir as promessas, mas para destruí-las, já que a promessa da salvação tinha força e virtude plenas antes do oitavo dia, antes do qual a ninguém podia circuncidar-se; e agora não a teria sem o auxílio do sinal.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 308


Igreja Católica: Defende o batismo como indispensável para a salvação. Por isso, admite a realização do batismo por leigos, em situações de extrema necessidade (ex: risco de morte).

Doutrina reformada: Reconhece o batismo como sinal e selo do pacto de Deus com seu povo; o batismo não é indispensável para a salvação. Somente admite a realização do batismo por ministros da Palavra (Mt 28:16-20).



As pessoas que foram batizadas em outras Igrejas devem ser novamente batizadas?

“Geralmente [as igrejas reformadas] reconheciam o batismo doutras igrejas, não excluindo os católicos romanos*, e também das diversas seitas, exceto no caso das igrejas e seitas que negavam a Trindade. Deste modo, recusavam-se a honrar o batismo dos socinianos e dos unitários. Em geral, consideravam como válido o batismo administrado por um ministro devidamente acreditado e em nome do Deus trino.”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 583

*A Igreja Presbiteriana do Brasil não aceita o batismo realizado pela Igreja Católica Apostólica Romana, por não considerá-la igreja genuinamente cristã (conforme decisão do Supremo Concílio de 21.07.2006).

Socinianos e unitários consideram que em Deus há uma única pessoa e que Jesus de Nazaré é um homem.



O que é essencial no simbolismo do batismo?

O batismo é sinal e selo do pacto de Deus conosco. Sinal externo da transformação interna operada por Deus (limpeza espiritual); selo de que somos filhos de Deus, e que o próprio Deus cumprirá fielmente sua promessa de estar sempre conosco, todos os dias, até a consumação do século.

At 2:38, 22:16; Rm 6:4-5; I Co 6:11; Tt 3:5; Hb 10:22; I Pe 3:21; Ap 1:5



A Bíblia ordena um modo específico de batismo?

Não.

“Quer a pessoa que está sendo batizada seja totalmente imersa, e que seja uma vez só ou três, ou se ela é apenas aspergida com água, isso é de bem pouca importância; antes, as igrejas devem ter a liberdade de adotar um ou outro modo, em conformidade com a diversidade climática, ainda que seja evidente que o termo batizar significa imergir, e que esta forma foi observada na Igreja primitiva.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 307


“A opinião geralmente predominante fora dos círculos batistas ou imersionistas é que, desde que a ideia fundamental, a saber, a de purificação, ache expressão no rito, o modo do batismo é deveras insignificante. Pode ser igualmente ministrado por imersão, derramamento, afusão ou asperão. A Bíblia simplesmente emprega a palavra genérica para denotar uma ação destinada a produzir certo efeito, qual seja, limpeza ou purificação, mas em parte nenhuma determina o modo específico pelo qual o efeito há de ser produzido. Jesus não prescreve um determinado modo de batismo.”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 581



Por que os batistas defendem apenas o batismo por imersão?
           
Porque, para eles, o batismo simboliza a morte e ressurreição de Jesus Cristo, e a consequente morte e ressurreição do batizando com ele.

Mas, como já dito, a Bíblia não prescreve um modo específico de batismo, logo, a imersão não é o único modo próprio de batismo.

Justificativas:

1- O termo “bapto” não significa tão somente “imergir”, mas também “morrer”, “lavar”, “banhar-se”, “purificar mediante lavamento”.

2- Não há base bíblica para concluir qual foi o modo de batismo do Senhor Jesus Cristo (Mt 3:13-17).

3- Em vários textos bíblicos a purificação foi realizada por aspersão: Nm 8:7, 19:13, 18, 19, 20; Sl 51:7; Ez 36:25, Mc 7:3-4, Hb 9:10

4- Não há indícios de que os discípulos tenham utilizado modo de batismo (purificação) diferente do prescrito no Antigo Testamento, que era por aspersão.

5- Há fortes indícios de que vários batismos bíblicos foram feitos por asperão: multidões batizadas por João Batista (Mt 3:5-6), três mil pessoas batizadas em um só dia (At 2:41); Paulo batizado em casa (At 9:17-18), Cornélio e sua famílai (At 10:47-48), o carcereiro de Filipos e os presos (At 16:23-33).


Como a Igreja Presbiteriana do Brasil trata a questão?

Por todas as justificativas apresentadas, a Igreja Presbiteriana do Brasil utiliza a aspersão como forma de batismo, porém, reconhece como válidos os batismos (por imersão) realizados pelas igrejas batistas reformadas.

“Não é necessário imergir o candidato na água, mas o batismo é corretamente administrado derramando ou aspergindo água sobre a pessoa.”
Confissão de Fé de Westminster, XXVIII, III


“A imersão é um bom modo do batismo, mas também o é o batismo por afusão ou por aspersão, desde que todos eles simbolizam purificação. As passagens aludidas acima provam que muitas abluções veterotestamentárias (batismos) eram feitas por aspersão. Numa profecia a respeito da renovação espiritual do Dia do Senhor no Novo Testamento, diz o Senhor: “Então aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados, Ez 36:25. O elemento simbolizado no batismo, a saber, o Espírito purificador, foi derramado sobre a Igreja, Jl 2:28, 29; At 2:4, 33; E o escritor de Hebreus fala dos seus destinatários como tendo os seus corações purificados (aspergidos) de má consciência, Hb 10:22.”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 583



CONCLUSÕES

- O batismo somente pode ser realizado por um ministro do Evangelho legalmente ordenado;

- As Igrejas reformadas não reconhecem ou admitem nenhuma situação que justifique a realização do batismo por qualquer leigo;

- As pessoas que foram batizadas em Igrejas genuinamente evangélicas não necessitam ser batizadas;

- O batismo é sinal e selo do pacto de Deus conosco;

- A Bíblia não ordena um modo específico e exclusivo de batismo;

- A Igreja Presbiteriana do Brasil utiliza a aspersão como forma de batismo, porém, reconhece como válidos os batismos realizados pelas igrejas batistas reformadas.


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