AULA 09
O BATISMO
INFANTIL
INTRODUÇÃO
- Existe base
bíblica para o batismo infantil?
- Quais as
principais objeções ao batismo infantil?
- Qual a posição
dos padrões confessionais reformados?
- O batismo é meio
de graça também para as crianças?
- O batismo deve
ser ministrado a filhos de descrentes?
Existe base bíblica para o batismo infantil?
“Pode-se dizer de
início que não há nenhuma ordem bíblica expressa para batizar crianças, e que
não há um único exemplo no qual se nos diga claramente que crianças foram
batizadas. Mas isto não torna necessariamente antibíblico o batismo.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 584
Fundamentos bíblicos para a ministração do
batismo infantil:
1- A aliança feita com Abraão era
primariamente espiritual, da qual a circuncisão era sinal e selo.
Ex 2:24, Dt
10:16, Sl 105:9, Rm 4:16-18, Gl 3:8
2- A aliança feita com Abraão é idêntica à
“nova aliança” da nova dispensação.
-
mesmo Mediador: Jesus Cristo. At 4:12, 10:43, Gl 3:16, I Tm 2:5-6, I Pe 1:9-12
-
mesma condição: Fé. Gn 15:6, Sl 32:10, At 10:43, Rm 4:3, Hb 11
-
mesmas bênçãos: Justificação, regeneração, fé, vida eterna. Dt 30:6, Is 1:18,
Rm 4:9, Hb 4:9, 11:10
3- Pela determinação de Deus, as crianças
participavam dos benefícios da aliança e, portanto, recebiam a circuncisão como
sinal e selo.
- O povo de Deus
também é apresentado como nação no Novo Testamento. Mt 21:43, Rm 9:25,26 (ver
Os 2:23)
- As crianças eram
circuncidadas por ordem divina. Gn 17:9-14
- As crianças
estavam presentes na renovação da aliança. Dt 29:10-13, Js 8:35, II Cr 20:13
- As crianças
tinham seu lugar na congregação de Israel e participavam das assembleias
religiosas. II Cr 20:13, Jl 2:16
- As promessas de
Deus foram feitas às famílias. Is 54:13, Jr 31:34, Jl 2:28
- Jesus e os
apóstolos não excluíram as crianças. Mt 19:14, At 2:39, I Co 7:14
“Objetam que o
batismo é dado para a remissão dos pecados. Quando isso é concebido, nosso
ponto de vista é fortemente corroborado. Pois uma vez que nascemos pecadores,
temos a necessidade de remissão e perdão já desde o ventre materno. Ora, como o
Senhor afirma que quer ser misericordioso para com esta idade, por que vamos privá-los
do sinal da mesma, que é muito menos importante que a realidade que ele
significa? Por isso, o que se empenham em arremessar contra nós, precisamente
isso fazemos voltar contra eles mesmos: os pequeninos são agraciados com a
remissão dos pecados; por isso não devem ser privados do sinal.”
João
Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição.
São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 330
4- Na nova dispensação, o batismo, por
autoridade divina, substituiu a circuncisão.
- A Bíblia afirma
que a circuncisão não pode mais servir como sinal e selo da aliança. At 15:1,2,
21:21, Gl 2:3-5, 5:2-6, 6:12,13,15
- Jesus Cristo
instituiu o batismo como substituto da circuncisão. Mt 28:19-20, Mc 16:15-16
- O sentido
espiritual do batismo corresponde ao da circuncisão (limpeza, purificação do
pecado e renovação espiritual). Dt 10:16, Jr 4:4, Ez 44:7,9, Rm 6:4, Gl
3:27,29, Cl 2:11-12
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 584-587
“Dizemos, pois
que, uma vez que Deus conferiu às crianças a circuncisão como sacramento de
arrependimento e fé, não parece absurdo se elas se fazem agora participantes do
batismo; a não ser que queiram investir-se, com prazer e abertamente, contra a
instituição divina.”
João
Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição.
São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 328
Quais as principais objeções ao batismo
infantil?
1- A circuncisão era apenas uma ordem carnal e
típica, destinada a extinguir-se.
Alguns
teólogos sustentam que o batismo se relaciona com o Reino, e que somente o
batismo do Espírito tem lugar próprio na Igreja.
Tal
objeção não tem amparo bíblico:
- Cristo instituiu
o batismo como sacramento incruento, pois Ele mesmo deu fim a todo derramamento
de sangue.
- Quando do
nascimento da Igreja, o apóstolo Pedro exigiu o batismo como forma de admissão
à Igreja. At 2:38-39
- O apóstolo Paulo
também exigiu que os convertidos fossem batizados. At 16:15,33, I Co 1:16
2- Não há ordem explícita na Bíblia para o
batismo infantil.
Tal
objeção só pode ser sustentada por aqueles que não acreditam na doutrina da
aliança. Os fundamentos bíblicos que refutam esta objeção já foram expostos
anteriormente.
Além
disso, os que defendem este tipo de interpretação bíblica (literal e
restritiva) têm que utilizá-la, também, para responder as seguintes perguntas
(se é que isso é possível):
- Como seguir
fielmente o dever de guardar obrigatoriamente o primeiro dia da semana para o
descanso?
- A Bíblia ordena
que as mulheres devem ficar caladas no templo, logo, como admitir a ordenação
feminina?
- A Bíblia ordena
a exclusão das crianças do batismo?
- Existem algum
exemplo bíblico de batismo de um adulto nascido e criado em um lar cristão?
- A Bíblia não
ordena a ministração da Santa Ceia para mulheres, logo, elas devem ser
excluídas?
3- As crianças não podem ser batizadas porque
não têm condições de expressar fé.
“Seu argumento vai como se segue: A fé ativa é o requisito do batismo.
As crianças não podem exercem fé. Portanto, as crianças não devem ser
batizadas. Mas, dessa maneira, essas palavras também podem ser elaboradas como
argumento contra a salvação de crianças, visto que elas não somente implicam,
mas afirmam explicitamente que a fé (fé ativa) é a condição para a salvação.
Assim, o batista que for coerente ver-se-á sob o peso do seguinte silogismo: A
fé é a conditio sine qua non (condição indispensável) da salvação. As
crianças ainda não podem exercer fé. Logo, as crianças não podem ser salvas.
Mas esta é uma conclusão da qual o próprio batista recua.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 589
“Ou, para
expressá-lo mais clara e sucintamente, como o filho do crente participa do
pacto divino sem entendê-lo, não se deve negar-lhe o sinal, pois é capaz de
recebê-lo sem necessidade de compreendê-lo. Está é a razão pela qual Deus diz
que os filhos dos israelitas são seus filhos, como se ele mesmo os gerasse (Ez
16:20; 23:37), pois sem dúvida alguma ele se considera Pai de todos aqueles a
quem prometeu ser o Deus dos mesmos e de sua descendência. Em troca, o que
nasce de pais infiéis não é contado no pacto até que, pela fé, se una com Deus.
Portanto, não se deve estranhar que não compartilhe do sinal, cujo significado
seria nele falaz e sem proveito! Nesta linha, Paulo também escreve que as
pessoas, sempre que estiveram imersas em sua idolatria, estavam do lado de fora
do testamento (Ef 2:12).”
João
Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição.
São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 328
Qual a posição dos padrões confessionais
reformados?
Confissão Belga, artigo XXXIV: “Devem ser
batizados e selados com o sinal da aliança, como anteriormente as crianças de
Israel eram circuncidadas com base nas mesmas promessas feitas às nossas
crianças.”
Catecismo de Heidelberg: “As crianças devem
ser batizadas? Sim, pois, desde que elas estão, como os adultos, incluídas na
aliança e na Igreja de Deus, e desde que tanto a redenção do pecado como o
Espírito, o Autor da fé, lhes são prometidos não menos que aos adultos, mediante
o sangue de Cristo, elas também devem, pelo batismo, como sinal da aliança, ser
enxertadas na Igreja Cristã, e devem ser distinguidas dos filhos dos
descrentes, como se fazia na antiga dispensação ou testamento pela circuncisão,
em lugar da qual o batismo foi instituído na nova aliança.”
Cânones de Dort, I, artigo 17: “Uma vez que
devemos discernir a vontade de Deus em sua Palavra, que atesta que os filhos
dos crentes são santos, não por natureza, mas em virtude da aliança da graça,
que os abrange juntamente com seus pais, os pais crentes não devem duvidar da
eleição e salvação dos seus filhos, a quem praza a Deus chamar desta vida em
sua infância (Gn 17:7, At 2:39, I Co 7:14).”
Confissão de Fé de Westminster, XXXVIII, IV:
“Não só os que de fato professam sua fé em Cristo e obediência a ele, mas
também os filhos dos pais crentes (ainda que só um deles o seja) devem ser
batizados.”
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 589-590
O batismo é meio de graça também para as
crianças?
Sim.
Os teólogos reformados elencam três
alternativas que podem ser combinadas entre si:
- É possível
pressupor que as crianças têm a “semente da fé”, que é fortalecida por Deus no
batismo;
- O batismo como
meio de graça não se limita ao momento da ministração, mas pode servir para, de
algum modo misterioso, aumentar a graça de Deus no coração e a fé
posteriormente, quando a significação do batismo for claramente compreendida;
- O batismo é meio
de graça para os pais: fortalece a fé e o senso de responsabilidade pela
educação cristã dos filhos.
Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 592-593
“Ora, ainda que
as crianças não compreendessem com inteligência, no momento em que eram
circuncidadas, qual o significado daquele sinal, no entanto eram
verdadeiramente circuncidadas para mortificação de sua natureza corrupta e
contaminada, a qual, depois de adultas, exercitariam. Em suma, esta objeção
pode ser solucionada sem qualquer dificuldade: as crianças são batizadas para
futuro arrependimento e fé, os quais, embora ainda não formados nelas, no
entanto, pela secreta operação do Espírito, a semente de um e de outra está
nelas latente.”
João
Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição.
São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 328
O batismo deve ser ministrado a filhos de
descrentes?
A Igreja Presbiteriana do Brasil admite o
batismo infantil, desde que pelo menos um dos pais seja cristão e esteja em
plena comunhão com Cristo e com a Igreja.
“Não só os que de
fato professam sua fé em Cristo e obediência a ele, mas também os filhos dos
pais crentes (ainda que só um deles o seja) devem ser batizados.”
Confissão de Fé
de Westminster, XXXVIII, IV
CONCLUSÕES
- Não existe ordem
expressa para o batismo infantil, mas isso não o torna antibíblico.
- Fundamentos
bíblicos para a ministração do batismo infantil: aliança com Abraão era
espiritual e possuía os mesmo elementos na “nova aliança” em Cristo; pela
determinação de Deus, as crianças participavam dos benefícios da aliança, eram
circuncidadas e participavam da assembleia de Israel; as promessas de Deus
foram feitas às famílias; o batismo, por autoridade divina, substituiu a
circuncisão; Jesus e os apóstolos não excluíram as crianças.
- Principais
objeções ao batismo infantil: a circuncisão era apenas uma ordem carnal e
típica; não existe ordem bíblica expressa para o batismo infantil; as crianças
não podem ser batizadas porque não têm condições de expressar fé.
- Todas as
confissões de fé reformadas defendem como bíblico o batismo infantil.
- O batismo
infantil é meio de graça tanto para as crianças como para os pais.
- A Igreja
Presbiteriana do Brasil batiza crianças quando pelo menos um dos pais é
cristão.
“Portanto, salvo
se apraz obscurecer perversamente a benevolência de Deus, ofereçamos-lhe nossos
filhos, aos quais ele atribui lugar entre seus familiares e domésticos, isto é,
os membros da Igreja.”
João
Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição.
São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 342
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