domingo, 3 de agosto de 2014

O Batismo e a Ceia do Senhor - Aula 12 - A Ceia do Senhor: requisitos e frequência da celebração


AULA 12


A CEIA DO SENHOR:
REQUISITOS E FREQUÊNCIA DA CELEBRAÇÃO



INTRODUÇÃO

- Quais os requisitos indispensáveis na celebração da Ceia do Senhor?

- A ceia do Senhor deve ser celebrada de quanto em quanto tempo?



Quais os requisitos indispensáveis na celebração da Ceia do Senhor?

“Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da (nova) aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.” Mt 26:26-30


“Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.” I Co 11:23-26


“Nesta ordenança, o Senhor Jesus constituiu os seus ministros para declarar ao povo a sua palavra de instituição, orar, abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado; para tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participando também, e dar ambos os elementos aos comungantes, e tão-somente aos que se acharem presentes na congregação.”
Confissão de Fé de Westminster, XXIX, III


- constituiu os seus ministros: a ceia do Senhor deve ser ministrada pelos ministros constituídos (pastores).

“Nesta matéria é também preciso saber que é impróprio a pessoas particulares assumirem a administração do batismo, visto que este é um ofício do ministério eclesiástico, seja a ministração deste sacramento, como também a Ceia. Pois Cristo não deu mandamento a nenhum homem ou mulher que ministrasse o batismo; antes àqueles a quem ele constituíra apóstolos. E quando ordenou que os discípulos, na ministração da Ceia, fizessem o que haviam visto ser feito por ele, como ele próprio desempenhava o ofício de legítimo despenseiro, indubitavelmente quis que nisso imitassem seu exemplo.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 308


- para declarar ao povo a sua palavra de instituição: os ministros devem explicar aos participantes o significado da ceia do Senhor (sinal e selo do pacto da graça).


- orar: toda glória deve ser prestada a Deus neste momento singular de celebração da obra de Cristo, pelo que Ele já fez, pelo que faz diariamente por nós e pela promessa de sua volta gloriosa.
A ceia relembra o passado, é uma realidade na vida do cristão e garante um futuro glorioso.


- abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado: o pão e o vinho deixam seu uso comum e passam a simbolizar Cristo, que está presente espiritualmente nos elementos.


- tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participando também, e dar ambos os elementos aos comungantes: a ceia do Senhor celebra a comunhão dos crentes com Cristo e a comunhão uns com os outros.


- e, tão-somente aos que se acharem presentes na congregação: a participação na ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes. O cristão deve ansiar e se apresentar com alegria para participar da mesa do Senhor.


“Deixando, pois, de lado, todo este sem-fim de cerimônias e de pompas, a Santa Ceia bem que podia ser administrada santamente, se com frequência, ou pelo menos uma vez por semana, se propusesse à Igreja como se segue: no início se faria orações públicas; a seguir viria o sermão; então, postos na mesa pão e vinho, o ministro repetiria as palavras de instituição da Ceia; depois, reiteraria as promessas que nos foram nela anexadas; ao mesmo tempo, vedaria à comunhão todos aqueles que são dela barrados pelo interdito do Senhor; após isto, oraria para que o Senhor, pela benignidade com que nos prodigalizou este alimento sagrado, também nos receba em fé e gratidão de alma, nos instruindo e preparando; e, uma vez que por nós mesmos não somos dignos, por sua misericórdia aprouve nos dignificar para tal propósito.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 394


“Aqui, porém, ou se cantariam salmos ou se leria parte da Escritura, e, na ordem que convém, os fiéis participariam do sacrossanto banquete, os ministros partindo o pão e oferecendo-o ao povo. Terminada a Ceia, se faria uma exortação à fé sincera e à sincera confissão dessa fé, ao amor cristão e ao comportamento digno de cristãos. Por fim, se daria ação de graças e se entoariam louvores a Deus; findos os quais, a congregação seria despedida em paz.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 395


- ser ministrada por pastores;

- explicar ao povo o significado do sacramento;

- orar;

- abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado;

- tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participar também, e dar ambos os elementos aos crentes;

- a participação na ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes.



Algumas dúvidas e curiosidades comuns:

- Qual o tamanho do pão?

- O pão deve ser levedado ou asmo?

- O pão deve ser partido na hora da celebração ou pode ser partido antes?

- O pão deve ser oferecido primeiro ou os dois elementos podem ser oferecidos juntos?

- O vinho pode ser substituído por suco de uva?

- O vinho deve ser tinto ou pode ser branco?

Deve-se utilizar um cálice comum ou cálices individuais?


Todas estas questões são de menor importância, e podem ser feitas em conformidade com o costume da Igreja local. A utilização de uma ou de outra forma não confere mais ou menos santidade ao sacramento.

Como visto, o indispensável é a presença dos requisitos bíblicos na celebração, que apontam para o significado espiritual do sacramento (sinal e selo do pacto da graça) – este é o significado que nunca pode ser modificado ou perdido na celebração da ceia do Senhor.


“Mas, no que diz respeito ao rito externo da ação sacramental, que os fiéis o recebam à mão, ou não, ou o dividam entre si ou comam, um a um, o que lhes for dado; devolvam o cálice à mão do diácono, ou porventura o passem ao próximo; seja o pão fermentado ou ázimo; o vinho vermelho ou branco; nada importa. Essas coisas são indiferentes e deixadas à livre decisão da Igreja.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 394



A ceia do Senhor deve ser celebrada de quanto em quanto tempo?

Não há na Bíblia ordem expressa quanto à frequência de celebração da ceia do Senhor. Contudo, o cristão deve nutrir intenso desejo de participar da mesa do Senhor, pelo que ela representa.

   Simboliza: a morte do Senhor; a participação do crente no Cristo crucificado; a vida, força e alegria espirituais recebidas pelo crente; a união dos crentes uns com os outros;
   Sela: o grande amor de Cristo; o cumprimento das as promessas da aliança; a bênção da salvação ao crente; é um selo recíproco.


Os cristãos da Igreja primitiva celebravam a ceia constantemente.

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” At 2:42


A Igreja da época de Calvino celebrava a ceia do Senhor apenas uma vez por ano, porém, o reformador suíço defendia a celebração mais frequente deste sacramento.


“As coisas que discutimos até aqui a respeito desse sacramento mostram amplamente que ele não foi instituído para que fosse recebido uma vez ao ano, e isso superficialmente, como é agora, geralmente de costume; ao contrário, para que estivesse em uso frequente a todos os cristãos, de sorte que pela frequente lembrança recordassem a paixão de Cristo, por tal recordação não só sua fé sustivessem e fortalecessem, mas também mutuamente se exortassem a cantar-se uma confissão de louvor a Deus e a pregar-se sua bondade, e pela qual, enfim, nutrissem mútuo amor e até a si mesmos entre si o atestassem, um amor cujo vínculo fosse visto na unidade do corpo de Cristo.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 395



CONCLUSÕES

 - Requisitos indispensáveis na celebração da ceia do Senhor: ser ministrada por pastores; explicar ao povo o significado do sacramento; orar;  abençoar os elementos e separá-los do uso comum para um uso sagrado; tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participar também, e dar ambos aos crentes; a participação na ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes;

- As demais dúvidas e curiosidades são de menor importância, e podem ser feitas em conformidade com o costume da Igreja local. A utilização de uma ou de outra forma não confere mais ou menos santidade ao sacramento;

- A ceia possui significado espiritual que nunca pode ser esquecido ou modificado: é sinal e selo do pacto da graça;

- A ceia deve ser celebrada constantemente. O cristão deve nutrir intenso desejo pela participação na mesa do Senhor.

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