AULA 12
A CEIA DO SENHOR:
REQUISITOS E
FREQUÊNCIA DA CELEBRAÇÃO
INTRODUÇÃO
- Quais os
requisitos indispensáveis na celebração da Ceia do Senhor?
- A ceia do Senhor
deve ser celebrada de quanto em quanto tempo?
Quais os requisitos indispensáveis na
celebração da Ceia do Senhor?
“Enquanto comiam,
tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo:
Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado
graças, o deu aos discípulos, dizendo: bebei dele todos; porque isto é o meu
sangue, o sangue da (nova) aliança, derramado em favor de muitos, para remissão
de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da
videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu
Pai. E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.” Mt 26:26-30
“Porque eu recebi
do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi
traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu
corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo,
depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova
aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de
mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice,
anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.” I Co 11:23-26
“Nesta ordenança,
o Senhor Jesus constituiu os seus ministros para declarar ao povo a sua palavra
de instituição, orar, abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do
uso comum para um uso sagrado; para tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele
participando também, e dar ambos os elementos aos comungantes, e tão-somente
aos que se acharem presentes na congregação.”
Confissão de Fé
de Westminster, XXIX, III
- constituiu os
seus ministros: a ceia do Senhor deve ser ministrada pelos ministros constituídos
(pastores).
“Nesta matéria é
também preciso saber que é impróprio a pessoas particulares assumirem a
administração do batismo, visto que este é um ofício do ministério
eclesiástico, seja a ministração deste sacramento, como também a Ceia.
Pois Cristo não deu mandamento a nenhum homem ou mulher que ministrasse o
batismo; antes àqueles a quem ele constituíra apóstolos. E quando
ordenou que os discípulos, na ministração da Ceia, fizessem o que haviam visto
ser feito por ele, como ele próprio desempenhava o ofício de legítimo
despenseiro, indubitavelmente quis que nisso imitassem seu exemplo.”
João
Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição.
São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 308
- para declarar
ao povo a sua palavra de instituição: os ministros devem explicar aos
participantes o significado da ceia do Senhor (sinal e selo do pacto da graça).
- orar:
toda glória deve ser prestada a Deus neste momento singular de celebração da
obra de Cristo, pelo que Ele já fez, pelo que faz diariamente por nós e pela
promessa de sua volta gloriosa.
A ceia relembra o passado, é uma realidade na
vida do cristão e garante um futuro glorioso.
- abençoar os
elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado: o pão e o vinho
deixam seu uso comum e passam a simbolizar Cristo, que está presente
espiritualmente nos elementos.
- tomar e
partir o pão, tomar o cálice, dele participando também, e dar ambos os
elementos aos comungantes: a ceia do Senhor celebra a comunhão dos crentes
com Cristo e a comunhão uns com os outros.
- e,
tão-somente aos que se acharem presentes na congregação: a participação na
ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes. O cristão deve ansiar e
se apresentar com alegria para participar da mesa do Senhor.
“Deixando, pois,
de lado, todo este sem-fim de cerimônias e de pompas, a Santa Ceia bem que
podia ser administrada santamente, se com frequência, ou pelo menos uma vez por
semana, se propusesse à Igreja como se segue: no início se faria orações
públicas; a seguir viria o sermão; então, postos na mesa pão e vinho, o
ministro repetiria as palavras de instituição da Ceia; depois, reiteraria as
promessas que nos foram nela anexadas; ao mesmo tempo, vedaria à comunhão todos
aqueles que são dela barrados pelo interdito do Senhor; após isto, oraria para
que o Senhor, pela benignidade com que nos prodigalizou este alimento sagrado,
também nos receba em fé e gratidão de alma, nos instruindo e preparando; e, uma
vez que por nós mesmos não somos dignos, por sua misericórdia aprouve nos
dignificar para tal propósito.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 394
“Aqui, porém, ou
se cantariam salmos ou se leria parte da Escritura, e, na ordem que convém, os
fiéis participariam do sacrossanto banquete, os ministros partindo o pão e
oferecendo-o ao povo. Terminada a Ceia, se faria uma exortação à fé sincera e à
sincera confissão dessa fé, ao amor cristão e ao comportamento digno de
cristãos. Por fim, se daria ação de graças e se entoariam louvores a Deus;
findos os quais, a congregação seria despedida em paz.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 395
- ser ministrada
por pastores;
- explicar ao povo
o significado do sacramento;
- orar;
- abençoar os
elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado;
- tomar e partir o
pão, tomar o cálice, dele participar também, e dar ambos os elementos aos
crentes;
- a participação
na ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes.
Algumas dúvidas e curiosidades comuns:
- Qual o tamanho
do pão?
- O pão deve ser
levedado ou asmo?
- O pão deve ser
partido na hora da celebração ou pode ser partido antes?
- O pão deve ser
oferecido primeiro ou os dois elementos podem ser oferecidos juntos?
- O vinho pode ser
substituído por suco de uva?
- O vinho deve ser
tinto ou pode ser branco?
- Deve-se utilizar
um cálice comum ou cálices individuais?
Todas estas questões são de menor importância,
e podem ser feitas em conformidade com o costume da Igreja local. A utilização
de uma ou de outra forma não confere mais ou menos santidade ao sacramento.
Como visto, o indispensável é a presença dos
requisitos bíblicos na celebração, que apontam para o significado espiritual do
sacramento (sinal e selo do pacto da graça) – este é o significado que nunca
pode ser modificado ou perdido na celebração da ceia do Senhor.
“Mas, no que diz
respeito ao rito externo da ação sacramental, que os fiéis o recebam à mão, ou
não, ou o dividam entre si ou comam, um a um, o que lhes for dado; devolvam o
cálice à mão do diácono, ou porventura o passem ao próximo; seja o pão
fermentado ou ázimo; o vinho vermelho ou branco; nada importa. Essas coisas são
indiferentes e deixadas à livre decisão da Igreja.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 394
A ceia do Senhor deve ser celebrada de quanto
em quanto tempo?
Não há na Bíblia ordem expressa quanto à
frequência de celebração da ceia do Senhor. Contudo, o cristão deve nutrir
intenso desejo de participar da mesa do Senhor, pelo que ela representa.
Simboliza: a morte do Senhor; a participação do crente no Cristo
crucificado; a vida, força e alegria espirituais recebidas pelo crente; a união
dos crentes uns com os outros;
Sela:
o grande amor de Cristo; o cumprimento das as promessas da aliança; a bênção da
salvação ao crente; é um selo recíproco.
Os cristãos da Igreja primitiva celebravam a ceia constantemente.
“E perseveravam
na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” At
2:42
A Igreja da época de Calvino celebrava a ceia
do Senhor apenas uma vez por ano, porém, o reformador suíço defendia a
celebração mais frequente deste sacramento.
“As coisas que
discutimos até aqui a respeito desse sacramento mostram amplamente que ele não
foi instituído para que fosse recebido uma vez ao ano, e isso superficialmente,
como é agora, geralmente de costume; ao contrário, para que estivesse em uso
frequente a todos os cristãos, de sorte que pela frequente lembrança
recordassem a paixão de Cristo, por tal recordação não só sua fé sustivessem e
fortalecessem, mas também mutuamente se exortassem a cantar-se uma confissão de
louvor a Deus e a pregar-se sua bondade, e pela qual, enfim, nutrissem mútuo
amor e até a si mesmos entre si o atestassem, um amor cujo vínculo fosse visto
na unidade do corpo de Cristo.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 395
CONCLUSÕES
-
Requisitos indispensáveis na celebração da ceia do Senhor: ser ministrada por
pastores; explicar ao povo o significado do sacramento; orar; abençoar os elementos e separá-los do uso
comum para um uso sagrado; tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele
participar também, e dar ambos aos crentes; a participação na ceia do Senhor é
um privilégio dos crentes presentes;
- As demais
dúvidas e curiosidades são de menor importância, e podem ser feitas em
conformidade com o costume da Igreja local. A utilização de uma ou de outra
forma não confere mais ou menos santidade ao sacramento;
- A ceia possui
significado espiritual que nunca pode ser esquecido ou modificado: é sinal e selo
do pacto da graça;
- A ceia deve ser
celebrada constantemente. O cristão deve nutrir intenso desejo pela
participação na mesa do Senhor.
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