- A ascendência de
Isaque
- A esterilidade
de Rebeca: ameaça à manutenção da descendência da mulher?
- As dificuldades
da gestação, a consulta de Rebeca e a resposta do Senhor
- O direito de
primogenitura e o início do cumprimento da promessa
- Conclusão
- Referências
bibliográficas
A ASCENDÊNCIA DE ISAQUE
São estas as gerações de Isaque, filho de Abraão. Abraão gerou a
Isaque; Gn 25.19
Este trecho da
narrativa bíblica se inicia com o objetivo de informar o leitor a respeito das
gerações (descendência) de Isaque. Porém, ao contrário dos textos anteriores,
que de imediato já descrevem os descendentes de cada primogênito (fulano gerou
beltrano, beltrano gerou ciclano etc), este texto tem a preocupação de relembrar,
antes de mais nada, qual era a ascendência de Isaque.
“Isaque, filho de
Abraão. Abraão gerou a Isaque”.
Por que esta
recordação é importante? Por que o texto bíblico que se propõe a apresentar a
descendência de Isaque, se importa, primeiramente, e com destacada ênfase (duas
citações seguidas), em deixar claro quem era o pai de Abraão?
“(...) Mas aqui o narrador nos lembra primeiramente que Isaque era
“filho de Abraão”. E para enfatizar diz uma vez mais: “Abraão gerou a Isaque”.
O narrador quer que Israel e nós relembremos a história de Abraão: como o
Senhor o chamou para a terra de Canaã; como o Senhor lhe fez ricas promessas de
terra; como o Senhor, acima de tudo, prometeu ser o seu Deus e o Deus da sua
descendência; e como o Senhor começou a cumprir essas promessas com o
nascimento milagroso de Isaque, a oportunidade de comprar um pequeno lote da
Terra Prometida, e finalmente como o Senhor guiou o servo na busca de uma
esposa para Isaque. (...)”
GREIDANUS, S.
Pregando Cristo a partir de Gênesis; tradução de Marcos José Soares de
Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 291.
O texto bíblico
não quer deixar dúvidas quanto à origem de Isaque: ele era o filho da promessa,
o filho por meio do qual o Senhor multiplicaria a descendência de Abraão.
Disse mais Abrão: SENHOR Deus, que me haverás de dar, se continuo sem
filhos e o herdeiro da minha casa é o
damasceno Eliézer? Disse mais Abrão: A mim não me concedeste descendência, e um
servo nascido na minha casa será o meu herdeiro. A isto respondeu logo o
SENHOR, dizendo: Não será esse o teu herdeiro; mas aquele que será gerado de ti
será o teu herdeiro. Então, conduziu-o até fora e disse: Olha para os
céus e conta as estrelas, se é que o podes. E lhe disse: Será assim a tua
posteridade. Gn 15.2-5
Isaque era o
descendente da mulher, que manteria viva a promessa de que “um dia, o
descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente”.
Naquele mesmo dia, fez o SENHOR aliança com Abrão, dizendo: À tua
descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até ao grande rio Eufrates;
Gn 15.18
Por meio dele
também estava viva a promessa feita por Deus de dar a Abraão a terra de Canaã,
promessa essa que começou a ser cumprida com a compra do terreno que serviu
como sepultura para Sara, e que seria integralmente cumprida muitos anos mais
tarde.
Portanto, em
Isaque, o Senhor Deus mantinha vivas as promessas feitas a Adão e a Abraão:
- A descendência
da mulher, de onde viria o Messias;
- A descendência
de Abraão, em quem seriam benditas todas as famílias da terra;
- A promessa de
dar a terra de Canaã a Abraão.
A ESTERILIDADE DE REBECA: AMEAÇA À MANUTENÇÃO DA DESCENDÊNCIA DA
MULHER?
era Isaque de quarenta anos, quando tomou por esposa a Rebeca, filha de
Betuel, o arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, o arameu. Isaque orou ao SENHOR
por sua mulher, porque ela era estéril; e o SENHOR lhe ouviu as orações, e
Rebeca, sua mulher, concebeu. Gn 25.20-21
Em seguida, são
destacados dois fatos: o casamento de Isaque e a esterilidade de Rebeca.
A recordação do
casamento de Isaque é animadora, pois relembra ao leitor que Deus utilizou sua
Divina Providência e deu a Isaque a esposa escolhida, que daria filhos a ele,
por meio dos quais todas as promessas permaneceriam vivas na mente e no coração
do povo.
Contudo, já na
sequência o texto apresenta um problema de certa forma inesperado e certamente
assustador. Como a esposa do filho da promessa poderia ser estéril? Como a
descendência da mulher e de Abraão seriam mantidas?
“(...) Depois de sermos lembrados da providência de Deus ao guiar o
servo até uma esposa apropriada para Isaque e o casamento de Isaque e Rebeca,
ficamos na expectativa de ouvir acerca do nascimento de filhos. Mas para nossa
surpresa, o narrador nos informa que Rebeca é estéril. Brueggemann comenta que
“Há aqui outra incongruência. O pai é especial, é o filho da promessa (21.1-7),
e a mãe é de boa descendência (25.20). Mas eis que há esterilidade na melhor
combinação possível. Não há garantiras naturais quanto ao futuro e nada que
garanta a herança da família. Ela tem que confiar unicamente no poder de Deus”.
(...)”
BRUEGGEMANN, W.
Genesis: A Bible Commentary for Teaching and Preaching. Atlanta: John Knox,
1982, p. 212, in: GREIDANUS, S. Pregando Cristo a partir de Gênesis; tradução
de Marcos José Soares de Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 291.
Mas o texto não
dá espaço para que o leitor perca a esperança. A estrutura da frase apresenta a
correta atitude de Isaque antes mesmo de relatar o problema: “Isaque orou ao
Senhor por sua mulher”. Ele buscou resposta na única fonte confiável, o Deus de
seu pai Abraão.
“(...) Com seu poder de operar milagres, o fiel Senhor da aliança dá
continuidade à linhagem da semente da mulher. (...)”
GREIDANUS, S.
Pregando Cristo a partir de Gênesis; tradução de Marcos José Soares de
Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 292.
AS DIFICULDADES DA GESTAÇÃO, A CONSULTA DE REBECA E A RESPOSTA DO
SENHOR
Os filhos lutavam no ventre dela; então, disse: Se é assim, por que
vivo eu? E consultou ao SENHOR. Respondeu-lhe o SENHOR: Duas nações há no teu
ventre, dois povos, nascidos de ti, se dividirão: um povo será mais forte que o
outro, e o mais velho servirá ao mais moço. Gn 25.22-23
Deus atendeu a
oração de Isaque e permitiu que Rebeca concebesse. Apesar disso, a gestação foi
muito difícil, pois os filhos lutavam em seu ventre. A dor era tamanha que fez
Rebeca questionar o sentido da vida: “Por que vivo eu?” Mas, ao invés de buscar
respostas em lugares diversos, ela buscou o Deus Verdadeiro.
E o benevolente
Senhor esclareceu o motivo dessa gestação incomum, tão sofrida: a luta dos dois
filhos representava a luta de duas nações, na qual a lei de primogenitura seria
invertida pelo decreto divino relevado a Sara: “o mais velho servirá ao mais
moço”.
A resposta de
Deus continha duas promessas: 1- de Isaque, o filho da promessa, nasceriam duas
nações distintas, divididas; 2- o filho mais velho serviria o filho mais novo.
A narrativa
bíblica mostra que Esaú deu origem ao povo de Edom e que Jacó deu origem ao
povo de Israel. Essas duas nações cresceram e se multiplicaram grandemente,
assim como também cresceram a rivalidade e as disputas entre elas.
A segunda
promessa era incomum, pois ia de encontro à lei de primogenitura, aos direitos
especiais que os primogênitos tinham em relação aos demais irmãos.
Mas ao filho da aborrecida reconhecerá por primogênito, dando-lhe
dobrada porção de tudo quanto possuir, porquanto aquele é o primogênito do seu
vigor; o direito da primogenitura é dele. Dt 21.17
“(...) primogenitura. O filho mais velho tinha o direito de ser
o herdeiro principal da fortuna da família (27.33; Dt 21.17; 1Cr 5.1-2). A
herança paterna era dividida pelo número de filhos, e o primeiro sempre tinha
direito a duas partes. Por exemplo, se fossem nove filhos, o primeiro receberia
duas partes e os outro oitos dividiriam as sete partes restantes. Se fossem
apenas dois filhos, o primeiro herdava as duas partes sem deixar nada para o
irmão. Ao primogênito também cabia a responsabilidade de ser o protetor da
família. Na família da aliança, essa fortuna incluía a promessa do Senhor de
dar a Abraão uma descendência na terra que abençoaria todas as nações. A
primogenitura era transferível, como nos casos de Judá/Rubén, Efraim/Manassés e
Salomão/Adonias.
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. p. 52, comentário de Gn 25.31.
Somente Deus, por
seu decreto eterno, poderoso e imutável, poderia determinar que Esaú, o
primogênito, serviria a Jacó, o filho mais novo. Tal ordem, apesar de incomum,
fazia parte do eterno plano redentor divino, prometido em Gênesis 3.15 e
mantido pela Sua providência.
Essas promessas
são o ponto central do texto. Assim como a vida de Adão foi marcada e guiada
pela promessa de Gn 3.15 e a vida de Abraão pela promessa de Gn 12.2-3, as
vidas de Jacó e Esaú foram marcadas e guiadas pela promessa de Gn 25.23.
PERSONAGEM
|
TEXTO BÍBLICO
|
PROMESSA
|
Adão
|
Gn 3.15
|
Descendente da mulher
esmagaria a cabeça da serpente.
|
Abraão
|
Gn 12.2-3
|
De ti farei uma grande
nação; em ti serão benditas todas as famílias da terra.
|
Jacó e Esaú
|
Gn 25.23
|
Duas nações distintas;
o mais velho servirá o mais moço.
|
Cumpridos os dias para que desse à luz, eis que se achavam gêmeos no
seu ventre. Saiu o primeiro, ruivo, todo revestido de pelo; por isso, lhe
chamaram Esaú. Depois, nasceu o irmão; segurava com a mão o calcanhar de Esaú;
por isso, lhe chamaram Jacó. Era Isaque de sessenta anos de idade, quando
Rebeca lhos deu à luz. Gn 25.22-26
Vinte anos após o
casamento, Rebeca deu à luz dois filhos. Enquanto Esaú foi descrito por sua
aparência física, Jacó o foi por sua atitude. Esaú era o homem ruivo e peludo.
Jacó era o “agarrador de calcanhar”.
“(...) Se estivéssemos sob a total influência dos filmes de caubói,
poderíamos pensar em Esaú como o mocinho: o sujeito bronzeado, caçador peludo,
homem do campo, honesto e franco; e pensaríamos em Jacó como o bandido: ladino,
enganador, filhinho da mamãe. Mas nossas avaliações estão erradas. (...)”
GREIDANUS, S.
Pregando Cristo a partir de Gênesis; tradução de Marcos José Soares de
Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 293.
Esaú é descrito
como ruivo e peludo. Essas duas características não eram tidas como elogios,
pois naquela época havia certo preconceito com pessoas ruivas, e ser peludo
poderia significar uma marca de incivilidade, rudeza.
Jacó também não
recebeu elogios no nascimento. Sua atitude de agarrar o calcanhar do irmão
demonstrava, desde o ventre materno, sua luta para superar o irmão, para ser o
primeiro. Essa luta continuaria durante toda a vida deles e dos povos que
seriam formados por eles.
As promessas do
Senhor reveladas a Rebeca se cumpririam no devido tempo.
O DIREITO DE PRIMOGENITURA E O INÍCIO DO CUMPRIMENTO DA PROMESSA
Cresceram os meninos. Esaú saiu perito caçador, homem do campo; Jacó,
porém, homem pacato, habitava em tendas. Isaque amava a Esaú, porque se
saboreava da sua caça; Rebeca, porém, amava a Jacó. Gn 25.27-28
Os meninos
cresceram e as diferenças entre eles ficaram ainda mais evidentes. Esaú se
tornou caçador, homem do campo, muito provavelmente aquilo que se esperava
dele, que como dito antes era ruivo e peludo, rude, grosseiro.
Por outro lado,
as descrições do adulto Jacó são muito diferentes da descrição do recém-nascido
Jacó. Quando bebê, ele foi descrito como o “agarrador de calcanhar”, aquele que
queria superar o irmão, passá-lo para trás. Na idade adulta, a narrativa
bíblica o descreve como “pacato” e “habitante de tendas”.
O termo “pacato”
tem sido descrito como “completo” ou “íntegro”. À primeira vista, isto não
parece coerente, pois a mesma narrativa que o chama de homem “completo” e
“íntegro” apresenta Jacó como trapaceiro e que toma do irmão o direito de
primogenitura. Como entender isso?
Para entender a
importância dessa característica de Jacó, é necessário relembrar a ascendência
de Jacó e as promessas de Deus dadas a seus pais. Quando Deus mudou o nome de
Abrão para Abraão, ele se apresentou como o Todo-Poderoso Criador do Universo,
e exigiu que o ainda Abrão andasse na Sua presença e fosse perfeito.
Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o
SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e
sê perfeito. Gn 17.1
Essa perfeição
exigida por Deus é exatamente a integridade descrita como característica de
Jacó. Não que Jacó já fosse íntegro naquele momento histórico, mas era isso que
ele deveria ser como continuidade da semente da mulher.
A segunda
característica de Jacó é que ele “habitava em tendas”. Essa parece ser um
alusão a Abraão e Isaque, que também habitavam em tendas em Canaã. Mais do que
simplesmente fornecer informações sobre Jacó, as duas características parecem
indicá-lo como a semente da mulher, que deveria dar prosseguimento à fé de seus
pais nas promessas de Deus e viver de forma a agradá-Lo.
O texto também
apresenta o conflito familiar, já que cada um dos pais amava um dos filhos, e
por motivos diferentes. Isaque amava Esaú pela comida que ele lhe dava. Rebeca
amava Jacó, mas o texto não apresenta um motivo adicional para isso, o que pode
indicar que ela o amava na esperança do cumprimento da profecia revelada a ela
por Deus: “o mais velho servirá ao mais moço”.
25.28 Isaque amava... Rebeca, porém, amava. O favoritismo
paternal promoveu a desavença na família. O favoritismo de Isaque tinha como
base o instinto natural; o de Rebeca, a virtude espiritual (cap. 27). A graça
soberana de Deus teve de prevalecer sobre o apetite e a apatia de Isaque porque
somente Deus tinha autoridade para transferir a bênção e a herança de família
(24.36; 25.5). Isaque... se saboreava de sua caça. Adão pecou ao comer,
Noé ao beber e Isaque ao saborear.
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. p. 52, comentário de Gn 25.28.
O início do
cumprimento da promessa estava próximo.
Tinha Jacó feito um cozinhado, quando, esmorecido, veio do campo Esaú e
lhe disse: Peço-te que me deixes comer um pouco desse cozinhado vermelho, pois
estou esmorecido. Daí chamar-se Edom. Disse Jacó: Vende-me primeiro o teu
direito de primogenitura. Ele respondeu: Estou a ponto de morrer; de que me
aproveitará o direito de primogenitura? Então, disse Jacó: Jura-me primeiro.
Ele jurou e vendeu o seu direito de primogenitura a Jacó. Deu, pois, Jacó a
Esaú pão e o cozinhado de lentilhas; ele comeu e bebeu, levantou-se e saiu.
Assim, desprezou Esaú o seu direito de primogenitura. Gn 25.29-34
Em um dia comum,
talvez como qualquer outro, Esaú chegou do campo, seu local de trabalho, como
deveria fazer costumeiramente. Ele estava cansado, o que também não deveria ser
nenhuma novidade, pois trabalhava como caçador, um trabalho braçal. Porém, o
que parecia ser apenas o final de mais um dia qualquer foi o cenário para um
acontecimento singular na história do povo de Deus.
Ao ver uma
comida, Esaú pediu grosseiramente a Jacó que lhe desse de comer daquela “coisa
vermelha”. Esaú é rude desde o nascimento e fala ao irmão também com rudeza.
25.30 Peço-te que me deixes comer. Esaú era
impulsivo. desse cozinhado vermelho. O termo hebraico aqui é grosseiro:
“a coisa vermelha, aquela coisa vermelha”.
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. p. 52, comentário de Gn 25.30.
Jacó se
aproveitou da situação para apresentar sua proposta: a venda do direito de
primogenitura. O imediatismo da resposta parece revelar que Jacó estava
tramando este plano há muito tempo e estava aguardando a oportunidade perfeita.
E ela chegou.
Por mais que Esaú
fosse rude, áspero no trato e nas palavras, sua resposta surpreende. Ele não
pensou, não considerou na importância do acordo proposto pelo irmão. Só lhe
importou a satisfação do desejo imediato, a resolução do problema presente,
custasse o que custasse.
Esaú demonstrou
que a necessidade física era mais importante para ele do que as promessas do
Deus de seu pai e de seu avô.
“(...) A fala e a atitude de Esaú marcam-no como uma pessoa primitiva.
Seu interesse está na satisfação imediata de suas necessidades físicas e é
incapaz de pensar em coisas abstratas como um direito de primogenitura. Ele nem
sabe o que está comendo – ‘desse guisado vermelho’ (ARC) – só sabe que precisa
comer logo porque ‘Estou a ponto de morrer’. Os verbos no v. 34 vêm numa
sequência sem flexão, enfatizando a natureza simplória do homem. (...)”
BERLIN, A.
Poetics and Interpretation of Biblical Narrative. Sheffield: Almond, 1983, in: GREIDANUS, S.
Pregando Cristo a partir de Gênesis; tradução de Marcos José Soares de
Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 295.
Esaú não era a
semente da mulher.
nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um
repasto, vendeu seu direito de primogenitura. Pois sabeis também que,
posteriormente, querendo herdar a bênção, foi rejeitado, pois não achou lugar
de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado. Hb 12.16-17
Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens
amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? – disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó,
porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança
aos chacais do deserto. Ml 1.2-3
“(...) o episódio deixa claro que Esaú não está espiritualmente
habilitado para ser o veículo da eleição divina, o portador do direito de
primogenitura da semente de Abraão. É também, de maneira geral e demasiada,
escravo do momento e da tirania do corpo para vir a ser o progenitor do povo
prometido pela aliança divina com um grande destino histórico para cumprir. O
fato de vender seu direito de primogenitura nas circunstâncias aqui descritas é
em si mesmo uma prova de não merecer conservar o direito de primogenitura. Esaú
não é digno. (...)”
ALTER, R. The Art
of Biblical Narrative. Nova York: Basic Books, 1981, in: GREIDANUS, S. Pregando
Cristo a partir de Gênesis; tradução de Marcos José Soares de Vasconcelos. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 296.
Por outro lado,
apesar da promessa de Deus e de ter sido escolhido por Ele para ser a
continuidade da semente da mulher, Jacó sofreu duramente por suas trapaças, a
ponto de reconhecer que sua vida foi marcada por lutas e dias difíceis.
Jacó lhe respondeu: Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento
e trinta anos; poucos e maus foram os dias dos anos da minha vida e não
chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais, nos dias das suas
peregrinações. Gn 47.9
CONCLUSÃO
A história de
Jacó e Esaú revela a soberania e a graça de Deus na escolha de pessoas indignas
para serem o Seu povo. Jacó não tinha o direito legal e grande parte das suas
atitudes não foram corretas; ele tentou trapacear desde o nascimento, o fez
durante a vida, algumas vezes levou vantagem e em outras obteve prejuízo.
Certamente ele não era o padrão humano para dar continuidade à semente da
mulher. Mas Deus escolheu Jacó, o conduziu durante toda a sua vida, conforme os
propósitos divinos, a fim de cumprir as promessas feitas a Adão e a Abraão, no
devido tempo.
As promessas de
Deus dadas a Rebeca também foram cumpridas. Os irmãos cresceram, se
multiplicaram e deram origem a dois povos rivais, Israel e Edom. O ódio entre
eles cresceu a ponto do povo de Israel ser impedido de passar pelas terras de
Edom, sob pena de ser iniciada uma guerra (Nm 20.14-21).
Foi Davi quem
conquistou completamente o povo de Edom (2Sm 8.13-14). Mas Edom reconquistou
sua independência e se aliou à Babilônia para destruir o povo de Israel (Sl
137.7).
O Novo Testamento
também apresenta a luta entre essas duas nações. Jesus Cristo é o descendente
de Jacó (Mt 1.2), o Messias Prometido. Quando Jesus nasceu, Herodes era o
governante de Israel, nomeado por Roma. Herodes tentou matar Jesus, o “rei dos
judeus”. Um detalhe interessante nesta história é que Herodes era idumeu, um
edomita*. Um filho de Edom tentou de todas as formas matar O filho de Jacó.
Como havia
prometido a Adão, Deus garantiu a sobrevivência da semente da mulher. Jesus
Cristo nasceu, cresceu, cumpriu sua obra redentora, esmagou a cabeça da
serpente e retornou ao céu, de onde reina com poder e de onde voltará para
buscar a sua Igreja.
Deus cumpriu as
promessas feitas a Adão, Abraão e Jacó. Deus é fiel à Sua Palavra e sempre
cumpre suas promessas. A Deus seja toda a glória.
*Para mais
informações, ver o texto “A família Herodes”, de E.M. Blaiklock, disponível em:
Manual Bíblico SBB; tradução de Lailah de Noronha. Barueri, SP: Sociedade
Bíblica do Brasil, 2008, p. 627.
1Extraído e
adaptado de: GREIDANUS, S. Pregando Cristo a partir de Gênesis; tradução de Marcos
José Soares de Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. p. 280-298.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. 1920p.
GREIDANUS, S.
Pregando Cristo a partir de Gênesis; tradução de Marcos José Soares de
Vasconcelos. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. 824 p.
MANUAL BÍBLICO
SBB; tradução de Lailah de Noronha. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
2008, 815 p.
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