Filipe Rodrigues Costa
Estamos há poucos dias da realização do 1º turno das
eleições, momento no qual escolheremos pessoas para ocuparem cargos importantes
na administração do nosso País: presidente, governador, dois senadores,
deputados federais e estaduais.
Nós, cristãos, temos que redobrar nosso estudo,
tanto das Escrituras, para termos em mente os princípios bíblicos que devem ser
aplicados à política, como do histórico e das propostas dos candidatos, para,
em oração, ouvirmos de Deus o direcionamento para nossos votos.
Um dos assuntos que merece atenção dos cristãos é o
chamado “voto útil” ou “voto tático”.
O voto útil é o voto que é dado a um candidato que não
é o preferido do eleitor, mas que é escolhido para evitar que outro candidato
seja o vencedor. Em outras palavras: o eleitor gostaria de votar no candidato “A”,
por entender que ele é o que mais atende à sua visão de mundo; porém, esse
eleitor percebe, pelas pesquisas eleitorais, que o candidato “A” não tem grande
chance de ser eleito, ao contrário do candidato “B”, que tem maior chance, mas
que não o agrada; então, o eleitor opta por votar no candidato “C”, que, embora
não seja o seu preferido, é o que tem mais chances de vencer e evitar a eleição
do candidato “B”. Logo, esse eleitor, que gostaria de votar no candidato “A”,
acaba por votar no candidato “C” para evitar a eleição do candidato “B”. Esse
eleitor fica com a sensação de não ter “desperdiçado” seu voto em um candidato
que tinha pouca chance de ser eleito, e de ter ajudado a não eleger um
candidato que não o agradava. Esse é o “voto útil”.
O voto útil é uma tática utilizada por grande
número de candidatos e é capaz de influenciar muitas pessoas que, com receio de
verem seus votos “desperdiçados” em candidatos que têm poucas chances de
vencerem, são levadas a votarem em outros candidatos, que pouco ou nada
representam seus ideais e valores para a sociedade.
Apesar de parecer ser “agradável aos olhos e (...)
desejável” (Gn 3.6), o voto útil deve ser evitado pelos cristãos. Seguem abaixo
alguns motivos para isso.
1. As Escrituras Sagradas nos ensinam a buscarmos
em Deus os princípios que devem ser aplicados à todas as áreas da vida,
incluindo-se, portanto, a política. Sl 1.2 nos ensina que devemos estudar a lei
do Senhor constantemente; Sl 119.105 nos ensina que a Palavra de Deus é nossa lâmpada;
2Tm 3.16-17 nos ensina a importância das Escrituras como nossa fonte de
aprendizado. O caminho para escolhermos bem nossos candidatos inicia-se pelo
estudo da Palavra de Deus.
2. As Escrituras também nos ensinam que a oração é
a chave para compreendermos a vontade de Deus. 1Ts 5.17 nos ensina a orar sempre;
Rm 8.26-27 nos assegura que o próprio Espírito Santo intercede por nós; Tg 5.16
garante que a súplica do justo tem grande valor. Aliado ao estudo das
Escrituras, devemos orar constante e fervorosamente para que nosso Pai nos
mostre candidatos comprometidos com Sua Palavra e com Vontade.
3. O estudo das Escrituras e a oração constante nos
levarão a trilharmos com mais êxito o caminho da santificação, que consiste em
evitar aquilo que desagrada a Deus e abraçar aquilo que O agrada, ou seja,
consiste em conhecer e obedecer mais e mais à Sua Vontade, que é boa, perfeita
e agradável (Rm 12.2), e parecer-se a cada dia mais com o Senhor Jesus. O
caminho da santificação em nada se relaciona com estratégias eleitorais para
beneficiar ou prejudicar qualquer candidato. A santificação consiste em ouvir a
voz de Deus e obedecê-la, o que significa votar nos candidatos que mais se
aproximam do ideal cristão para a sociedade, independentemente de suas chances
de vitória serem prováveis ou remotas.
4. Optar pelo “voto útil” ofende a Soberania de
Deus. As Escrituras nos ensinam que Deus é o soberano Criador e Sustentador de
todo o Universo, Ele governa sobre tudo e todos. Jo 38.4-11 nos ensina sobre o
grandioso poder do Senhor. Is 6.1-5, 40.12-18 e Ap 4-8, dentre tantos outros textos,
exaltam a Majestade de Deus. Deus governa sua criação com mão forte, ele não dorme
(Sl 121.4) e age de forma irresistível para o cumprimento da Sua Vontade (Is
43.13). É Ele quem governa nosso País e quem permite a vitória deste ou daquele
candidato. Logo, deixar de votar em candidatos que mais se aproximam dos
princípios cristãos, sob o argumento de terem pouca chance de vitória demonstra
falta de fé no Deus da providência. Exercer o “voto útil” é ainda pior, pois
além de não votarmos de acordo os princípios bíblicos, nós, cristãos,
passaremos a ser “massa de manobra”, jogados de um lado para o outro e
incentivados a depositarmos os votos em candidatos sem qualquer compromisso com
a verdade da Palavra de Deus.
5. O “voto útil” ofende a democracia. A democracia
foi uma grande e recente conquista alcançada em nosso País, por permitir a
liberdade de expressão e de reunião, e direito de voto livre, dentre vários
outros direitos. A existência de vários candidatos, com visões de mundo e
propostas diversas, somente é possível em regimes democráticos. Exercer o “voto
útil” significa ser vencido pela pressão exercida e pelo autoritarismo de
pessoas que utilizam o sistema político apenas para se perpetuarem no poder,
sem compromisso com a melhoria do nosso País; significa abrir mão desses
direitos garantidos pela democracia e sucumbir perante os interesses escusos de
pessoas que querem cativar a mente de muitos para o seu próprio favorecimento.
O “voto útil” representa um retrocesso a todos os direitos garantidos pela
democracia.
As Escrituras advertem em Ef 4.11-16 que devemos
crescer no conhecimento de Cristo, a fim de evitarmos o erro de sermos “como
meninos, agitados de um lado para outro e levados ao redor por todo vento de
doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro”.
Exercer o “voto útil” é cair nessa armadilha.
As Escrituras nos mostram a maior e mais cruel
utilização do “voto útil” que já existiu sobre a face da Terra. Cristo disse
que os líderes religiosos de sua época erravam “por não conhecerem as
Escrituras e nem o poder de Deus” (Mt 22.29). Esses líderes, apesar de
advertidos, permaneceram no erro e, por meio do “voto útil”, conseguiram
influenciar a maioria do povo judeu, que clamou pela libertação do criminoso
Barrabás para proporcionar a condenação do nosso Senhor Jesus.
Mas os
principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e
fizesse morrer Jesus. De novo, perguntou-lhes o governador: Qual dos dois
quereis que eu vos solte? Responderam eles: Barrabás! Replicou-lhes Pilatos:
Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Seja crucificado! Responderam
todos. Que mal fez ele? Perguntou Pilatos. Porém cada vez clamavam mais: Seja
crucificado! Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava
o tumulto, mandando vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou
inocente do sangue deste [justo]; fique o caso convosco! E o povo todo
respondeu: Caia sobre nós o seu
sangue e sobre nossos filhos! Mt 27.20-25
Nós cristãos, como cidadãos e eleitores, devemos
estudar com esmero as Escrituras e orar incessantemente, para buscar do Senhor
a indicação de candidatos comprometidos com a Verdade. Por semelhante modo,
devemos clamar para que nosso Deus nos dê a firmeza de manter nossa mente em
Cristo (2Co 10.3-6) e depositar nossos votos nos candidatos indicados por Ele,
e para que Ele nos livre da tentação do “voto útil”, a fim de O agradarmos e
cumprimos Sua Vontade também como eleitores.
Verdade, precisamos nos orientar pelas sagradas escrituras,e nao deixar que a corrupção e a depravação continue.👏👏👏
ResponderExcluirNão podemos escolher um mal menor para evitar um mal maior. Entre duas escolhas más, não devemos escolher nenhuma. No cristianismo, os fins não justificam os meios! Nesse sentido, o voto útil é errado.
ResponderExcluirNo entanto, esse nem sempre é o caso. A escolha pode ser em um bem menor, quando um bem maior não é possível. Nesse caso, a escolha é entre um bem menor e um mal, pois o bem maior é inviável.
Os fins não justificam os meios. Contudo, quando os meios são justificáveis, devemos escolher o meio que melhor alcance os fins. A soberania de Deus não anula a nossa responsabilidade de usar de forma sábia os meios que Ele nos deu.