TÓPICOS DA AULA
1. Deus existe
1.1. Negação da existência de Deus
1.1.1. Ateísmo teórico e prático
1.1.2. Deísmo
1.1.3. Panteísmo
1.1.4. Politeísmo
1.2. Provas da existência de Deus na constituição do
ser humano
1.2.1. Sensus
divinitatis
1.2.2. Semen
religionis
1.3. Provas racionais da existência de Deus
1.3.1. Argumento ontológico
1.3.2. Argumento cosmológico
1.3.3. Argumento teleológico
1.3.4. Argumento moral
1.3.5. Argumento histórico
2. Deus pode ser conhecido
2.1. Negação do conhecimento de Deus
2.2. A afirmação do conhecimento de Deus nas
Escrituras
2.2.1. Conhecimento inato de Deus
2.2.2. Conhecimento adquirido de Deus
2.3. Deus é incompreensível
3. Bibliografia
1. DEUS EXISTE
A existência de Deus é o centro de toda a teologia,
pois não há lógica em estudar algo que não existe. Para existir teologia é
necessário existir Deus.
As Escrituras não se preocupam em provar a
existência de Deus, mas simplesmente admitem sua existência eterna. Deus já
existia “no princípio”, antes de ter criado qualquer coisa que existe.
No princípio, criou Deus os céus e a terra. Gn 1.1
Contudo, este tema sempre foi motivo de debates ao
longo da história da igreja, e alguns grupos tentaram e ainda tentam provar a
inexistência de Deus. O entendimento do homem a respeito de Deus moldará toda a
sua religiosidade, e por isso é importante compreendermos o que as Escrituras
têm a nos ensinar a este respeito.
1.1. NEGAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE DEUS
O pecado quebrou o relacionamento existente entre
Deus e os homens e manchou gravemente a imagem divina colocada no homem. Um dos
efeitos da queda foi a impossibilidade do homem pensar corretamente a respeito
do seu Criador. A perversão da mente e do coração humanos fez com que algumas
pessoas passassem a negar a existência de Deus, utilizando-se dos mais variados
argumentos. Vejamos alguns deles:
1.1.1. ATEÍSMO TEÓRICO E PRÁTICO
Ateus teóricos são os que negam a existência de
Deus e procuram provas para justificar essa afirmação. Como não creem em um Ser
sobrenatural, eles utilizam-se de provas racionais para defender sua ideia, ou
seja, somente acreditam naquilo que se pode provar cientificamente.
Diz o insensato no seu coração: Não há Deus. Sl 14.1a
“(...) Contudo, o verdadeiro ateu é o ateu dogmático,
o homem que faz a afirmação categórica de que não há Deus. Essa afirmação pode
significar uma de duas coisas: ou que ele não reconhece deus nenhum, de nenhuma
espécie, não erige nenhum ídolo para si mesmo, ou que não reconhece o Deus da
Escritura. Ora, há muito poucos ateus que na vida prática não modelam alguma
espécie de deus para si próprios. Há um número muito maior daqueles que
teoricamente põem de lado todo e qualquer deus; e um número ainda maior dos que
romperam com o Deus da Escritura. O ateísmo teórico geralmente está arraigado
em alguma teoria científica ou filosófica. (...)”[1]
Os ateus práticos não necessariamente negam a
existência de Deus, mas vivem como se Deus não existisse. Eles tentam dirigir
suas vidas com total autonomia e liberdade, sem ter que prestar contas ou
obedecer a qualquer ordem divina.
O perverso na sua soberba não investiga; que não há
Deus, são todas as suas cogitações. Sl 10.4
Naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da
comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança,
e sem Deus no mundo. Ef 2.12
No tocante a Deus, professam conhecê-lo, entretanto, o
negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e
reprovados para toda boa obra. Tt 1.16
1.1.2. DEÍSMO
O deísmo não nega a existência de Deus, mas nega
que Ele se relacione com sua criação. Deus não é um ser pessoal, mas sim uma
força infinita que está totalmente fora do alcance do homem. A ideia mais comum
desse sistema de pensamento é a de Deus como o relojoeiro que deu corda no
relógio (o mundo) e o deixou funcionar por sua conta própria. O deísmo rejeita
que Deus é o Sustentador do Universo, e, portanto, rejeita o Deus das
Escrituras.
1.1.3. PANTEÍSMO
O panteísmo defende exatamente o contrário do
deísmo. Para os panteístas, Deus está em todas as coisas e é a soma de todas as
coisas criadas. Deus e o Universo são uma só coisa, e Deus não pode existir sem
aquilo que Ele mesmo criou.
“(...) A filosofia panteísta transformou um, o
mistério, em outro, a autocontradição. Quando ela iguala o absoluto ao
indefinido e chama toda determinação de limitação e negação, ela se torna
culpada de confundir conceitos. Há um mundo de diferenças entre o infinito e o
sem fim, entre o onipotente e a soma de todo poder, entre a eternidade e a soma
de todos os momentos do tempo, e assim por diante, e, da mesma maneira, entre o
Absoluto e o indefinido, o livre, e o sem limites. (...)”[2]
1.1.4. POLITEÍSMO
O politeísmo nega a existência de apenas um Deus
Absoluto e Soberano, e defende a existência de vários deuses. Cada deus
representa uma virtude, força da natureza ou área importante para os seres
humanos, como sabedoria e amor, os trovões ou os mares e a agricultura ou os
animais. Os deuses são representações ideais desses conceitos existentes nos
homens. Exemplos: os homens devem ser sábios, então por isso existe um deus da
sabedoria; os trovões ou as tempestades acontecem pela ira de algum deus com as
atitudes dos humanos etc. Cabe aos homens agradarem esses deuses para obterem
deles favores.
1.2. PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS NA CONSTITUIÇÃO
DO SER HUMANO
Existe uma ideia geral na humanidade a respeito da
existência de Deus. Essa ideia é chamada “inata” porque as pessoas nascem com
ela.
1.2.1. SENSUS
DIVINITATIS
Todos os homens nascem com uma noção da existência
de um Ser Superior, Criador de todas as coisas. Essa ideia inata é chamada por
Calvino de “senso da divindade”.
“(...) Que existe na mente humana, e na verdade por
disposição natural, certo sendo da divindade, consideramos como além de
qualquer dúvida. Ora, para que ninguém se refugiasse no pretexto da ignorância,
Deus mesmo infundiu em todos certa noção de sua divina realidade, da qual,
renovando constantemente a lembrança, de quando em quando instila novas gotas,
de sorte que, como todos à uma reconhecem que Deus existe e é seu Criador, são
por seu próprio testemunho condenados, já que não só não lhe rendem o culto
devido, mas ainda não consagram a vida a sua vontade. (...)”[3]
Esse senso da divindade existe porque o homem foi
criado “à imagem e semelhança” de Deus, conforme afirmas as Escrituras
Sagradas:
Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os
répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Gn 1.26-27
1.2.2. SEMEN
RELIGIONIS
Por possuir o senso da divindade, o homem procura,
desde o nascimento, adorar um Ser Superior. Ocorre que o pecado manchou
profundamente esse senso, a ponto de impossibilitar o homem de perceber a
existência do verdadeiro Deus e adorá-lo da maneira que Ele requer. Como não
tem condições de encontrar e adorar o Deus das Escrituras, o homem passa a
adorar outros deuses a fim de satisfazer seu senso da divindade e desenvolver a
“semente da religião” também implantada por Deus em seu coração. A idolatria é
a maior prova da necessidade inata do homem de adorar algum deus.
(...) Aliás, até a própria idolatria é ampla evidência
desta noção. Pois sabemos de quão mau grado se humilha o homem para que admite
a outras criaturas acima de si mesmo. Desse modo, quando prefere render culto à
madeira e à pedra, antes que seja considerado como não tendo nenhum deus,
claramente se vê que esta impressão tem uma força e vigor prodigiosos, visto
que de forma alguma pode ser apagada do entendimento do homem, de modo que é
mais fácil que as inclinações naturais se quebrantem, as quais, desta forma, na
realidade se quebrantam quando, de seu arbítrio, o homem desce daquela altivez
natural às coisas mais inferiores para que assim possa adorar a Deus. (...)[4]
1.3. PROVAS RACIONAIS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
Apesar das Escrituras não se preocuparem em provar
a existência de Deus, ao longo da história os estudiosos perceberam a
existência de argumentos racionais em favor da existência de Deus.
1.3.1. ARGUMENTO ONTOLÓGICO (ser)
Parte do pressuposto que a ideia de Deus existente
na mente dos homens somente é possível se de fato Deus realmente existir. Todas as civilizações conhecidas tiveram ou
têm uma ideia de Deus, e essa é a prova de Sua existência.
Esse argumento não é suficiente para provar a
existência de Deus. O fato de as pessoas crerem em algo não é suficiente para
que isso exista. Da mesma forma, o fato delas crerem em Deus não prova sua
existência.
1.3.2. ARGUMENTO COSMOLÓGICO
Parte do pressuposto de causa e efeito. Todas as
coisas (efeito) existem por uma determinada causa, logo, o universo também tem
que ter uma causa adequada, uma causa que o produziu, e essa causa só pode ser
Deus.
Esse argumento também não é conclusivo, pois se
todas as coisas possuem uma causa anterior, isso também deveria se aplicar a
Deus.
1.3.3. ARGUMENTO TELEOLÓGICO (finalidade)
Todas as coisas foram criadas para uma determinada
finalidade; o universo não é caótico, mas funciona em ordem e harmonia. Isso
somente é possível se considerarmos a existência de um Deus inteligente e
poderoso.
“(...) Se há propósito no mundo, ele deve ser
preconcebido. Mesmo que essa prova não nos conduza especificamente a um ser
inteligente, mas deixe em aberto a possibilidade da existência de muitos seres
divinos que, em conjunto, produziram o mundo, o argumento teleológico ainda não
é destituído de todo valor. (...)”[5]
Esse argumento é mais elaborado que os anteriores,
e os estudiosos têm encontrado dificuldade para refutá-lo. Afastar a existência
de Deus significa admitir que o universo foi criado por um “acidente”, ou seja,
que toda a ordem existente na criação teve origem no caos. Essa afirmação é
difícil de ser defendida logicamente.
1.3.4. ARGUMENTO MORAL
Parte da mesma ideia já estudada na Revelação
Geral. O homem possui consciência do certo e do errado, do bem e do mal, e isso
somente é possível se afirmarmos a existência de um Deus que colocou esse senso
moral na mente e no coração dos homens.
Esse argumento é refutado: 1- pelos evolucionistas,
que defendem que a existência da moralidade também foi fruto da evolução das
espécies; 2- pelo fato de que o bem nem sempre é recompensado e o mal nem
sempre é punido, ou seja, o senso moral dos homens é diverso ao longo da
história e seus efeitos nem sempre são os mesmos para o indivíduo e para a
sociedade.
As objeções acima não apresentam argumentos sólidos
e são facilmente superadas: 1- o evolucionismo não consegue explicar como seres
amorais (sem moral) deram origem a seres morais; 2- a desproporção entre o bem
e o mal não exclui sua existência, mas apenas demonstra a incorreta utilização
do senso moral pelos homens ao longo da história.
Esse argumento não prova a existência de Deus, mas
serve como poderoso empecilho à afirmação do evolucionismo como verdade
absoluta.
1.3.5. ARGUMENTO HISTÓRICO
Em todos os povos conhecidos sempre existiu o
aspecto religioso, os homens sempre adoraram algo, desde o fogo até fenômenos
da natureza. Esse senso religioso existente no ser humano ao longo de toda a
sua história deve apontar para a existência de um Deus que colocou essa noção
no coração do homem.
É importante dizer que os argumentos racionais da
existência de Deus não são necessários aos cristãos, pois a crença definitiva
em Deus somente pode ser obtida através de Sua Revelação Especial, as
Escrituras Sagradas. Exatamente por isso, esses argumentos não servem como
provas definitivas da existência de Deus para os incrédulos. Entretanto, seu
estudo é importante para o correto entendimento da revelação geral e serve como
mais um elemento rumo à correta compreensão do Ser de Deus.
“(...) Além disso, podem prestar algum serviço na
confrontação com os adversários. Embora não provem a existência de Deus além da
possibilidade de dúvida e a ponto de obrigar o assentimento, podem ser
elaborados de maneira que estabeleçam uma forte probabilidade, e, por isso,
poderão silenciar muitos incrédulos. (...)”[6]
2. DEUS PODE SER CONHECIDO
Outro tema bastante debatido é a respeito do
conhecimento de Deus. Pode Deus ser conhecido pelos homens ou Ele é tão
perfeito e elevado que é impossível conhecê-lo? Pode o finito conhecer algo
sobre o infinito? Pode a criatura conhecer algo sobre o Criador?
2.1. NEGAÇÃO DO CONHECIMENTO DE DEUS
Os defensores da impossibilidade de conhecimento de
Deus são chamados agnósticos.
“(...) O agnosticismo é uma doutrina filosófica que
declara que o Absoluto é inacessível ao espírito humano. Todavia, os agnósticos
não gostam de ser chamados de ateus porque não negam a existência de Deus, mas
não sabem se Deus existe. Contudo eles negam categoricamente que Deus possa ser
conhecido, ou, se não são tão radicais, afirmam que não se pode ter certeza de
que o conhecimento que se obtém de Deus corresponde à verdade. (...)”[7]
Seguem abaixo os principais argumentos dos
agnósticos:
O homem só obtém conhecimento por analogia, ou
seja, por algo que diz respeito à sua natureza ou experiência. Esse argumento é
falso, pois o homem aprende por outras formas, como por contraste. Mas, ainda
que fosse verdadeiro, ele se contradiz porque não considera que o homem foi
criado à imagem de Deus. Apesar de machada pelo pecado, a natureza humana ainda
guarda relação com a natureza divina.
O homem só pode conhecer aquilo que compreende por
inteiro; sendo Deus infinito, é impossível ao homem conhecê-lo. O argumento não
se sustenta, pois, em verdade, todo o conhecimento obtido pelo ser humano é
parcial, e a grande prova disso é que o desenvolvimento da ciência consiste em
acumulação e análise constante de conhecimento.
Todas as afirmações de Deus são negativas, e,
portanto, não proporcionam um conhecimento verdadeiro. Mais um argumento falso,
pois a revelação geral, por si só, proporciona aos homens o conhecimento de
atributos positivos de Deus, como amor e sabedoria.
Todo o conhecimento que o homem tem acerca das
coisas é, de fato, o conhecimento que ele tem sobre si mesmo e aplicado a tais
coisas. Não existe um conhecimento puramente objetivo, mas sim um conhecimento
subjetivo do homem para com as demais coisas. Logo, é impossível ao homem
conhecer Deus, pois o Criador não pode se sujeitar às criaturas. Se tal
argumento fosse válido, então não poderíamos ter certeza sobre nada que dizemos
conhecer, e toda a ciência e o conhecimento obtido pelo homem não passaria de
ilusão. Não existiria verdadeiro conhecimento a respeito de nada, o que,
evidentemente, não se sustenta sequer racionalmente.
2.2. A AFIRMAÇÃO DO CONHECIMENTO DE DEUS NAS
ESCRITURAS
Como já estudado nas aulas anteriores, o
conhecimento de Deus somente é possível na medida em que Ele se revela ao
homem. Essa revelação ocorre de duas maneiras, a revelação geral, na qual Deus
se dá a conhecer por meio da criação e do Seu relacionamento com as coisas
criadas, e a revelação especial, que é a obra redentora de Cristo exposta nas
Escrituras Sagradas, a Palavra Escrita de Deus.
A Teologia Sistemática divide didaticamente o
conhecimento de Deus em conhecimento inato e conhecimento adquirido. De uma
forma geral o conhecimento inato de Deus está relacionado com a revelação geral
e o conhecimento adquirido de Deus está relacionado com a revelação especial.
2.2.1. CONHECIMENTO INATO DE DEUS
É o conhecimento colocado por Deus no coração e na
mente do homem desde o seu nascimento, e está intimamente relacionado com o
“senso da divindade” e com a “semente da religião”.
O conhecimento inato é também intuitivo, no sentido
de que é obtido pela percepção e pelo relacionamento do homem com as obras da
criação. À medida que o homem se desenvolve mentalmente ele acumula
conhecimento pelo relacionamento com as coisas criadas. Outro argumento que
demonstra a capacidade do homem de obter conhecimento inato a respeito de Deus
é o fato de possuir um senso moral desde o nascimento.
As Escrituras confirmam a existência do
conhecimento inato de Deus no ser humano:
Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem,
por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, sevem eles de lei para
si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração,
testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente
acusando-se ou defendendo-se. Rm 2.14-15
2.2.2. CONHECIMENTO ADQUIRIDO DE DEUS
Este conhecimento é obtido por meio da observação e
do estudo, da argumentação e do raciocínio do homem em relação à Palavra
Escrita de Deus, as Sagradas Escrituras.
O conhecimento que o homem pode obter de Deus é
limitado, por dois motivos: 1- Deus revelou-se de forma limitada ao homem; 2- o
homem tem capacidade limitada de conhecer a Deus. Logo, a limitação da
revelação divina e a limitação humana explicam a limitação da possibilidade do
homem conhecer Deus. Por outro lado, isso não significa que o homem é
totalmente impossibilitado de conhecer Deus, mas apenas que esse conhecimento
não é exaustivo.
O conhecimento adquirido é obtido pela reflexão,
pelo resultado das respostas obtidas pelo homem acerca dos seus questionamentos
e após o estudo das Escrituras. A revelação divina não é simplista, no sentido
de que o homem pode apreendê-la facilmente, mas requer esforço e muito estudo
para ser compreendida.
Os dois conhecimentos, inato e adquirido, não são
excludentes, mas sim complementares e importantes para a correta compreensão do
Ser de Deus e da Sua Vontade, a fim de que o homem O adore e O sirva da maneira
que Ele mesmo requer.
2.3. DEUS É INCOMPREENSÍVEL
A revelação de Deus comprova que Ele pode ser
conhecido pelo homem, entretanto, em sua essência, Deus é incompreensível.
De uma forma simples, é possível explicar a
incompreensibilidade de Deus por duas razões: 1- Ele não se revelou de forma
exaustiva (completa) ao homem; 2- o homem não tem condição de obter o
conhecimento exaustivo a respeito de Deus.
“(...) O que sabemos sobre Deus sabemos apenas a
partir de sua revelação e, portanto, somente na medida em que se faz conhecido
a nós e na medida em que seres humanos finitos podem absorver esse
conhecimento. (...)”[8]
As Escrituras são repletas de textos sobre esse
tema:
Porventura, desvendarás os arcanos de Deus ou
penetrarás até à perfeição do Todo-poderoso? Jó 11.7
Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender, o
número dos seus anos não se pode calcular. Jó 26.14
Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante
confrontareis com ele? Is 40.18
Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do
conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis
os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu
conselheiro? Rm 11.33-34
Apesar de ser incompreensível, Deus se revelou para
possibilitar ao homem conhecê-lo de forma suficiente para adorá-lo. A revelação
de Deus provê ao homem tudo o que ele precisa saber e conhecer de Deus para
servi-lo durante toda a vida. Dizer que Deus é incompreensível não é
justificativa para deixar de adorá-lo e de estudar sua Santa Palavra para
aprender mais Dele.
E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único
Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Jo 17.3
Essa necessidade é reforçada pelo fato de que o
conhecimento de Deus é a base para o desenvolvimento de todas as doutrinas
cristãs. O estudo da revelação de Deus é o ponto de partida para compreender o
que Ele requer de nós em todas as áreas da vida, portanto, esse deve ser o
nosso maior desejo.
3. BIBLIOGRAFIA
BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada; Volume 2: Deus
e a Criação; traduzido por Vagner Barbosa. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática; traduzido por
Odayr Olivetti. 4ª Edição Revisada. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
CALVINO, J. As Institutas;
tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006.
CAMPOS, H.C. O Ser de Deus e Seus Atributos. 2ª
Edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2002.
[1] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática; traduzido por
Odayr Olivetti. 4ª Edição Revisada. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p. 22.
[2] BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada; Volume 2: Deus e
a Criação; traduzido por Vagner Barbosa. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p.
49-50.
[3] CALVINO, J. As Institutas;
tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p.
47.
[4] CALVINO, J. Idem,
p. 47-48.
[5] BAVINCK, Herman. Idem, p. 85.
[6] BERKHOF, Louis, Idem, p. 26.
[7] CAMPOS, H.C. O Ser de Deus e Seus Atributos. 2ª
Edição. São Paulo: Cultura Cristã, 2002, p. 65.
[8] BAVINCK, Herman. Idem, p. 52.
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