sábado, 15 de novembro de 2014

Soberania de Deus na salvação - aula 09 - A falácia do livre-arbítrio


SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO


AULA 09

A FALÁCIA DO LIVRE-ARBÍTRIO



TÓPICOS DA AULA

- Definição de “livre-arbítrio”
- A vontade humana é livre ou motivada?
- Capacidade natural e capacidade moral
- A visão de Jesus sobre a capacidade moral do homem
- Alguns textos utilizados pelos defensores do livre-arbítrio



DEFINIÇÃO DE LIVRE-ARBÍTRIO

Pode-se definir livre-arbítrio como a capacidade de fazer escolhas sem nenhum preconceito, inclinação ou disposição anteriores.

O livre-arbítrio é a capacidade de fazer escolhas livres e partindo de uma postura totalmente neutra, sem nenhuma influência.

Antes de procurar respostas no campo espiritual, é necessário verificar se esse conceito se sustenta frente a questionamentos de ordem moral e racional.

“Certamente que abomino contendas de palavras com as quais a Igreja em vão se afadiga, porém julgo ser religiosamente preciso evitar estas palavras que soam algo absurdo, principalmente quando induzem perniciosamente ao erro. Indago, porém, quão poucos são os que, ao ouvir atribuir-se livre-arbítrio ao homem, imediatamente não o concebam ser senhor tanto de sua mente quanto da vontade, tanto que possa de si mesmo vergar-se para uma e outra dessas duas partes?
Contudo, alguém dirá que é preciso afastar perigo dessa natureza, se cuidadosamente o povo em geral for informado quanto ao exato sentido desta expressão. Na realidade, porém, como o coração humano propende espontaneamente para a falsidade, de uma palavrinha só o erro sorverá mais depressa do que faz extenso discurso em prol da verdade. Nesta própria expressão temos desta fato mais indisputável experiência do que seria de se almejar. Ora, enquanto se apega à etimologia do termo, deixada de lado aquela interpretação dos escritores antigos, quase toda a posteridade tem sido arrastada à ruinosa confiança pessoal.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. Volume 2, p. 34-35


Se uma escolha é feita sem qualquer motivação anterior, então ela é feita sem nenhuma razão, e, portanto, não pode ser julgada como boa ou má (não tem significado moral).

Escolha neutra (sem motivação anterior) -> Ausência de razão -> Ausência de significado moral


“Se uma escolha apenas acontece – apenas surge, sem nenhuma rima ou razão – então não pode ser julgada boa ou má. Quando Deus avalia nossas escolhas, ele está interessado em nosso motivos.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. Pág. 39.


“O segundo problema que essa visão popular enfrenta não é tanto moral como é racional. Se não há nenhuma inclinação ou desejo anteriores, nenhuma motivação anterior, ou razão para uma escolha, como pode uma escolha ser feita? Se a vontade é totalmente neutra, por que iria escolher a direita ou a esquerda? É algo como o problema encontrado por Alice no país das maravilhas, quando chegou a uma bifurcação na estrada. Ela não sabia para que lado ir. Ela viu o radioso gato Cheshire na árvore. Perguntou ao gato: “Para que lado devo seguir?” O gato replicou: “Para onde você está indo?” Alice respondeu: “Não sei” “Então”, disse o gato Cheshire, “isso não importa.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 40.


“Outra famosa ilustração do mesmo problema é encontrada na história da mula que tinha desejo neutro. A mula não tinha desejos anteriores, ou desejos iguais em duas direções. Seu proprietário pôs uma cesta de aveia à sua esquerda e uma cesta de trigo à sua direita. Se a mula não tivesse nenhum desejo, tanto pela aveia como pelo trigo, ela não escolheria nenhum e passaria fome. Se ela tivesse uma disposição exatamente igual para a aveia como tinha para o trigo, ainda assim iria passar fome. Sua disposição igual a deixaria paralisada. Não haveria motivo. Sem motivo, não haveria escolha. Sem escolha, não haveria comida. Sem comida, logo não haveria mula.
Precisamos rejeitar a teoria da vontade neutra não somente porque é irracional, mas porque é radicalmente antibíblica.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 40.



A VONTADE HUMANA É LIVRE OU MOTIVADA?

Já é pacífico na ciência contemporânea que o comportamento humano é motivado por necessidades e desejos, sendo que o homem age para satisfazê-los.

Tal entendimento foi amplamente estudado e explicado por vários estudiosos, dentre os quais destacou-se Abraham Maslow*, psicólogo americano que desenvolveu a pirâmide das necessidades.

*Abraham Maslow foi um psicólogo comportamental, membro da Human Relations School, em finais da década de 50. Abraham Maslow nasceu em Brooklyn, licenciou-se em Wisconsin e doutorou-se na Universidade de Columbia, onde também trabalhou no departamento de investigação. No Jardim Zoológico de Bronx, estudou o comportamento dos primatas e, entre 1945 e 1947, foi diretor-geral da Maslow Cooperage Corporation. Em 1951, lecionava Psicologia Social na Universidade de Brandeis. Maslow ficou conhecido pelo desenvolvimento da Teoria da Motivação Humana.


“Abraham Maslow sugeriu que muito do comportamento do ser humano pode ser explicado pelas suas necessidades e pelos seus desejos. Quando uma necessidade, em particular se torna ativa, ela pode ser considerada um estímulo à ação e uma impulsionadora das atividades do indivíduo. Essa necessidade determina o que passa a ser importante para o indivíduo e molda o seu comportamento como tal. Na teoria de Maslow, portanto, as necessidades se constituem em fontes de motivação.
O comportamento motivado pode ser encarado como uma ação que o indivíduo se obriga a tomar para aliviar a tensão (agradável ou desagradável) gerada pela presença da necessidade ou desejo. A ação é intencionalmente voltada para um objeto ou objetivo que aliviará a tensão interior.”


A teoria de Maslow demonstra que a vontade humana é sempre motivada para atender suas necessidades ou desejos.

“Nossas escolhas são determinadas por nossos desejos. Elas continuam sendo nossas escolhas porque são motivadas por nosso desejos. Isso é o que chamamos de autodeterminação, que é a essência da liberdade.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 41-42.


“Pense um pouco sobre suas escolhas. Como e por que elas são feitas? Nesse exato momento você está lendo as páginas deste livro. Por que? Você pegou este livro porque você tinha um interesse no assunto da predestinação, um desejo de aprender mais sobre esse complexo assunto? Talvez. Talvez este livro tenha sido dado a você para ler como uma tarefa. Talvez você esteja pensando: “Não tenho nenhum desejo de ler isso. Tenho de lê-lo, e estou me esforçando com dificuldade com isso para cumprir o desejo de outra pessoa de que eu o lesse. Todas as coisas sendo iguais, eu nunca escolheria ler esse livro.
Mas todas as coisas não são iguais, certo? Se você está lendo este livro por causa de algum tipo de dever, ou para atender a uma necessidade, você ainda teve de tomar uma decisão a respeito de atender a uma necessidade ou não atender a requisição. Você obviamente decidiu que era melhor ou mais desejável ler este livro do que deixá-lo de ler. Até aí tenho certeza, ou você não o estaria lendo bem agora.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 42.


Como visto, antes de ser analisado biblicamente, o conceito de livre-arbítrio enfrenta insuperáveis problemas de ordem moral e racional.



CAPACIDADE NATURAL E CAPACIDADE MORAL

Para entendermos corretamente o conceito bíblico do livre-arbítrio, é necessário distinguir a capacidade natural e a capacidade moral do homem.

Capacidade natural é a capacidade de agir conforme as atribuições que cada ser humano possui, como pensar, andar, ver, ouvir, falar etc. Exemplo: uma pessoa cega não possui a capacidade natural de ver, ao contrário de outras que não possuem essa limitação.

Capacidade moral é a capacidade do homem fazer escolhas boas, que agradem a Deus. É aqui que reside o problema, pois a Bíblia nos ensina que o pecado destruiu completamente a capacidade moral do homem.

Viu o SENHOR que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo o desígnio do seu coração. Gn 6.5


“Uma pessoa cujo coração só pode inclinar-se para o mal, certamente não procura nem pode procurar Deus.”
James Montgomery Boice e Philip Graham Ryken, The Doctrines of Grace: Rediscovering the Evangelical Gospel (Wheaton, IL: Crossway Books, 2002), 70 in Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 83


“Esta é uma das mais fortes e mais claras declarações acerca da natureza pecaminosa do homem. O pecado começa no pensamento. O povo do tempo de Noé era excessivamente iníquo, de dentro para fora.”
John MacArthur, The MacArthur Bible (Nashville, Londres, Vancouver, Melbourne: Word Bibles, 1997), 24 in Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 83


Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nenhum sequer. Rm 3.10-12

Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Ef 2.1-3



A VISÃO DE JESUS SOBRE A CAPACIDADE MORAL DO HOMEM

O que nosso Senhor Jesus Cristo tem a nos ensinar sobre este assunto?

A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez? Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te admites de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo que é nascido do Espírito. Jo 3.3-8

Neste texto Jesus ensinou que o homem nasce espiritualmente cego e completamente excluído do reino de Deus, como consequência do pecado.


Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. (...) E prosseguiu: Por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido. Jo 6.44,65

“Em termos nada imprecisos, Cristo declarou a escravidão da vontade humana não regenerada. Anunciou que ninguém pode vir a ele – significando que ninguém pode crer nele – independentemente da obra soberana de Deus. À vontade humana, em si, falta a capacidade de escolher Cristo ou de decidir-se por ele. Quando Jesus disse, “Ninguém pode vir a mim”, empregou intencionalmente o verbo ativo poder (ter pode para; conseguir) em contraste com o verbo auxiliar poder (talvez possa). [No inglês o contraste é entre can and may]. Essa importante distinção indica a diferença entre a capacidade do homem para crer e sua permissão para vir a Cristo.
Nesses versículos Jesus está dizendo que nenhuma pessoa não regenerada tem capacidade inerente de crer nele. Ele pode vir a Cristo – tem permissão para fazê-lo. Mas não pode fazê-lo – falta-lhe a necessária capacidade. Pondo em destaque em termos precisos essa verdade, Pink escreve: “Estas palavras de Cristo põem às claras as profundezas da depravação humana. Elas expõem abertamente a inveterada obstinação da vontade humana.”1 Leon Morris acrescenta: “As pessoas em geral gostam de sentir-se independentes. Acham que vêm ou que podem vir a Jesus firmados inteiramente em sua própria volição. Jesus nos garante que essa é uma total impossibilidade. Ninguém, absolutamente ninguém, pode vir a Cristo, a não ser que o Pai o atraia.”2
Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 389-390

1 Pink.Exposition of the Gospel of John, 336.
2 Leon Morris, The Gospel According to John, Revised Edition (Grand Rapids, MI: Eerdmans Publishing Co., 1995), 328-329.


“Portanto, indubitável nos é deixada esta verdade, a qual não pode ser abalada por nenhuma máquina de guerra: a mente do homem, está tão inteiramente alienada da justiça de Deus, que nada que não seja ímpio, pervertido, imundo, impuro, infame conceba, deseje, busque fazer, tão completamente besuntado está o coração do veneno do pecado, que nada pode exalar senão o que é totalmente pútrido. Porque, se alguns ostentam, por vezes, a aparência de bom, contudo a mente sempre permanece envolta em hipocrisia e enganosa tortuosidade, a sensibilidade enlaçada de íntima perversidade.” João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. Volume 2, p. 104


“Concluímos que o homem decaído ainda é livre para escolher o que deseja, mas, porque seus sentimentos são maus, falta-lhe a capacidade moral de vir a Cristo. Enquanto ele permanecer na carne, não regenerado, nunca escolherá a Cristo. Ele não pode escolher Cristo precisamente porque não pode agir contra própria vontade. Ele não tem desejo por Cristo. Ele não pode escolher o que não deseja. Sua queda é grande. É tão grande que somente a graça efetiva de Deus operando em seu coração pode trazê-lo à fé.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 56.


“Na passagem de João 6.44, Jesus Cristo diz: "Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer." Isto não deixa qualquer espaço para o "livre-arbítrio". E o Senhor Jesus passou a explicar como alguém é trazido pelo Pai: "Portanto, todo aquele que da parte do Pai tem ouvido e aprendido, esse vem a mim" (v. 45). A vontade humana, por si mesma, é incapaz de fazer qualquer coisa para vir a Cristo em busca da salvação. A própria mensagem do evangelho é ouvida em vão, a menos que o próprio Pai fale ao coração e traga a pessoa a Cristo. Erasmo pretende suavizar o sentido claro desse texto ao comparar os homens a ovelhas, que atendem ao pastor quando este lhes estende o cajado. Argumenta que nos homens há alguma coisa que responde ao chamado do evangelho.
Porém isso não acontece, porque quando Deus exibe o dom de seu próprio Filho a homens ímpios, estes não reagem favoravelmente antes que Ele opere em seus corações. De fato, sem a operação interna do Pai, os homens inclinam-se mais a odiar e perseguir ao Filho, do que a segui-Lo. Entretanto, quando Pai mostra aos homens quão maravilhoso é seu Filho, àqueles a quem tem dado entendimento espiritual, eles são atraídos a cristo. Essas pessoas já são "ovelhas" e conhecem a voz do pastor!”
Martinho Lutero, Nascido Escravo. Preparado por Cliffor Pond. Versão condensada e de fácil leitura do clássico "A Escravidão da Vontade" (Martinho Lutero), publicado inicialmente em 1525. São Paulo: Editora Fiel. 2 edição. 2007. e-Book gratuito divulgado pela Editora Fiel. p. 37-38.



ALGUNS TEXTOS UTILIZADOS PELOS DEFENSORES DOLIVRE-ARBÍTRIO

A breve exposição acima comprova a inexistência do livre-arbítrio do ser humano tanto moral como racional e espiritualmente.

Esta verdade vem sendo reafirmada sistematicamente ao longo da história da Igreja Cristã, desde os Pais da Igreja, passando pelos Reformadores até os dias atuais.

Porém, apesar disso, existem textos bíblicos que são utilizados de forma recorrente por aqueles que não aceitam a teologia reformada, para tentar comprovar a existência do livre-arbítrio e supostos equívocos nos chamados cinco pontos do calvinismo.

Para os interessados, sugiro a leitura atenta do site abaixo, que contém análise dos principais textos bíblicos utilizados pelos opositores da doutrina reformada:



Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida. Jo 5.40

Este texto bíblico já foi brilhantemente explicado por Charles Haddon Spurgeon, denominado o Príncipe dos Pregadores, em sermão pregado na manhã de Domingo, 02 de Dezembro de 1855 na capela de New Park Street, Southwark, Inglaterra.

A íntegra do sermão está disponível no link abaixo:


Para melhor compreensão do assunto, indico também a leitura do livro “Nascido Escravo”, de Martinho Lutero*.

*Martinho Lutero, Nascido Escravo. Preparado por Cliffor Pond. Versão condensada e de fácil leitura do clássico "A Escravidão da Vontade" (Martinho Lutero), publicado inicialmente em 1525. São Paulo: Editora Fiel. 2 edição. 2007. e-Book gratuito divulgado pela Editora Fiel. 101 p.


“Confesso que não gostaria de possuir "livre-arbítrio" ainda que o mesmo me fosse concedido! Se a minha salvação fosse deixada ao meu encargo, eu não conseguiria enfrentar vitoriosamente todos os perigos, dificuldades e demônios contra os quais teria que lutar. Porém, mesmo que não houvesse inimigos a combater, eu jamais poderia ter a certeza do sucesso. Eu jamais poderia ter a certeza de haver agradado a Deus, ou se haveria ainda mais alguma coisa que precisaria fazer. Posso provar isso mediante a minha própria experiência de muitos anos. Porém, a minha salvação está nas mãos de Deus, não nas minhas. Ele será fiel à sua promessa de salvar-me, não com base no que eu faço, mas em conformidade com a sua grande misericórdia. Deus não mente, e não permitirá que o meu adversário, o diabo, me arranque das suas mãos. Por meio do "livre-arbítrio", niguém poderá ser salvo. Mas, por meio da "livre-graça", muitos serão salvos. E não somente por isso, mas também alegro-me por saber que, como um cristão, agrado a Deus, não por causa daquilo que faço, mas por causa de sua graça. Se trabalho muito pouco ou errado demais, Ele, graciosamente, me perdoará e me fará melhorar. Essa é a glória de todo cristão.”
Martinho Lutero, Nascido Escravo. Preparado por Cliffor Pond. Versão condensada e de fácil leitura do clássico "A Escravidão da Vontade" (Martinho Lutero), publicado inicialmente em 1525. São Paulo: Editora Fiel. 2 edição. 2007. e-Book gratuito divulgado pela Editora Fiel. p. 39-40.



CONCLUSÕES

- O livre-arbítrio é definido como a capacidade de fazer escolhas livres e partindo de uma postura totalmente neutra, sem nenhuma influência.

- Se uma escolha é feita sem qualquer motivação anterior, então ela é feita sem nenhuma razão, e, portanto, não pode ser julgada como boa ou má (não tem significado moral).

- A teoria de Maslow demonstra que a vontade humana é sempre motivada para atender suas necessidades ou desejos. Se não há nenhuma inclinação, desejo ou motivação anteriores, ou razão para uma escolha, racionalmente é impossível que o homem escolha algo.

- O conceito de livre-arbítrio enfrenta insuperáveis problemas de ordem moral e racional.

- Jesus ensinou que o homem nasce espiritualmente cego e completamente excluído do reino de Deus, como consequência do pecado.

- O homem decaído ainda é livre para escolher o que deseja, mas, porque seus sentimentos são maus, falta-lhe a capacidade moral de vir a Cristo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário