segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Soberania de Deus na salvação - aula 08 - Expiação limitada - Por quem Jesus morreu?


SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO


AULA 08

EXPIAÇÃO LIMITADA
POR QUEM JESUS MORREU?



TÓPICOS DA AULA

- A extensão da expiação de Cristo
- Argumentos favoráveis à doutrina reformada
- Objeções quanto à expiação limitada



EXPIAÇÃO LIMITADA

Hoje estudaremos o terceiro ponto do calvinismo, denominado “expiação limitada”.

O principal questionamento quanto a este ponto refere-se à extensão ou propósito da expiação de Cristo, que pode ser resumido nas seguintes perguntas:

Por quem Jesus morreu?

Quando Cristo veio ao mundo para fazer a expiação pelo pecado, Ele a fez com a finalidade ou propósito de salvar somente os eleitos ou todos os homens?


DOUTRINA REFORMADA

“A posição reformada é que Cristo morreu com o propósito de salvar de fato e seguramente os eleitos, e somente os eleitos. Isso equivale a dizer que ele morreu com o propósito de salvar somente aqueles a quem ele de fato aplica os benefícios da sua obra redentora.”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 362


“Jesus ensinou que a sua morte salvífica na cruz seria exclusivamente por suas ovelhas. Ele ia sofrer morte substitutiva para garantir – não meramente tornar possível – a salvação daqueles que lhe foram dados pelo Pai. Na cruz ele daria a vida realmente para salvar seu povo. Esta salvação realizada plena e completamente é aplicada aos eleitos quando estes são poderosamente atraídos pelo Espírito Santo. Por sua morte, Cristo realizou uma real e verdadeira redenção em favor de suas ovelhas, não simplesmente uma redenção potencial para o mundo em geral.”
Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 400


Argumentos favoráveis à doutrina reformada (extraído e adaptado de Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 363):

1- Pode-se estabelecer, primeiramente, como princípio geral, que os desígnios de Deus sempre são seguramente eficazes e não podem ser frustrados pelas ações do homem. Isto se aplica também ao propósito divino de salvar os homens por intermédio da morte de nosso Senhor Jesus Cristo. Se fosse sua intenção salvar todos os homens, este propósito não poderia ser frustrado pela incredulidade do homem. Admite-se por todos os lados que são salvos os pecadores em número limitado. Consequentemente, estes são os únicos que Deus determinou-se a salvar.

A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? – diz o Santo. Is 40:25

Todos os moradores da terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes? Dn 4:34


2- A Escritura qualifica repetidamente aqueles pelos quais Cristo entregou sua vida de tal maneira que indica uma limitação muito definida. Aqueles por quem ele sofreu e morreu são variadamente chamados suas “ovelhas”, “minhas ovelhas”, Sua “Igreja”, “o seu povo” e “os eleitos”.

Porque eu desci do céu, não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou. E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. Jo 6:38-39

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. (...) Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor. Jo 10:11,16

Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. At 20:28

Ela dará a luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Mt 1:21

Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós.Rm 8:32-24


3- A obra sacrificial de Cristo e sua obra intercessória são simplesmente dois aspectos diferentes da sua obra expiatória e, portanto, o alcance de uma não pode ser mais amplo que o da outra. Ora, Cristo limita mui definidamente a sua obra intercessória, quando diz: “não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”, Jo 17.9. Por que limitaria ele a sua oração intercessória, se de fato pagou o preço por todos?



OBJEÇÕES QUANTO À EXPIAÇÃO LIMITADA

Extraído e adaptado de Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 364-366

1- Há passagens que ensinam que Cristo morreu pelo mundo, Jo 1:29; 3.16; 6.33,51; Rm 11.12,15; 2Co 5.19; 1Jo 2.2.

“Contudo, neste ponto surge uma dificuldade, devido ao amplo uso que João faz da palavra mundo (em grego, kosmos). Ela ocorre no Novo Testamento 185 vezes, das quais setenta e oito estão no Evangelho de João, em contraste com oito vezes no Evangelho de Mateus, três vezes no Evangelho em Marcos e três vezes em Lucas. O termo mundo é definidamente uma palavra joanina, porquanto é empregada também vinte e quatro vezes em suas três epístolas e três vezes no Livro de Apocalipse. No quarto evangelho, o termo mundo é empregado numa ampla gama de aspectos. O zeloso estudioso da Bíblia deve ser observador e notar essas distinções para evitar interpretações errôneas e mal-entendidos, e para determinar o que Cristo estava dizendo acerca de sua obra expiatória.”
Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 400


“Poderíamos também traduzi-la [a palavra mundo] como “a raça humana”. Nesse sentido é dito que Deus amou o mundo e deu seu Filho unigênito por ele (Jo 3.16), que o mundo é objeto dos seus propósitos salvíficos (Jo 3:17), que Jesus morreu por ele (1Jo 2.2), e que ele é o seu Salvador (Jo 4.42, 1Jo 4.14). Quanto a esse uso da palavra, é preciso entender que se refere à raça humana coletivamente e não necessariamente a cada indivíduo, pois, de outro modo, os versículos citados implicariam a salvação universal de todos os seres humanos, o que é claramente repudiado noutras passagens.”
Boice, The Gospel of Jhon, Vol 4: Peace in Storm, Jhon 13-17, 998 in Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 404


2- Há passagens que ensinam que Cristo morreu por todos os homens, Rm 5.18; 1Co 15.22; 2Co 5.14; 1Tm 2.4, 6; Tt 2.11; Hb 2.9; 2Pe 3.9.

“Se a palavra “todos” nestas passagens não for interpretada num sentido limitado, elas ensinarão, não apenas que Cristo tornou a salvação possível para todos os homens, mas, sim, que ele de fato salva todos, sem exceção. Assim, o Arminianismo será empurrado para o campo do Universalismo extremo, onde ele não deseja estar.”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 365


3- O texto de 2Pe 3.9 ensina que Deus não quer que ninguém se perca, logo, Ele deseja que todos os homens sejam salvos.

“2Pedro 3.9 não fala da salvação de todos os homens e mulheres, mas unicamente dos eleitos. O ponto em foco é a demora da volta de Cristo, e Pedro explica que Deus a tem postergado, não por indiferença para conosco e pelo que talvez soframos, mas porque quer trazer ao arrependimento todos os que antecipadamente determinou que fossem reunidos. Se Cristo viesse agora, haveria gerações de pessoas não renascidas, incluindo gerações de cristãos ainda por virem e que não estariam no céu, ou que não viriam a estar no céu. Por isso, “O Senhor não demora em cumprira sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém [nenhum dos eleitos] pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.”
Boice e Ryken, The Doctrines of Grace: Rediscovering the Evangelical Gospel, 127 in Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 481


“O termo vocês refere-se tanto aos leitores imediatos de Pedro como aos que virão à fé em Cristo Jesus (cf. Jo 10.16). Alguns têm argumentado que vocês inclui todas as pessoas. Mas o contexto imediato e os comentários acerca da “destruição do ímpio” (versículo 7) claramente limitam o vocês aos crentes. [...] O contexto indica que ninguém e todos limitam-se aos eleitos – a saber, àqueles que o Senhor escolheu e que chama ou chamará a si. Dizendo a mesma verdade de outro modo, Cristo não voltará enquanto toda e qualquer pessoa que Deus escolheu não seja salva. Ao empregar o termo vocês (uma referência aos leitores crentes de Pedro), o apóstolo limita ninguém e todos à esfera dos seres humanos eleitos.”
MacArthur, The MacArthur New Testament Commentary, 2 Peter & Jude, 122-123 in Steven J. Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora Fiel, 2012. p. 481


As Escrituras são claras ao anunciarem que Cristo é Soberano e amoroso Deus, e deu sua vida graciosamente para salvar os eleitos, e somente estes, da condenação eterna.

“Nossa eleição é em Cristo. Somos salvos por ele, nele e para ele. O motivo para a nossa salvação não é meramente o amor que Deus tem por nós. É especialmente baseada no amor que o Pai tem pelo Filho. Deus insiste que seu Filho verá o trabalho de sua alma e ficará satisfeito. Nunca houve a menor possibilidade de que Cristo pudesse ter morrido em vão. Se o homem está verdadeiramente morto no pecado e preso ao pecado, uma mera expiação potencial ou condicional não somente pode ter acabado em fracasso, como muito certamente teria acabado em fracasso. Os arminianos não têm razão verdadeira para crer que Jesus não morreu em vão. São deixados com um Cristo que tentou salvar a todos, mas na realidade não salvou ninguém”.
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 154.



CONCLUSÕES

- O principal questionamento quanto ao terceiro ponto do calvinismo refere-se à extensão ou propósito da expiação de Cristo.

- A posição reformada é que Cristo morreu com o propósito de salvar de fato e seguramente os eleitos, e somente os eleitos.

- Se a intenção de Cristo fosse salvar todos os homens, este propósito não poderia ser frustrado pela incredulidade do homem.

- A obra sacrificial de Cristo e sua obra intercessória são dois aspectos da sua obra expiatória; Cristo intercedeu somente por aqueles aos quais deu a sua vida na cruz.

- As objeções quanto à expiação limitada são fruto de interpretação incorreta das palavras "mundo" e "todos" constantes nas Escrituras.


Nenhum comentário:

Postar um comentário