SOBERANIA DE DEUS
NA SALVAÇÃO
AULA 08
EXPIAÇÃO LIMITADA
POR QUEM JESUS
MORREU?
TÓPICOS DA AULA
- A extensão da
expiação de Cristo
- Argumentos
favoráveis à doutrina reformada
- Objeções quanto
à expiação limitada
EXPIAÇÃO LIMITADA
Hoje estudaremos o terceiro ponto do
calvinismo, denominado “expiação limitada”.
O principal questionamento quanto a este ponto
refere-se à extensão ou propósito da expiação de Cristo, que pode ser resumido
nas seguintes perguntas:
Por quem Jesus
morreu?
Quando Cristo
veio ao mundo para fazer a expiação pelo pecado, Ele a fez com a finalidade ou
propósito de salvar somente os eleitos ou todos os homens?
DOUTRINA
REFORMADA
“A posição
reformada é que Cristo morreu com o propósito de salvar de fato e seguramente
os eleitos, e somente os eleitos. Isso equivale a dizer que ele morreu com o
propósito de salvar somente aqueles a quem ele de fato aplica os benefícios da
sua obra redentora.”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 362
“Jesus ensinou
que a sua morte salvífica na cruz seria exclusivamente por suas ovelhas. Ele ia
sofrer morte substitutiva para garantir – não meramente tornar possível – a
salvação daqueles que lhe foram dados pelo Pai. Na cruz ele daria a vida
realmente para salvar seu povo. Esta salvação realizada plena e completamente é
aplicada aos eleitos quando estes são poderosamente atraídos pelo Espírito
Santo. Por sua morte, Cristo realizou uma real e verdadeira redenção em favor
de suas ovelhas, não simplesmente uma redenção potencial para o mundo em
geral.”
Steven J. Lawson,
Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos:
volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora
Fiel, 2012. p. 400
Argumentos favoráveis à doutrina reformada
(extraído e adaptado de Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por
Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 363):
1- Pode-se estabelecer, primeiramente, como
princípio geral, que os desígnios de Deus sempre são seguramente eficazes e não
podem ser frustrados pelas ações do homem. Isto se aplica também ao propósito
divino de salvar os homens por intermédio da morte de nosso Senhor Jesus
Cristo. Se fosse sua intenção salvar todos os homens, este propósito não
poderia ser frustrado pela incredulidade do homem. Admite-se por todos os lados
que são salvos os pecadores em número limitado. Consequentemente, estes são os
únicos que Deus determinou-se a salvar.
A quem, pois, me
comparareis para que eu lhe seja igual? – diz o Santo. Is 40:25
Todos os moradores da
terra são por ele reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ele opera com o
exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem
lhe dizer: Que fazes? Dn 4:34
2- A Escritura qualifica repetidamente aqueles
pelos quais Cristo entregou sua vida de tal maneira que indica uma limitação
muito definida. Aqueles por quem ele sofreu e morreu são variadamente chamados
suas “ovelhas”, “minhas ovelhas”, Sua “Igreja”, “o seu povo” e “os eleitos”.
Porque eu desci do céu,
não para fazer a minha própria vontade, e sim a vontade daquele que me enviou.
E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me
deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. Jo 6:38-39
Eu sou o bom pastor. O
bom pastor dá a vida pelas ovelhas. (...) Ainda tenho outras ovelhas, não deste
aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá
um rebanho e um pastor. Jo 10:11,16
Atendei por vós e por
todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. At
20:28
Ela dará a luz um filho e
lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles. Mt
1:21
Aquele que não poupou o
seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará
graciosamente com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os
eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus
quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também
intercede por nós.Rm 8:32-24
3- A obra sacrificial de Cristo e sua obra
intercessória são simplesmente dois aspectos diferentes da sua obra expiatória
e, portanto, o alcance de uma não pode ser mais amplo que o da outra. Ora,
Cristo limita mui definidamente a sua obra intercessória, quando diz: “não rogo
pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus”, Jo 17.9. Por que
limitaria ele a sua oração intercessória, se de fato pagou o preço por todos?
OBJEÇÕES QUANTO À
EXPIAÇÃO LIMITADA
Extraído e adaptado de Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 364-366
1- Há passagens que ensinam que Cristo morreu
pelo mundo, Jo 1:29; 3.16; 6.33,51; Rm 11.12,15; 2Co 5.19; 1Jo 2.2.
“Contudo, neste
ponto surge uma dificuldade, devido ao amplo uso que João faz da palavra mundo
(em grego, kosmos). Ela ocorre no Novo Testamento 185 vezes, das quais
setenta e oito estão no Evangelho de João, em contraste com oito vezes no
Evangelho de Mateus, três vezes no Evangelho em Marcos e três vezes em Lucas. O
termo mundo é definidamente uma palavra joanina, porquanto é empregada
também vinte e quatro vezes em suas três epístolas e três vezes no Livro de
Apocalipse. No quarto evangelho, o termo mundo é empregado numa ampla
gama de aspectos. O zeloso estudioso da Bíblia deve ser observador e notar
essas distinções para evitar interpretações errôneas e mal-entendidos, e para
determinar o que Cristo estava dizendo acerca de sua obra expiatória.”
Steven J. Lawson,
Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos:
volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora
Fiel, 2012. p. 400
“Poderíamos
também traduzi-la [a palavra mundo] como “a raça humana”. Nesse sentido
é dito que Deus amou o mundo e deu seu Filho unigênito por ele (Jo 3.16), que o
mundo é objeto dos seus propósitos salvíficos (Jo 3:17), que Jesus morreu por
ele (1Jo 2.2), e que ele é o seu Salvador (Jo 4.42, 1Jo 4.14). Quanto a esse
uso da palavra, é preciso entender que se refere à raça humana coletivamente e
não necessariamente a cada indivíduo, pois, de outro modo, os versículos
citados implicariam a salvação universal de todos os seres humanos, o que é
claramente repudiado noutras passagens.”
Boice, The Gospel
of Jhon, Vol 4: Peace in Storm, Jhon 13-17, 998 in Steven J. Lawson,
Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos piedosos:
volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo: Editora
Fiel, 2012. p. 404
2- Há passagens que ensinam que Cristo morreu
por todos os homens, Rm 5.18; 1Co 15.22; 2Co 5.14; 1Tm 2.4, 6; Tt 2.11; Hb 2.9;
2Pe 3.9.
“Se a palavra
“todos” nestas passagens não for interpretada num sentido limitado, elas
ensinarão, não apenas que Cristo tornou a salvação possível para todos os
homens, mas, sim, que ele de fato salva todos, sem exceção. Assim, o
Arminianismo será empurrado para o campo do Universalismo extremo, onde ele não
deseja estar.”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 365
3- O texto de 2Pe 3.9 ensina que Deus não quer
que ninguém se perca, logo, Ele deseja que todos os homens sejam salvos.
“2Pedro 3.9 não
fala da salvação de todos os homens e mulheres, mas unicamente dos eleitos. O
ponto em foco é a demora da volta de Cristo, e Pedro explica que Deus a tem
postergado, não por indiferença para conosco e pelo que talvez soframos, mas
porque quer trazer ao arrependimento todos os que antecipadamente determinou
que fossem reunidos. Se Cristo viesse agora, haveria gerações de pessoas não
renascidas, incluindo gerações de cristãos ainda por virem e que não estariam
no céu, ou que não viriam a estar no céu. Por isso, “O Senhor não demora em
cumprira sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com
vocês, não querendo que ninguém [nenhum dos eleitos] pereça, mas que todos
cheguem ao arrependimento.”
Boice e Ryken,
The Doctrines of Grace: Rediscovering the Evangelical Gospel, 127 in Steven J.
Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos
piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo:
Editora Fiel, 2012. p. 481
“O termo vocês
refere-se tanto aos leitores imediatos de Pedro como aos que virão à fé em
Cristo Jesus (cf. Jo 10.16). Alguns têm argumentado que vocês inclui
todas as pessoas. Mas o contexto imediato e os comentários acerca da
“destruição do ímpio” (versículo 7) claramente limitam o vocês aos
crentes. [...] O contexto indica que ninguém e todos limitam-se
aos eleitos – a saber, àqueles que o Senhor escolheu e que chama ou chamará a
si. Dizendo a mesma verdade de outro modo, Cristo não voltará enquanto toda e
qualquer pessoa que Deus escolheu não seja salva. Ao empregar o termo vocês
(uma referência aos leitores crentes de Pedro), o apóstolo limita ninguém
e todos à esfera dos seres humanos eleitos.”
MacArthur, The
MacArthur New Testament Commentary, 2 Peter & Jude, 122-123 in Steven J.
Lawson, Fundamentos da Graça: 1.400 A.C. – 100 D.C.: longa linha de vultos
piedosos: volume 1; tradução Odair Olivetti. São José dos Campos, São Paulo:
Editora Fiel, 2012. p. 481
As Escrituras são claras ao anunciarem que
Cristo é Soberano e amoroso Deus, e deu sua vida graciosamente para salvar os
eleitos, e somente estes, da condenação eterna.
“Nossa eleição é
em Cristo. Somos salvos por ele, nele e para ele. O motivo para a nossa
salvação não é meramente o amor que Deus tem por nós. É especialmente baseada
no amor que o Pai tem pelo Filho. Deus insiste que seu Filho verá o trabalho de
sua alma e ficará satisfeito. Nunca houve a menor possibilidade de que Cristo
pudesse ter morrido em vão. Se o homem está verdadeiramente morto no pecado e
preso ao pecado, uma mera expiação potencial ou condicional não somente pode
ter acabado em fracasso, como muito certamente teria acabado em
fracasso. Os arminianos não têm razão verdadeira para crer que Jesus não morreu
em vão. São deixados com um Cristo que tentou salvar a todos, mas na realidade
não salvou ninguém”.
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 154.
CONCLUSÕES
- O principal
questionamento quanto ao terceiro ponto do calvinismo refere-se à extensão ou
propósito da expiação de Cristo.
- A posição
reformada é que Cristo morreu com o propósito de salvar de fato e seguramente
os eleitos, e somente os eleitos.
- Se a intenção de
Cristo fosse salvar todos os homens, este propósito não poderia ser frustrado
pela incredulidade do homem.
- A obra
sacrificial de Cristo e sua obra intercessória são dois aspectos da sua obra
expiatória; Cristo intercedeu somente por aqueles aos quais deu a sua vida na
cruz.
- As objeções
quanto à expiação limitada são fruto de interpretação incorreta das palavras
"mundo" e "todos" constantes nas Escrituras.
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