SOBERANIA DE DEUS
NA SALVAÇÃO
AULA 07
PRESCIÊNCIA E
PREDESTINAÇÃO
TÓPICOS DA AULA
- Vídeo R.C.
Sproul
- Presciência
- O homem caído:
vontade livre ou escravidão?
- A escolha de
Jacó e a rejeição de Esaú
- Eleição
incondicional: injustiça da parte de Deus?
Iniciaremos nosso estudo com a palestra
abaixo, ministrada pelo Rev. R.C. Sproul:
Eleição Incondicional:
PRESCIÊNCIA
Como vimos na aula passada, os arminianos
defendem o conceito de presciência, que pode ser definido da seguinte forma:
“Em poucas
palavras, essa visão ensina que, desde toda a eternidade, Deus sabia como
iríamos viver. Ele sabia antecipadamente se iríamos receber Cristo ou rejeitar
Cristo. Ele conhecia nossas livres escolhas antes que as tivéssemos feito. A
escolha que Deus fez de nosso destino eterno, então, foi feita baseada no que
ele sabia que nós escolheríamos. Ele nos escolhe porque sabe, de antemão, que
nós o escolheremos. Os eleitos, então, são aqueles que Deus sabe que escolherão
Cristo livremente.” R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 97.
Os defensores desse conceito argumentam que
ele é correto porque preserva tanto o decreto de Deus como a responsabilidade
do homem. Deus não é arbitrário ou injusto e o homem não é uma marionete.
“A base para
nosso julgamento final está, em última análise, sobre nossa decisão a favor ou
contra Cristo.” R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 97.
Talvez o principal texto utilizado pelos
arminianos para defender a presciência seja Rm 8:29-30.
Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem
conforme à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou,
a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Rm
8:29-30
Para os arminianos, este texto prova que Deus
escolhe os eleitos com base no conhecimento prévio (presciência) de quem
escolheria Deus.
Porém, tal ensinamento não é correto.
O texto de Rm. 8:29-30 não fala que Deus
escolhe pessoas com base nas escolhas que essas pessoas fariam no futuro, mas fala
que Deus escolhe pessoas que ele conhece de antemão.
É óbvio que Deus escolhe pessoas que conhece
de antemão. Deus é onisciente, e, portanto, conhece tudo que pode ser
conhecido, tanto do passado como do presente e do futuro – Deus conhece tudo de
todas as suas criaturas.
A presciência do texto não se refere às
atitudes das pessoas, mas sim ao conhecimento exaustivo que Deus tem de tudo e
de todos.
O HOMEM CAÍDO:
VONTADE LIVRE OU ESCRAVIDÃO?
Apesar de o texto de Rm 8:29-30 não dizer
isso, vamos admitir que a presciência seja o conhecimento que Deus tem daqueles
que O aceitariam, a fim de tentar compreender as consequências desta afirmação.
Como essa ideia se harmoniza com o restante
das Sagradas Escrituras?
Já vimos nas aulas anteriores que o pecado
trouxe sérias consequências ao homem: a própria queda, a perda da liberdade, a
obstrução do conhecimento, a perda da graça de Deus, a perda do paraíso, a
presença da concupiscência, a morte física e a culpa hereditária (o pecado
original).
A Bíblia é clara ao afirmar a podridão do
homem após a queda:
Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente
corrupto; que o conhecerá? Jr 17:9
A alma que pecar, essa morrerá (...). Ez 18:20
Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a
Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem,
não há nenhum sequer. Rm 3:10-18
Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos
pecaram. Rm 5:12
porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a
vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Rm 6:23
Em resumo, o pecado trouxe ao homem os
seguintes castigos: morte espiritual, sofrimentos da vida, morte física e morte
eterna.
O apóstolo Paulo é claro ao afirmar que a
salvação foi dada por Deus a pessoas que não buscavam e nem pensavam a respeito
disso.
E Isaías a mais se atreve e diz: Fui achado pelos que não me
procuravam, revelei-me aos que não perguntavam por mim. Rm 10:20
Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles
que não me buscavam; a um povo que não se chamava do meu nome, eu disse: Eis-me
aqui, eis-me aqui. Is 65:1
Esses textos demonstram que o homem caído não
pensa sobre Deus, ao contrário, ele foge do Seu Criador como Adão fugiu de Deus
logo após ter pecado.
Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração
do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por
entre as árvores do jardim. Gn 3:8
Se Deus fosse salvar aqueles que o
escolheriam, ninguém seria salvo, pois nenhum homem caído escolhe a Deus, todos
escolhem fugir de Deus.
A ESCOLHA DE JACÓ
E A REJEIÇÃO DE ESAÚ
A Palavra de Deus é clara ao afirmar que a
eleição decorre unicamente da vontade de Deus, conforme Rm 9:9-13:
“Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo virei, e Sara terá
um filho. E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque,
nosso pai. E não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal
(para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras,
mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais
moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. Rm 9:9-13
O texto utiliza o exemplo dos filhos de
Isaque, o filho da promessa, para demonstrar que Deus escolhe seus eleitos
unicamente de acordo com sua livre vontade soberana.
1- Esaú e Jacó eram gêmeos, isto é, tão
próximos de uma semelhança natural quanto possível;
2- O propósito de Deus reverteu até mesmo a
distinção natural que existia entre eles, já que Esaú (o mais velho) teve que
servir a seu irmão mais novo;
3- Esse propósito divino foi estabelecido
antes do nascimento deles (e, portanto, independentemente de suas ações). A
eleição não está baseada em ações, feitos ou fé antevistos. Ao contrário, ela
se baseia na graça soberana e predestinadora de Deus.
Extraído e
adaptado da Bíblia de Estudo de Genebra, comentários ao texto de Rm 9:11-13
ELEIÇÃO
INCONDICIONAL: INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS?
O próprio apóstolo Paulo faz uma pergunta
retórica para afastar qualquer dúvida a respeito da eleição unicamente pela
livre vontade de Deus.
Que diremos pois? Há injustiça da parte de Deus? Rm 9:14a
Ora, é evidente que ninguém acusaria Deus de
injustiça de acordo com as doutrinas arminianas e semipelagianas. Se Deus
escolhe aqueles que o escolheram e rejeita os que o rejeitaram, não há
injustiça nenhuma nisso.
A objeção de injustiça de Deus somente pode
ser atribuída àqueles que creem que Deus escolhe os eleitos apenas por sua
vontade soberana. Deus é injusto por escolher alguns e não escolher todos.
Porém, o apóstolo Paulo é firme ao afirmar que
Deus não é injusto, pois concede misericórdia e justiça conforme sua vontade
soberana.
De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me
aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão.
Assim, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua
misericórdia. Rm 9:14b-16
Deus seria injusto se não concedesse ao homem
algo de direito, algo merecido. Mas o homem pecou e, por isso, passou a merecer
de Deus a morte (física, espiritual e eterna). Deus seria perfeitamente justo
se deixasse toda a humanidade perecer no inferno, como castigo pelo pecado.
Misericórdia não é justiça, mas também não é
injustiça.
- Justiça: dar a
alguém o que ele merece
- Não-justiça:
Misericórdia: dar
a alguém o que ele não merece
Injustiça: não
dar a alguém o que ele merece
“Existe justiça e
existe não-justiça. Não-justiça inclui tudo fora da categoria da justiça. Na
categoria de não-justiça encotramos dois subconceitos, injustiça e
misericórdia. Misericórdia é uma boa forma de não-justiça, enquanto injustiça é
uma forma má de não-justiça. No plano da salvação, Deus não faz nada mau. Ele
nunca comete uma injustiça. Algumas pessoas recebem justiça, que é o que elas
merecem, enquanto outras pessoas recebem misericórdia. Novamente, o fato de
alguém receber misericórdia não requer que outros a recebam também. Deus
reserva-se o direito da clemência executiva.
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 29.
CONCLUSÕES
- Presciência
significa que Deus escolhe os que ele já sabia, de antemão, que também o
escolheriam. Tal teoria preserva tanto o decreto de Deus como a
responsabilidade do homem.
- A presciência
descrita no texto de Rm 8:29-30 não se refere às atitudes das pessoas, mas diz
respeito ao conhecimento exaustivo que Deus tem de tudo e de todos.
- Se Deus fosse
salvar aqueles que o escolheriam, ninguém seria salvo, pois o homem caído não
pensa em Deus, ele foge do seu Criador.
- Deus escolheu
Jacó e rejeitou Esaú por sua vontade soberana.
- Deus nunca é
injusto, Ele concede misericórdia aos eleitos e justiça aos não eleitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário