sábado, 1 de novembro de 2014

Soberania de Deus na salvação - aula 07 - Presciência e predestinação


SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO


AULA 07

PRESCIÊNCIA E PREDESTINAÇÃO



TÓPICOS DA AULA

- Vídeo R.C. Sproul
- Presciência
- O homem caído: vontade livre ou escravidão?
- A escolha de Jacó e a rejeição de Esaú
- Eleição incondicional: injustiça da parte de Deus?



Iniciaremos nosso estudo com a palestra abaixo, ministrada pelo Rev. R.C. Sproul:

Eleição Incondicional:




PRESCIÊNCIA

Como vimos na aula passada, os arminianos defendem o conceito de presciência, que pode ser definido da seguinte forma:

“Em poucas palavras, essa visão ensina que, desde toda a eternidade, Deus sabia como iríamos viver. Ele sabia antecipadamente se iríamos receber Cristo ou rejeitar Cristo. Ele conhecia nossas livres escolhas antes que as tivéssemos feito. A escolha que Deus fez de nosso destino eterno, então, foi feita baseada no que ele sabia que nós escolheríamos. Ele nos escolhe porque sabe, de antemão, que nós o escolheremos. Os eleitos, então, são aqueles que Deus sabe que escolherão Cristo livremente.” R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 97.


Os defensores desse conceito argumentam que ele é correto porque preserva tanto o decreto de Deus como a responsabilidade do homem. Deus não é arbitrário ou injusto e o homem não é uma marionete.

“A base para nosso julgamento final está, em última análise, sobre nossa decisão a favor ou contra Cristo.” R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 97.


Talvez o principal texto utilizado pelos arminianos para defender a presciência seja Rm 8:29-30.

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conforme à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou. Rm 8:29-30


Para os arminianos, este texto prova que Deus escolhe os eleitos com base no conhecimento prévio (presciência) de quem escolheria Deus.

Porém, tal ensinamento não é correto.

O texto de Rm. 8:29-30 não fala que Deus escolhe pessoas com base nas escolhas que essas pessoas fariam no futuro, mas fala que Deus escolhe pessoas que ele conhece de antemão.

É óbvio que Deus escolhe pessoas que conhece de antemão. Deus é onisciente, e, portanto, conhece tudo que pode ser conhecido, tanto do passado como do presente e do futuro – Deus conhece tudo de todas as suas criaturas.

A presciência do texto não se refere às atitudes das pessoas, mas sim ao conhecimento exaustivo que Deus tem de tudo e de todos.



O HOMEM CAÍDO: VONTADE LIVRE OU ESCRAVIDÃO?

Apesar de o texto de Rm 8:29-30 não dizer isso, vamos admitir que a presciência seja o conhecimento que Deus tem daqueles que O aceitariam, a fim de tentar compreender as consequências desta afirmação.

Como essa ideia se harmoniza com o restante das Sagradas Escrituras?

Já vimos nas aulas anteriores que o pecado trouxe sérias consequências ao homem: a própria queda, a perda da liberdade, a obstrução do conhecimento, a perda da graça de Deus, a perda do paraíso, a presença da concupiscência, a morte física e a culpa hereditária (o pecado original).


A Bíblia é clara ao afirmar a podridão do homem após a queda:

Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; que o conhecerá? Jr 17:9

A alma que pecar, essa morrerá (...). Ez 18:20

Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nenhum sequer. Rm 3:10-18

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Rm 5:12

porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor. Rm 6:23


Em resumo, o pecado trouxe ao homem os seguintes castigos: morte espiritual, sofrimentos da vida, morte física e morte eterna.

O apóstolo Paulo é claro ao afirmar que a salvação foi dada por Deus a pessoas que não buscavam e nem pensavam a respeito disso.

E Isaías a mais se atreve e diz: Fui achado pelos que não me procuravam, revelei-me aos que não perguntavam por mim. Rm 10:20

Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles que não me buscavam; a um povo que não se chamava do meu nome, eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui. Is 65:1


Esses textos demonstram que o homem caído não pensa sobre Deus, ao contrário, ele foge do Seu Criador como Adão fugiu de Deus logo após ter pecado.

Quando ouviram a voz do SENHOR Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do SENHOR Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. Gn 3:8


Se Deus fosse salvar aqueles que o escolheriam, ninguém seria salvo, pois nenhum homem caído escolhe a Deus, todos escolhem fugir de Deus.



A ESCOLHA DE JACÓ E A REJEIÇÃO DE ESAÚ

A Palavra de Deus é clara ao afirmar que a eleição decorre unicamente da vontade de Deus, conforme Rm 9:9-13:

“Porque a palavra da promessa é esta: Por esse tempo virei, e Sara terá um filho. E não ela somente, mas também Rebeca, ao conceber de um só, Isaque, nosso pai. E não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse, não por obras, mas por aquele que chama), já fora dito a ela: O mais velho será servo do mais moço. Como está escrito: Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú. Rm 9:9-13


O texto utiliza o exemplo dos filhos de Isaque, o filho da promessa, para demonstrar que Deus escolhe seus eleitos unicamente de acordo com sua livre vontade soberana.

1- Esaú e Jacó eram gêmeos, isto é, tão próximos de uma semelhança natural quanto possível;
2- O propósito de Deus reverteu até mesmo a distinção natural que existia entre eles, já que Esaú (o mais velho) teve que servir a seu irmão mais novo;
3- Esse propósito divino foi estabelecido antes do nascimento deles (e, portanto, independentemente de suas ações). A eleição não está baseada em ações, feitos ou fé antevistos. Ao contrário, ela se baseia na graça soberana e predestinadora de Deus.
Extraído e adaptado da Bíblia de Estudo de Genebra, comentários ao texto de Rm 9:11-13



ELEIÇÃO INCONDICIONAL: INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS?

O próprio apóstolo Paulo faz uma pergunta retórica para afastar qualquer dúvida a respeito da eleição unicamente pela livre vontade de Deus.

Que diremos pois? Há injustiça da parte de Deus? Rm 9:14a

Ora, é evidente que ninguém acusaria Deus de injustiça de acordo com as doutrinas arminianas e semipelagianas. Se Deus escolhe aqueles que o escolheram e rejeita os que o rejeitaram, não há injustiça nenhuma nisso.

A objeção de injustiça de Deus somente pode ser atribuída àqueles que creem que Deus escolhe os eleitos apenas por sua vontade soberana. Deus é injusto por escolher alguns e não escolher todos.

Porém, o apóstolo Paulo é firme ao afirmar que Deus não é injusto, pois concede misericórdia e justiça conforme sua vontade soberana.

De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão. Assim, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia. Rm 9:14b-16


Deus seria injusto se não concedesse ao homem algo de direito, algo merecido. Mas o homem pecou e, por isso, passou a merecer de Deus a morte (física, espiritual e eterna). Deus seria perfeitamente justo se deixasse toda a humanidade perecer no inferno, como castigo pelo pecado.

Misericórdia não é justiça, mas também não é injustiça.

- Justiça: dar a alguém o que ele merece
- Não-justiça:
Misericórdia: dar a alguém o que ele não merece
Injustiça: não dar a alguém o que ele merece


“Existe justiça e existe não-justiça. Não-justiça inclui tudo fora da categoria da justiça. Na categoria de não-justiça encotramos dois subconceitos, injustiça e misericórdia. Misericórdia é uma boa forma de não-justiça, enquanto injustiça é uma forma má de não-justiça. No plano da salvação, Deus não faz nada mau. Ele nunca comete uma injustiça. Algumas pessoas recebem justiça, que é o que elas merecem, enquanto outras pessoas recebem misericórdia. Novamente, o fato de alguém receber misericórdia não requer que outros a recebam também. Deus reserva-se o direito da clemência executiva.
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 29.



CONCLUSÕES

- Presciência significa que Deus escolhe os que ele já sabia, de antemão, que também o escolheriam. Tal teoria preserva tanto o decreto de Deus como a responsabilidade do homem.

- A presciência descrita no texto de Rm 8:29-30 não se refere às atitudes das pessoas, mas diz respeito ao conhecimento exaustivo que Deus tem de tudo e de todos.

- Se Deus fosse salvar aqueles que o escolheriam, ninguém seria salvo, pois o homem caído não pensa em Deus, ele foge do seu Criador.

- Deus escolheu Jacó e rejeitou Esaú por sua vontade soberana.

- Deus nunca é injusto, Ele concede misericórdia aos eleitos e justiça aos não eleitos.

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