Hoje chegamos ao final deste curso. Espero que as aulas possam contribuir para uma maior compreensão do assunto de modo específico e da Palavra de Deus de modo geral, bem como para fortalecer a fé dos cristãos.
Agradeço ao Senhor por ter permitido a elaboração dessas aulas. A Ele toda glória e honra hoje e pelos séculos dos séculos.
SOBERANIA DE DEUS
NA SALVAÇÃO
AULA 10
GRAÇA
IRRESISTÍVEL E
PERSEVERANÇA DOS
SANTOS
TÓPICOS DA AULA
- Graça comum:
definição
- Meios de ação da
graça comum
- Frutos da graça
comum
- Distinção entre
graça comum e graça especial
- Graça
irresistível: Deus força as pessoas a irem para o céu?
- Definições do
termo “graça” na obra da redenção
- Perseverança dos
santos: conceito
- Provas bíblicas
da doutrina da perseverança dos santos
- Principais
objeções à doutrina da perseverança dos santos
GRAÇA COMUM
“(...) Como
podemos explicar a vida relativamente ordenada que há no mundo, se sabemos que
o mundo inteiro jaz sob a maldição do pecado? Como é que a terra dá fruto
precioso e abundante, em vez de só produzir espinhos e abrolhos? Como podemos
explicar o fato de que o homem pecador ainda conserva algum conhecimento de
Deus, das coisas naturais e da diferença entre o bem e o mal, e demonstra
alguma consideração pela virtude e pelo bom comportamento exterior? Que
explicação se pode dar dos dons e talentos especiais de que o homem natural é
dotado, e do desenvolvimento da ciência e da arte por gente totalmente vazia da
nova vida que há em Cristo Jesus? Como podemos explicar as aspirações
religiosas dos homens de toda parte, até de pessoas que não tiveram contato com
a religião cristã? Como é que os não regenerados ainda podem falar a verdade,
fazer o bem aos outros e levar vidas exteriormente virtuosas?”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 399
O surgimento da doutrina da graça comum foi
motivado para responder estas perguntas.
“Ele [Calvino]
sustentava firmemente que o homem natural não pode, por si mesmo, fazer
nenhuma boa obra, e insistia vigorosamente na natureza particular da graça
salvadora. Ao lado da doutrina da graça particular, ele desenvolveu a doutrina
da graça comum. Esta graça é comunal, não perdoa nem purifica a natureza
humana, e não efetua a salvação dos pecadores. Ela reprime o poder destrutivo
do pecado, mantém em certa medida a ordem moral do universo, possibilitando
assim um vida ordenada, distribui em vários graus dons e talentos entre os
homens, promove o desenvolvimento da ciência e da arte, e derrama incontáveis
bênçãos sobre os filhos dos homens.”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 400
MEIOS DE AÇÃO DA
GRAÇA COMUM
1- A luz da revelação de Deus.
Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de
conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes
mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a
consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se, no
dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de
conformidade com o meu evangelho. Rm 2.14-16
“Comentando esta
passagem, Calvino diz que esses gentios “provam que há impressa em seus
corações uma capacidade de discriminação e de julgamento com que eles
distinguem entre o que é justo e o que é injusto, entre o que é honesto e o que
é desonesto.”” João Calvino, Comentário de Romanos, in loco, in Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 406
2- Governos.
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas (...) visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem (...).
Rm 13 1, 4a
“Cremos que o
nosso gracioso Deus, devido à depravação da humanidade, designou reis,
príncipes e magistrados, desejoso que o mundo seja governado por certas leis e
formas de vigilância, com o fim de que a dissolução dos homens fosse refreada e
todas as coisas fossem conduzidas com boa ordem e decência entre eles.” Confissão Belga,
Artigo XXXVI
3- Opinião pública.
“A luz que brilha
nos corações dos homens, especialmente quando reforçada pela influência da
revelação especial de Deus, resulta na formação de uma opinião pública em
extrema conformidade com a lei de Deus, e isso tem tremenda influência sobre a conduta
dos que são sensíveis ao julgamento da opinião pública.” Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 407
4- Punições e recompensas divinas.
“As disposições
providenciais de Deus, pelas quais ele visita a iniquidade dos homens neles
mesmos, nesta vida, e recompensa as ações que se harmonizam exteriormente com a
lei divina, atendem a um importante propósito, refreando o mal existente no
mundo.” Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª
edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 407
FRUTOS DA GRAÇA
COMUM
1- É sustada a execução da sentença divina.
“É devido à graça
comum que Deus não executou plenamente a sentença da morte no pecador, e não o
faz agora, mas mantém e prolonga a vida natural do homem e lhe dá tempo para
arrependimento. Ele não dá logo fim à vida do pecador, mas lhe dá oportunidade
para arrepender-se, tirando com isso qualquer motivo para desculpa e
justificando a vindoura manifestação da sua ira sobre os que persistirem no
pecado até o fim. Que Deus age com base neste princípio evidencia-se amplamente
em passagens como Is 48.9, Jr 7.23-25, Lc 13.6-9, Rm 2.4; 9.22; 2 Pe 3.9.” Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 407
2- Restrição do pecado.
“Pela operação da
graça comum, o pecado sofre restrições na vida dos indivíduos e na sociedade.
Ao elemento de corrupção que entrou na vidada raça humana não é permitido, por
ora, realizar a sua obra desintegradora. (...) Esta repressão pode ser externa
ou interna ou ambas, mas não muda o coração.”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 408
Gn 6.3; 20.6;
31.7, 2 Rs 19.27, Sl 81.12, Is 63.10, Jo 1.12, At 7.51, Rm 1.24,26,28
3- Preservação de alguma percepção da verdade,
moralidade e religião. Rm 1.18-25, At 17.22
4- A prática do bem público e da justiça
civil. 2 Rs 10.29,30; 12.2 (cp. 2 Cr 24.17-25);
14.3,14-16,20,27 (cp. 2 Cr 25.2); Lc 6.33, Rm 2.14,15
5- Muitas bênçãos naturais. Gn 17.20 (cp
versículo 18); 39.5; Sl 145.9,15,16; Mt 5.44,45; Lc 6.35,36; At 14.16,17; 1Tm
4.10
Extraído e adaptado de Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 408-409.
DISTINÇÃO ENTRE
GRAÇA COMUM E GRAÇA ESPECIAL
Extraído e adaptado de Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 402-403.
1- A extensão da graça especial é determinada
pelo decreto da eleição.
Esta graça limita-se aos eleitos, ao passo que
a graça comum não sofre esta limitação, mas é outorgada indiscriminadamente a
todos os homens.
2- A graça especial remove a culpa e a
penalidade do pecado, muda a vida interior do homem, e gradativamente o
purifica da corrupção do pecado pela operação sobrenatural do Espírito Santo. A
graça comum apenas restringe a influência corruptora do pecado e, em certa
medida, suaviza os seus resultados.
3- A graça especial é irresistível, eficaz. Já
a graça comum é resistível e ineficaz em levar o homem ao arrependimento e à
fé.
4- A graça especial renova completamente a
natureza do homem, tornando-o capaz e desejoso de aceitar a oferta de Cristo. A
graça comum opera apenas de modo racional e moral.
Os arminianos defendem que a graça comum é
suficiente para capacitar o homem a praticar o bem espiritual e converte-se a
Deus com arrependimento e fé. Tal doutrina não encontra qualquer respaldo nas
Escrituras Sagradas e já foram veementemente rejeitadas pelo Sínodo de Dort e
por todos os padrões confessionais reformados.
GRAÇA
IRRESISTÍVEL: DEUS FORÇA AS PESSOAS A IREM PARA O CÉU?
“O mau
entendimento do estudante a respeito da graça irresistível é generalizado. Uma
vez ouvi o presidente de um seminário presbiteriano declarar: “Não sou um
calvinista porque não creio que Deus traga algumas pessoas ao reino,
esperneando e gritando contra suas vontades, e exclua outras do reino, que
desesperadamente queriam estar lá.””
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 92.
Tal declaração demonstra completo
desconhecimento a respeito da doutrina do pecado, da situação do homem caído,
da obra de redenção de Deus e de sua aplicação no homem.
“O Calvinismo não
ensina e nunca ensinou que Deus traz pessoas esperneando e gritando para o
reino, ou exclui alguém que quisesse estar lá. Lembre-se que o ponto cardeal da
doutrina reformada da predestinação está no ensino bíblico da morte espiritual
do homem. O homem natural não quer Cristo. Ele só vai querer Cristo se Deus
plantar um desejo por Cristo em seu coração. Uma vez que esse desejo está
plantado, aqueles que vêm a Cristo não vêm esperneando e gritando contra a sua
vontade. Eles vêm porque querem vir. Eles agora desejam Jesus. Eles correm para
o Salvador. Toda a questão da graça irresistível é que o renascimento vivifica
a pessoa para a vida espiritual de tal maneira que Jesus agora é visto em sua
irresistível doçura. Jesus é irresistível para aqueles que foram feitos vivos
para a coisas de Deus. Toda alma cujo coração bate com vida de Deus dentro de
si anseia pelo Cristo vivo. Todos aqueles que o Pai der a Cristo, vêm a Cristo
(Jo 6.37).”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 92-93.
A GRAÇA DE DEUS
NA OBRA DA REDENÇÃO
O termo “graça de Deus” pode ser definido de
três formas que se complementam na obra da redenção:
1- A graça é um atributo de Deus, uma das
perfeições divinas.
“a. Em primeiro
lugar, a graça é um atributo de Deus, uma das perfeições divinas. É o livre,
soberano e imerecido favor ou amor de Deus ao homem, no estado de pecado e
culpa em que este se encontra, favor que se manifesta no perdão do pecado e no
livramento da pena. A graça está relacionada com a misericórdia de Deus, em
distinção da sua justiça. Esta é uma graça redentora no sentido mais
fundamental da expressão. É a causa última do propósito eletivo de Deus, da
justificação do pecador e da sua renovação espiritual; é a prolífica fonte de
todas as bênçãos espirituais e eternas.” Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido
por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p.
394
2- Designa a provisão que Deus fez em Cristo
para a salvação do homem.
“b. Em segundo
lugar, o termo “graça” é empregado como um designativo da provisão objetiva que
Deus fez em Cristo para a salvação do homem. Cristo, como Mediador, é a
encarnação viva da graça de Deus “E o verbo se fez carne e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade”, Jo 1.14. Paulo tem em mente a manifestação de
Cristo, quando diz: “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos
os homens”, Tt 2.11. Mas o termo não é aplicado somente ao que Cristo é, mas
também ao que Ele mereceu para os pecadores. Quando Paulo fala,
repetidamente, nas saudações finais das suas epístolas, da “graça de nosso
Senhor Jesus Cristo”, ele tem em mente a graça da qual Cristo é a causa
meritória. Diz João: “...a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus Cristo”, Jo 1.17. Cf. também Ef 2.7.” Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 395
3- É empregada para designar o favor de Deus
demonstrado na aplicação da obra da redenção pelo Espírito Santo.
“c. Em terceiro
lugar, a palavra “graça” é empregada para designar o favor de Deus como é
demonstrado na aplicação da obra da redenção pelo Espírito Santo. É aplicada ao
perdão que recebemos na justificação, um perdão dado gratuitamente por Deus
(...).” Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª
edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 395
PERSEVERANÇA DOS
SANTOS
“A doutrina da
perseverança dos santos tem o sentido de que aqueles que Deus regenerou e
chamou eficazmente para um estado de graça não podem cair nem total nem
definitivamente, mas certamente perseverarão nele até o fim e serão salvos para
toda a eternidade.” Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª
edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 501
“Somos capazes de
perseverar somente porque Deus opera em nós, com nossas vontades livres. E,
porque Deus está operando em nós, temos a certeza de perseverar. Os decretos de
Deus concernentes à eleição são imutáveis. Eles não mudam porque ele não muda.
Todos os que ele justifica, ele glorifica. Nenhum dos eleitos jamais é
perdido.”R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 132.
PROVAS BÍBLICAS
DA DOUTRINA DA PERSEVERANÇA DOS SANTOS
As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem.
Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e niguém as arrebatará da minha
mão. Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém
pode arrebatar. Jo 10.27-29
Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém,
à eleição, amados por causa dos patriarcas; porque os dons e a vocação de Deus
são irrevogáveis. Rm 11.28-29
Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de
completá-la até ao Dia de Cristo Jesus. Fp 1.6
e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me envergonho,
porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar
o meu depósito até aquele Dia. 1Tm 1.12
PROVAS POR
INFERÊNCIA
Extraído e adaptado de Louis Berkhof, Teologia
Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo:
Cultura Cristã. 2012. p. 502-503.
- A doutrina da eleição tem início nos planos
eternos de Deus, elaborados antes da fundação do mundo, está em curso, com a
pregação ativa do Evangelho por todo o mundo, e terá seu fim glorioso com o
arrebatamento de todos os eleitos pelo Senhor Jesus Cristo. Nada pode impedir
que este plano de Deus seja frustrado.
- A aliança da redenção foi firmada unicamente
através do sacrifício de Cristo, que é poderoso e suficiente para cumprir o
propósito de salvar os eleitos. Não há na Bíblia a condição de fidelidade
incerta do homem.
PRINCIPAIS
OBJEÇÕES À DOUTRINA DA PERSEVERANÇA DOS SANTOS
1- Não se harmoniza com a liberdade humana.
“Essa objeção
parte da falsa pressuposição de que a verdadeira liberdade consiste na
liberdade da indiferença, ou no poder de fazer escolha contrária em questões
morais e espirituais. Contudo, isto é errôneo. A verdadeira liberdade consiste
exatamente na autodeterminação rumo à santidade. O homem nunca é mais livre do
que quando se move conscientemente em direção a Deus. E o cristão está com essa
liberdade pela graça de Deus.”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 503
2- Leva à indolência e à imoralidade.
“Assevera-se
confiadamente que a doutrina da perseverança conduz à indolência, ao abuso e
até à imoralidade. Se diz que ela resulta em uma falsa segurança. Esta é,
porém, uma noção equivocada, pois, conquanto a Bíblia nos diga que somos
guardados pela graça de Deus, ela não fomenta a ideia de que Deus nos guarda
sem que de nossa parte haja constante vigilância, diligência e oração. É
difícil ver como uma doutrina que garante ao crente uma perseverança na
santidade pode ser um incentivo ao pecado. Quer-nos parecer que a certeza de
sucesso na luta ativa pela santificação é o melhor estímulo possível para
esforços cada vez maiores.”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 503-504
3- É contrária à Escritura.
- Há advertências
contra a apostasia que pareceriam completamente sem razão de ser, se o crente
não pudesse cair.
Mt 24.12; Cl
1.23; Hb 2.1; 3.14; 6.11; 1Jo 2.6.
Estes textos servem de instrumento para
exortar os crentes a manterem-se no caminho da perseverança. Não provam que
aqueles a quem se dirigem irão apostatar da fé, mas simplesmente que o uso dos
meios é necessário para impedi-los de cometer este pecado.
- Dizem que a
Escritura registra diversos casos de apostasia concretizada.
1Tm 1.19,20; 2Tm
2.17,18; 4.10; Hb 6.4-6; 2Pe 2.1,2
“Mas estes
exemplos não provam a alegação de que os crentes verdadeiros, de posse da
verdadeira fé salvadora, podem cair da graça, a não ser que se demonstre
primeiro que as pessoas indicadas nestas passagens tinham a verdadeira fé em
Cristo, e não uma simples fé temporal, não arraigada na regeneração. A Bíblia
nos ensina que há pessoas que professam a fé verdadeira e que, todavia, não
pertencem à fé, Rm 9.6; 1Jo 2.19; Ap 3.1. João fala sobre alguns deles: “Eles
saíram de nosso meio”, e, à guisa de explicação, acrescenta: “entretanto, não
eram dos nossos; porque,se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido
conosco”, 1Jo 2.19.” Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª
edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 504
“Repetimos nosso
aforismo: Se nós temos, nunca perdemos; se perdemos, é porque nunca tivemos.
Reconhecemos que a Igreja de Jesus Cristo é um corpo misto. Há joio que vive
lado a lado com o trigo; cabras que vivem lado a lado com as ovelhas. A
parábola do semeador deixa claro que as pessoas podem ter uma experiência de
falsa conversão. Elas podem ter uma aparência de fé, mas aquela fé pode não ser
genuína.
Conhecemos
pessoas que se “converteram” muitas vezes. Cada vez que há um culto
evangelístico na igreja elas vão até o altar e se “salvam”. Um ministro contou
sobre um homem em sua congregação que foi “salvo” dezessete vezes. Durante um
encontro de reavivamento, o evangelista fez um chamado ao altar daqueles que
queriam ser plenos com o Espírito. O homem que havia se convertido tantas vezes
dirigiu-se ao altar novamente. Uma mulher da congregação gritou: “Não o encha,
Senhor! Ele vaza!”.” R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São
Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág. 134.
CONCLUSÕES
- A graça comum reprime o poder destrutivo do
pecado, mantém em certa medida a ordem moral do universo e distribui em vários
graus dons e talentos entre os homens.
- Meios de ação da graça comum: a luz da
revelação de Deus, governos, opinião pública, punições e recompensas divinas.
- Frutos da graça comum: é sustada a execução
da sentença divina; restrição do pecado; preservação de alguma percepção da
verdade, moralidade e religião; a prática do bem público e da justiça civil;
bênçãos naturais.
CONCLUSÕES
- A extensão da graça especial é determinada
pelo decreto da eleição; a graça especial remove a culpa e a penalidade do
pecado, muda a vida interior do homem, e gradativamente o purifica da corrupção
do pecado; a graça especial é irresistível; a graça especial renova
completamente a natureza do homem, tornando-o capaz e desejoso de aceitar a
oferta de Cristo, a graça comum opera apenas de modo racional e moral.
- Definições da graça de Deus na obra da
redenção: é um atributo de Deus; designa a provisão que Deus fez em Cristo para
a salvação do homem; designa o favor de Deus demonstrado na aplicação da obra
da redenção pelo Espírito Santo.
- Perseverança dos santos: aqueles que Deus
regenerou e chamou eficazmente para um estado de graça não podem cair nem total
nem definitivamente, mas certamente perseverarão nele até o fim e serão salvos
para toda a eternidade.