SOBERANIA DE DEUS
NA SALVAÇÃO
AULA 04
A CONTROVÉRSIA
ENTRE PELÁGIO E AGOSTINHO
TÓPICOS DA AULA
- Biografia de
Pelágio
- A doutrina da
graça para Pelágio
- Biografia de
Agostinho
- A doutrina da
graça para Agostinho
BIOGRAFIA DE
PELÁGIO
Nascimento: 354* (Grã-Bretanha)
Falecimento: 429* (local incerto)
* Datas aproximadas
Estudou teologia e falava grego e latim
fluentemente. Apesar de ter sido monge durante anos, nunca chegou a ser bispo
(presbítero).
Estabeleceu-se em Roma por volta de 405,
depois viajou para África do Norte e Palestina.
É possível que sua condenação pelo Concílio de
Éfeso (431) tenha ocorrido após a sua morte.
A DOUTRINA DA
GRAÇA PARA PELÁGIO
O princípio controlador do pensamento de
Pelágio era a convicção de que Deus nunca ordena o que é impossível para o
homem realizar.
Ele propôs o seguinte questionamento: A
assistência da graça é necessária para o ser humano obedecer aos comandos de
Deus? Ou esses comandos podem ser obedecidos sem essa assistência?
O pensamento de Pelágio pode ser resumido em
18 premissas:
1- Os mais altos atributos de Deus são sua
retidão e justiça.
2- Tudo que Deus criou é bom.
3- Como algo criado, a natureza não pode ser
mudada na sua essência.
4- A natureza humana é inalteravelmente boa.
5- O mal é um ato que nós podemos evitar.
6- O pecado vem por intermédio de armadilhas
satânicas e concupiscência sensual.
7- Pode haver homens sem pecado.
8- Adão foi criado com livre-arbítrio e
santidade moral.
9- Adão pecou por livre vontade.
10- A descendência de Adão não herdou dele a
morte natural (Adão morreria mesmo se não tivesse cometido pecado).
11- Nem o pecado de Adão nem sua culpa foram
transmitidos.
12- Todos os homens são criados como Adão
antes da queda.
13- O hábito de pecar enfraquece a vontade de
fazer o bem.
14- A graça de Deus facilita a bondade mas não
é necessária para se alcançá-la.
15- A graça da criação produz homens
perfeitos.
16- A graça da lei de Deus ilumina e instrui.
17- Cristo trabalha principalmente pelo seu
exemplo.
18- A graça é dada de acordo com a justiça e
mérito.
R. C. Sproul. Sola Gratia; traduzido por Denise Pereira Ribeiro
Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, pág. 35-36.
“O discurso de
Pelágio era guiado por interesses morais, e sua teologia foi feita para estimular
o aprimoramento moral e social.
Para ele, a
ênfase de Agostinho na necessidade humana e na graça divina iria certamente
paralisar a busca da santificação, visto que as pessoas iriam passar a pecar
constante e impunemente.
Dessa forma,
Pelágio reagiu rejeitando a doutrina do pecado original. De acordo com ele,
Adão foi meramente um mal exemplo, e não o autor de nossa natureza pecaminosa –
somos pecadores porque temos pecados – e não o contrário. Consequentemente, é
claro, o Segundo Adão, Jesus Cristo, foi apenas um bom exemplo. A salvação,
dessa forma, consiste simplesmente em seguir o exemplo de Jesus em vez do de
Adão.
O que os homens e
mulheres precisam é de uma direção moral, não de um novo nascimento; assim
sendo, Pelágio viu a salvação em termos meramente naturais: seria o progresso
do caráter humano, por seguir o exemplo de Cristo.”
Michael S. Horton. Pelagianismo: A Religião do Homem Natural. Primeira
Parte: Um Pouco de História, disponível em: http://www.monergismo.com/textos/arminianismo/pelagianismo.htm
. Acessado em 27.09.2014.
“Se a natureza
humana não é corrupta, e a vontade natural é competente para todo o bem, não
precisamos de um Redentor para criar em nós uma nova vontade e uma nova vida,
mas apenas de alguém que nos melhore e enobreça; e a salvação é,
essencialmente, obra do homem. O sistema pelagiano realmente não tem lugar para
as ideias de redenção, expiação, regeneração e nova criação. Ele as substituiu
pelos nossos próprios esforços de aperfeiçoar nossos poderes naturais e a mera
adição da graça de Deus como suporte e ajuda valiosa. Foi somente por uma
infeliz inconsistência que Pelágio e seus adeptos tradicionalmente permaneceram
nas doutrinas da igreja da Trindade e da pessoa de Cristo. Logicamente, seu
sistema conduz a uma Cristologia racionalista.”
Philip Schaff. History of the
Christian Church, 8 vols. (1907-10); Grand Rapids: Eerdmans, 1952-53), 3:815 in R. C. Sproul. Sola Gratia; traduzido por Denise Pereira
Ribeiro Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, pág. 39.
O pelagianismo foi condenado por vários
concílios da Igreja:
412:
Sínodo de Cartago excomungou Coelestius, um discípulo de Pelágio;
418:
Concílios de Cartago e Milevis;
430:
o imperador oriental Teodósio II baniu os pelagianos do Leste;
431:
Concílio de Éfeso;
529:
Segundo Concílio de Orange.
Michael S. Horton. Pelagianismo: A Religião do Homem Natural. Primeira
Parte: Um Pouco de História, disponível em: http://www.monergismo.com/textos/arminianismo/pelagianismo.htm
. Acessado em 27.09.2014.
BIOGRAFIA DE
AGOSTINHO
Nascimento: 354 (Tagaste , África do Norte)
Falecimento: 430 (Hippo, África do Norte)
*África do Norte é a atual Argélia
386: converte-se ao Cristianismo
391: ordenado sacerdote em Hippo
396: torna-se bispo único em Hippo
“Foi pelo mau uso do seu livre-arbítrio que o homem o destruiu e a si
mesmo também.” Agostinho
A DOUTRINA DA
GRAÇA PARA AGOSTINHO
Agostinho buscou responder às seguintes
perguntas:
O que
é necessário para o homem caído recuperar-se para o bem de Deus?
Como
uma criatura que é má se recupera dessa condição e ser torna boa?
Como
uma criatura que é alienada de Deus e indisposta com relação a Deus, encontra
seu caminho de volta para Deus?
Para ele, a resposta estava na graça de Deus.
R. C. Sproul. Sola Gratia; traduzido por Denise Pereira Ribeiro
Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, pág. 45.
Características da graça:
- Livre: não é
merecida nem conquistada;
- Indispensável: é
condição necessária para a salvação;
- Preveniente: vem
antes que o pecador possa se recuperar;
- Irresistível: é
eficaz, executa o propósito de Deus;
- Infalível: a
libertação é perfeita, sem falhas.
R. C. Sproul. Sola Gratia; traduzido por Denise Pereira Ribeiro
Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, pág. 45.
Consequências da queda:
1- A própria queda
2- A perda da liberdade
3- A obstrução do conhecimento
4- A perda da graça de Deus
5- A perda do paraíso
6- A presença da concupiscência
7- A morte física
8- A culpa hereditária (o pecado original)
R. C. Sproul. Sola Gratia; traduzido por Denise Pereira Ribeiro
Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, pág. 49-53.
“O pecado [de
nossos primeiros pais] foi um desprezo à autoridade de Deus. Deus criou o
homem; ele o fez à sua própria imagem; ele o estabeleceu acima dos outros
animais; ele o colocou no Paraíso; o enriqueceu com todo tipo de abundância e
segurança; não lhe impôs nem muitos, nem grandes nem difíceis mandamentos mas,
a fim de tornar uma obediência sadia fácil para ele, deu-lhe um único pequeno e
leve preceito pelo qual lembraria à criatura, cujo culto deveria ser livre, de
que ele era Senhor. Consequentemente, foi justa a condenação que se seguiu e
uma condenação tal que o homem, que pela manutenção dos mandamentos deveria ter
sido espiritual até mesmo em sua carne, se tornou carnal até mesmo em seu
espírito.
E assim como em seu orgulho, ele buscou ser
sua própria satisfação. Deus, em sua justiça, o abandonou a si mesmo, não para
viver na independência absoluta que ansiava mas, no lugar da liberdade que
desejava, para viver insatisfeito consigo mesmo numa sujeição dura e miserável
a quem, pelo pecado, havia se submetido. Ele foi condenado, a despeito de si
mesmo, a morrer em corpo assim como havia se tornado, por vontade própria,
morto em espírito, condenado até mesmo à morte eterna (não tivesse a graça de
Deus o libertado) porque havia renunciado à vida eterna. Qualquer um que pense
que esse castigo foi excessivo ou injusto, mostra sua inabilidade para medir a
grande iniquidade de pecar na qual o pecado podia tão facilmente ser evitado.”
Agostinho. The City of God, in Agostinho, Basic Writings, 2:260 (14.15) in R. C. Sproul. Sola Gratia;
traduzido por Denise Pereira Ribeiro Meister. São Paulo: Cultura Cristã, 2012,
pág. 54.
CONCLUSÕES
- Doutrina de
Pelágio: a natureza humana é inalteravelmente boa; pode haver homens sem
pecado; Adão morreria mesmo se não tivesse cometido pecado; nem o pecado de
Adão nem sua culpa foram transmitidos; a graça de Deus facilita a bondade mas
não é necessária para alcançá-la;
- O pelagianismo
foi condenado por vários concílios da Igreja;
- Agostinho
defendia que somente pela graça de Deus o homem caído poderia ser reconciliado
com seu Criador;
- Características
da graça de Deus: livre, indispensável, preveniente, irresistível e infalível.
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