1. Introdução
Existem
muitas religiões no mundo, com diversas crenças e práticas. Muitos seguem o
islamismo, o budismo, o hinduísmo, o judaísmo, o espiritismo, dentre outros. No
Brasil, a maioria das pessoas se denomina católica. Nós somos cristãos
reformados.
Em
meio a tantas crenças diferentes, é essencial que saibamos “dar razão da nossa
esperança”, como nos ensinou o apóstolo Pedro.
antes santificai em vossos corações a
Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e
temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós; 1Pe 1.15
Em
resumo, nesta oportunidade pretendemos pensar um pouco sobre a seguinte
pergunta: “O que significa ser cristão?” Ou, em outras palavras: “Quais as
características da verdadeira religião?”
2. O Cristianismo como um sistema de vida
Para
responder essas perguntas, é necessário ter em mente que o Cristianismo é a
religião que se distingue de todas as demais religiões existentes, pois aborda de
forma única alguns aspectos essenciais da vida humana: nossa relação com Deus,
nosso relacionamento com o homem e nosso relacionamento com o mundo criado.
2.1. Nossa relação com Deus
O
primeiro aspecto que difere o Cristianismo de todas as demais religiões é a
forma como ele defende a relação entre o cristão e Deus.
Algumas
religiões defendem que Deus está presente em toda a criação, e que a soma de
tudo o que existe é o próprio Deus; outras religiões separam completamente Deus
do mundo criado, sem existir relacionamento entre eles. Outras religiões se
colocam como mediadoras entre Deus e o mundo criado, e reivindicam para si o
poder de salvar as pessoas.
Diferentemente
de tudo isso, o Cristianismo é a única religião que defende a verdade bíblica
de que o próprio Deus Criador entra em comunhão imediata com a criatura. O ser
humano foi criado por Deus, e, desde então, é Deus quem vai ao encontro do
homem para se relacionar com ele.
Mesmo
após a queda, Deus foi em direção a Adão e Eva e perguntou onde eles estavam.
Eles responderam que estavam escondidos, com medo.
Quando ouviram a voz do Senhor Deus,
que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor
Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor
Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no
jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Gn 3.8-10
Desde
o início da criação, o homem foge da presença de Deus por causa do pecado, mas o próprio Deus é quem vai ao encontro do
homem para resgatá-lo.
Ser
cristão significa ter sido salvo pelo próprio Deus, por meio da obra de Cristo.
Deus buscou o homem após o pecado; Cristo se humilhou e se encarnou para sofrer
e morrer em lugar dos seus filhos; o Espírito Santo veio habitar na vida de
cada cristão.
A
história das Escrituras é a história da ação de Deus com o objetivo de alcançar
e salvar os seus filhos. Ser cristão significa compreender e viver essa
realidade, e buscar o Senhor em oração para ser usado, por Ele, como instrumento
na sua obra.
2.2. Nosso relacionamento com o homem
O
segundo aspecto que difere o Cristianismo de todas as demais religiões é a
forma como ele defende a relação entre o cristão e os demais homens.
Algumas
religiões acentuam as diferenças existentes entre os homens, com o
desenvolvimento da ideia de castas ou classes sociais diferentes, onde poucos
estão no topo e muitos estão na base. Os homens que estão no topo se dizem em
contato próximo com a divindade, com o sagrado, enquanto os que estão na base
da pirâmide social são os menos favorecidos. Essas religiões acabam por
legitimar a desigualdade entre os seres humanos.
Outras
religiões e sistemas filosóficos tentam eliminar todas as diferenças existentes
entre os seres humanos, até mesmo as mais básicas, como as diferenças físicas e
genéticas. Isso acaba por criar (ou tentar criar) um homem-mulher ou uma
mulher-homem, com a falsa ideia de não existir diferenças entre eles. Cada um
pode ser e viver da maneira que bem lhe parecer.
Naqueles dias, não havia rei em
Israel; cada um fazia o que achava mais reto. Jz 21.25
O
Cristianismo se afasta desses erros, e é a única religião que compreende
corretamente como deve ocorrer o relacionamento entre os seres humanos.
O
homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27), mas o pecado quebrou
o relacionamento com seu Criador. As Escrituras nos ensinam que todos carecem
da graça de Deus (Rm 3.10-12), ou seja, todos estão em condição de igualdade
diante do Criador.
como está escrito: Não há justo, nem
um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se
extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer. Rm 3.10-12
Ao
compreender e defender essa verdade bíblica, o cristão compreende, também, que
não há fundamento para a existência de qualquer hierarquia entre os seres
humanos.
O
cristão deve trabalhar pela transformação social através de uma interpretação mais séria da vida,
através de um estilo de vida que busque dar glória a Deus em todos os momentos,
através de relacionamentos fundamentados no respeito e na compaixão com o
próximo, ciente de que ele carece da graça salvadora de Deus como nós
carecíamos antes de termos sido transformados por Ele mesmo.
2.3. Nosso relacionamento com o mundo criado
O
terceiro aspecto que difere o Cristianismo de todas as demais religiões é a
forma como ele defende a relação entre o cristão e o mundo criado.
Enquanto
algumas religiões exaltam de forma exagerada a criação, na crença de que Deus
está nela, outras religiões desprezam o mundo criado, na expectativa de
alcançar um paraíso sensual por suas obras.
O
Cristianismo compreende que essas visões de mundo estão equivocadas. Os
cristãos entendem, pelas Escrituras, que devem administrar a criação de forma a
glorificar a Deus com suas ações.
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede
fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes
do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E
disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se
acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê
semente; isso vos será para mantimento. Gn 1.28-29
Um
dos princípios que nortearam a Reforma Protestante foi o princípio da
frugalidade (moderação ou simplicidade), que significa o esforço do cristão por
ter uma vida simples e grata diante de Deus, dos demais homens e do mundo
criado.
Isso
somente será possível se compreendermos nossa situação diante de Deus
(pecadores condenados ao inferno), a obra redentora de Deus em nossas vidas
(Cristo nos salvou), a obra contínua do Espírito nos tornando mais parecidos com
o Mestre a cada dia (santificação), e a esperança do novo céu e da nova terra
juntamente com nosso Senhor e Salvador.
Com
isto em mente, resta ao cristão viver em gratidão constante a Deus por sua
graça maravilhosa, e viver de forma a espalhar as boas novas de Cristo para as
demais pessoas. Vida simples, grata e
feliz.
O
cristão deve se esforçar para evitar a acumulação exagerada de riquezas, pois
isso colabora para a exploração do homem pelo homem, para a criação das classes
sociais e para o aumento da desigualdade entre as pessoas.
3. Conselhos práticos para a vida do cristão
A
carta de Tiago nos dá várias instruções preciosas sobre como viver de forma a
agradar a Deus.
Sabeis estas coisas, meus amados
irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio
para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. Portanto,
despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a
palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma.
Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos
a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante,
assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a
si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua
aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da
liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso
praticante, esse será bem-aventurado no que realizar. Se alguém supõe ser
religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a
sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é
esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo
guardar-se incontaminado do mundo.
Vejamos
algumas atitudes práticas que devemos ter:
-
Esforço para abandonar o pecado e aprender mais de Cristo, por meio do estudo
das Escrituras e da prática da oração.
-
Não ser justo aos próprios olhos, ou seja, não ser arrogante ou orgulhoso.
-
Controlar a língua (não ser fofoqueiro e curioso com a vida de outras pessoas).
-
Ser atencioso e generoso com pessoas que necessitam de ajuda.
Essas
atitudes parecem simples, mas é através delas que nós, cristãos, podemos ser
usados como instrumentos de Deus na transformação da vida de outras pessoas, e
até mesmo de bairros e cidades inteiras.
Devemos
lembrar que Deus usou um pregador que não queria pregar e uma mensagem de
poucas palavras para salvar uma cidade inteira.
Ao Senhor pertence a salvação! Jn 2.9b
O
que Deus pode fazer através de nossas vidas?
4. Conclusão
Em
resumo, vimos que:
Existem
muitas religiões no mundo, mas somente o
Cristianismo é o sistema de vida que agrada a Deus.
Deus é espírito; e importa que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade. Jo 4.24
O
Cristianismo é a única religião que ensina a forma correta de relacionamento do
homem com Deus, com os outros homens e com o mundo criado.
O
Cristianismo ensina que o Deus Criador vai ao encontro do homem perdido para
resgatá-lo. Por isso, o cristão deve viver em gratidão a Deus pela salvação
dada por Cristo.
O
Cristianismo ensina que todos os seres humanos pecaram e carecem da graça de
Deus. Por isso, não há fundamento para qualquer tipo de hierarquia entre os
homens, ou qualquer exploração de um homem por outro.
O
Cristianismo ensina que o cristão deve cuidar da criação de forma a glorificar o
Criador, o que se traduz em uma vida simples, grata e feliz diante de Deus e
dos demais homens.
Soli Deo Gloria
Extraído
e adaptado de KUYPER, Abraham. Calvinismo; traduzido por Ricardo Gouvêa e Paulo
Arantes. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. 208p.
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