domingo, 29 de setembro de 2019

Características do reino de Deus

Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir. At 1.6-11


 1.  Introdução

Nós somos cristãos. E, como cristãos, aprendemos desde o início da caminhada que pertencemos ao reino de Deus e que devemos pregar a beleza deste reino para as pessoas que ainda não foram alcançadas pela graça de Cristo.

Devido à importância do reino de Deus, é necessário que não tenhamos dúvidas sobre o que significa fazer parte desse reino, ou seja, sobre o que as Escrituras nos ensinam a este respeito.

O objetivo dessa mensagem é renovar no coração e na mente de cada cristão algumas características essenciais do reino de Deus, e como isso deve impulsionar nossas vidas ao evangelismo sincero e dedicado.


2.  Os discípulos ainda não compreendiam corretamente o reino de Deus

Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel? At 1.6

O Senhor Jesus conviveu diariamente com seus discípulos por três anos, sempre ensinando-os as verdades do reino que estava sendo inaugurado, o reino de Deus.

Porém, apesar desse longo tempo de ensino, a pergunta feita pelos discípulos em Atos 1.6 revelou que eles ainda não haviam compreendido corretamente as características do reino de Deus.

O verbo “restaures” demonstra que os discípulos esperavam a restauração do reino territorial e político de Israel, e de toda a beleza e riqueza que houve nos tempos dos reinados de Davi e de Salomão. Eles esperavam que Jesus restaurasse esse saudoso tempo de glória.
  
O objeto “Israel” reforça essa ideia de restauração da glória de um povo específico, o povo de Israel, que há muito tempo era escravizado pelas nações mais poderosas que viviam ao redor deles. Desde o exílio babilônico os israelitas nunca mais tiveram seu reino restaurado, sua nação reestabelecida e independente. Os discípulos esperavam que Jesus restaurasse a glória da nação de Israel.

A palavra “tempo” demonstra que os discípulos criam que essa restauração ocorreria de forma imediata, sem demora. O povo de Israel já havia sofrido demais, pensavam os discípulos, e certamente havia chegado a hora de Jesus modificar isso.

O pensamento e a esperança dos discípulos estavam equivocados. E Cristo tratou de corrigir esse erro, apresentando as características fundamentais do seu reino, o reino de Deus.


3.  Características do reino de Deus

3.1. O reino de Deus é espiritual

Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo (...) At 1.7-8a

Jesus iniciou sua resposta com a promessa do envio do Espírito Santo aos discípulos. Mas, qual a relação desse assunto com a pergunta feita pelos discípulos? O que o Espírito Santo tinha a ver com a restauração do reino?

Os dois assuntos estão intimamente ligados. O reino de Deus não pode existir e não pode ser explicado sem o Espírito Santo.

Ao apontar para a importância do Espírito Santo na vida dos discípulos, Jesus apresentou seu reino não como um reino terreno e político, mas sim como o reino espiritual, o reino composto por todas as pessoas que foram alcançadas pela graça salvadora de Cristo e que receberam o poder do Espírito de Deus em suas vidas.

Ao anunciar seu reino como o reino espiritual, Cristo cumpriu definitivamente a promessa feita por Deus a Abrão em Gênesis 12:

Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra. Gn 12.1-3

Ao chamar Abrão, Deus prometeu que ele seria uma grande nação, e que por meio dele todas as famílias da terra seriam benditas. Cristo cumpriu essa promessa, ao espalhar sua graça salvadora, alcançar seus filhos e dar-lhes o Espírito Santo como selo dessa promessa.

em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua glória. Ef 1.13-14

O apóstolo Paulo enfatiza aos crentes de Éfeso a importância do Espírito de Deus como a garantia do cumprimento da promessa de Cristo do novo céu e da nova terra.

Os cristãos foram chamados por Cristo para pertencerem ao reino espiritual de Deus, ao qual fazem parte todos os que foram transformados por Jesus e que são guiados pelo Espírito Santo.

Isso não significa que devemos desprezar a realidade na qual vivemos. Os cristãos devem se esforçar por influenciar positivamente a comunidade em que vivem, com ações que glorificam ao Senhor. A diferença é que nossa esperança não deve repousar em governantes terrenos, pois nosso reino é espiritual e governado pelo Único Rei Santo e Poderoso, que cuida de cada um dos seus filhos e que retornará para viver conosco eternamente.


3.2. O reino de Deus é internacional

e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. At 1.8b

Após explicar que seu reino é espiritual, Jesus afirmou que os discípulos seriam suas testemunhas em vários lugares.

Isso significa que o reino de Deus não seria restrito à nação de Israel. O reino inaugurado por Cristo seria o reino internacional, composto por pessoas de todas as tribos, povos e raças.

Depois destas coisas, vi, e eis grande multidão que ninguém podia enumerar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, em pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos de vestiduras brancas, com palmas nas mãos; e clamavam em grande voz, dizendo: Ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação. Ap 7.9-10

O reino de Deus é o reino de todas as pessoas que foram alcançadas pela graça de Cristo. Não há exclusividade de um povo, não há privilégio de nascimento. As Escrituras nos ensinam que “todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23)”, logo, todos carecem da graça salvadora que somente Cristo pode dar.

Cristo inaugurou o reino internacional, o reino de todos os que foram salvos por Ele mesmo, o reino de todos aqueles que não eram povo, mas que foram feitos filhos de Deus.
  
Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia. 1Pe 2.9-10

O livro de Atos dos Apóstolos apresenta claramente essa característica do reino de Deus, ao demonstrar a transformação de vidas de pessoas de todas as nações.

Logo de início, ao registrar a primeira conversão (Atos 2), é possível perceber que salvas pessoas de todas as nações:

E como os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? (...) Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. At 2.8, 41

Portanto, ao contrário do que os discípulos pensavam, o reino de Deus não era exclusivo dos israelitas, mas sim o reino internacional, composto por todos os que foram salvos por Cristo.


3.3. O reino de Deus cresce gradualmente

e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra. At 1.8b

A terceira característica do reino de Deus é que ele cresce gradualmente.

Os discípulos esperavam que Cristo restaurasse imediatamente a glória antiga do reino de Israel, por meio da vitória sobre os romanos e sobre qualquer outro povo que ameaçasse os israelitas.

Entretanto, após apresentar seu reino como espiritual e internacional, Jesus explicou aos discípulos que o reino cresceria gradualmente. O primeiro local de crescimento seria a cidade de Jerusalém; posteriormente, as regiões da Judeia e de Samaria seriam alcançadas; por fim, até mesmo os confins da terra experimentariam o amor de Cristo.

O livro de Atos apresenta esse desenvolvimento gradual do reino de Deus:

- Conversões em Jerusalém: At 2.41, 4.4, 5.14
- Conversões na Judeia e Samaria: At 8.4-5,40
- Conversões até os confins da terra: viagens missionárias (At 13, 16 e 19)

O reino de Deus crescia dia a dia, e nem mesmo as perseguições foram capazes de parar esse crescimento. Por onde iam, os cristãos pregavam o amor de Cristo e o Espírito Santo transformava vidas de cidade em cidade.

Esse desenvolvimento fez o Evangelho chegar até nós, por meio de valorosos homens e mulheres que dedicaram suas vidas à pregação da Palavra de Deus.

Hoje, a ordem para continuar a pregação do Evangelho foi dada a nós, e não podemos descumpri-la. Precisamos dedicar tempo e esforço no cumprimento desse mandamento, a fim de honrar o nome de Cristo, nosso Senhor e Salvador.


4.  Conclusão

Como cristãos, pertencemos ao reino de Deus, e não podemos ter dúvidas sobre o que as Escrituram nos ensinam a este respeito.

Apesar de terem convivido por três anos com Jesus, os discípulos ainda não haviam compreendido corretamente o significado do reino de Deus. Eles pensavam que o reino de Deus seria político, nacional e imediato.

Jesus ensinou aos seus discípulos que seu reino é o reino espiritual, composto por todas as pessoas transformadas por Sua graça e guiadas por Seu Espírito.

O reino de Deus também é internacional, composto por pessoas de todas as tribos, povos e raças.

Por fim, o reino de Deus cresce gradualmente, dia a dia, e cabe a nós continuar a anunciação das boas novas do Evangelho de Cristo, para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16).

Soli Deo Gloria


Extraído e adaptado de STOTT, John. A Mensagem de Atos: até os confins da terra; traduzido por Markus André Hediger e Lucy Yamakami. São Paulo: ABU Editora, 2003. 2ª reimpressão. 462p.

Características da verdadeira religião


1.  Introdução

Existem muitas religiões no mundo, com diversas crenças e práticas. Muitos seguem o islamismo, o budismo, o hinduísmo, o judaísmo, o espiritismo, dentre outros. No Brasil, a maioria das pessoas se denomina católica. Nós somos cristãos reformados.

Em meio a tantas crenças diferentes, é essencial que saibamos “dar razão da nossa esperança”, como nos ensinou o apóstolo Pedro.

antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós; 1Pe 1.15

Em resumo, nesta oportunidade pretendemos pensar um pouco sobre a seguinte pergunta: “O que significa ser cristão?” Ou, em outras palavras: “Quais as características da verdadeira religião?”


2.  O Cristianismo como um sistema de vida

Para responder essas perguntas, é necessário ter em mente que o Cristianismo é a religião que se distingue de todas as demais religiões existentes, pois aborda de forma única alguns aspectos essenciais da vida humana: nossa relação com Deus, nosso relacionamento com o homem e nosso relacionamento com o mundo criado.


2.1.    Nossa relação com Deus

O primeiro aspecto que difere o Cristianismo de todas as demais religiões é a forma como ele defende a relação entre o cristão e Deus.

Algumas religiões defendem que Deus está presente em toda a criação, e que a soma de tudo o que existe é o próprio Deus; outras religiões separam completamente Deus do mundo criado, sem existir relacionamento entre eles. Outras religiões se colocam como mediadoras entre Deus e o mundo criado, e reivindicam para si o poder de salvar as pessoas.

Diferentemente de tudo isso, o Cristianismo é a única religião que defende a verdade bíblica de que o próprio Deus Criador entra em comunhão imediata com a criatura. O ser humano foi criado por Deus, e, desde então, é Deus quem vai ao encontro do homem para se relacionar com ele.

Mesmo após a queda, Deus foi em direção a Adão e Eva e perguntou onde eles estavam. Eles responderam que estavam escondidos, com medo.

Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Gn 3.8-10

Desde o início da criação, o homem foge da presença de Deus por causa do pecado, mas o próprio Deus é quem vai ao encontro do homem para resgatá-lo.

Ser cristão significa ter sido salvo pelo próprio Deus, por meio da obra de Cristo. Deus buscou o homem após o pecado; Cristo se humilhou e se encarnou para sofrer e morrer em lugar dos seus filhos; o Espírito Santo veio habitar na vida de cada cristão.

A história das Escrituras é a história da ação de Deus com o objetivo de alcançar e salvar os seus filhos. Ser cristão significa compreender e viver essa realidade, e buscar o Senhor em oração para ser usado, por Ele, como instrumento na sua obra.


2.2.    Nosso relacionamento com o homem

O segundo aspecto que difere o Cristianismo de todas as demais religiões é a forma como ele defende a relação entre o cristão e os demais homens.

Algumas religiões acentuam as diferenças existentes entre os homens, com o desenvolvimento da ideia de castas ou classes sociais diferentes, onde poucos estão no topo e muitos estão na base. Os homens que estão no topo se dizem em contato próximo com a divindade, com o sagrado, enquanto os que estão na base da pirâmide social são os menos favorecidos. Essas religiões acabam por legitimar a desigualdade entre os seres humanos.

Outras religiões e sistemas filosóficos tentam eliminar todas as diferenças existentes entre os seres humanos, até mesmo as mais básicas, como as diferenças físicas e genéticas. Isso acaba por criar (ou tentar criar) um homem-mulher ou uma mulher-homem, com a falsa ideia de não existir diferenças entre eles. Cada um pode ser e viver da maneira que bem lhe parecer.

Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto. Jz 21.25

O Cristianismo se afasta desses erros, e é a única religião que compreende corretamente como deve ocorrer o relacionamento entre os seres humanos.

O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.27), mas o pecado quebrou o relacionamento com seu Criador. As Escrituras nos ensinam que todos carecem da graça de Deus (Rm 3.10-12), ou seja, todos estão em condição de igualdade diante do Criador.

como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Rm 3.10-12

Ao compreender e defender essa verdade bíblica, o cristão compreende, também, que não há fundamento para a existência de qualquer hierarquia entre os seres humanos.

O cristão deve trabalhar pela transformação social através de uma interpretação mais séria da vida, através de um estilo de vida que busque dar glória a Deus em todos os momentos, através de relacionamentos fundamentados no respeito e na compaixão com o próximo, ciente de que ele carece da graça salvadora de Deus como nós carecíamos antes de termos sido transformados por Ele mesmo.


2.3.    Nosso relacionamento com o mundo criado

O terceiro aspecto que difere o Cristianismo de todas as demais religiões é a forma como ele defende a relação entre o cristão e o mundo criado.

Enquanto algumas religiões exaltam de forma exagerada a criação, na crença de que Deus está nela, outras religiões desprezam o mundo criado, na expectativa de alcançar um paraíso sensual por suas obras.

O Cristianismo compreende que essas visões de mundo estão equivocadas. Os cristãos entendem, pelas Escrituras, que devem administrar a criação de forma a glorificar a Deus com suas ações.

E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento. Gn 1.28-29

Um dos princípios que nortearam a Reforma Protestante foi o princípio da frugalidade (moderação ou simplicidade), que significa o esforço do cristão por ter uma vida simples e grata diante de Deus, dos demais homens e do mundo criado.

Isso somente será possível se compreendermos nossa situação diante de Deus (pecadores condenados ao inferno), a obra redentora de Deus em nossas vidas (Cristo nos salvou), a obra contínua do Espírito nos tornando mais parecidos com o Mestre a cada dia (santificação), e a esperança do novo céu e da nova terra juntamente com nosso Senhor e Salvador.

Com isto em mente, resta ao cristão viver em gratidão constante a Deus por sua graça maravilhosa, e viver de forma a espalhar as boas novas de Cristo para as demais pessoas. Vida simples, grata e feliz.

O cristão deve se esforçar para evitar a acumulação exagerada de riquezas, pois isso colabora para a exploração do homem pelo homem, para a criação das classes sociais e para o aumento da desigualdade entre as pessoas.


3.  Conselhos práticos para a vida do cristão

A carta de Tiago nos dá várias instruções preciosas sobre como viver de forma a agradar a Deus.

Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus. Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a qual é poderosa para salvar a vossa alma. Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar. Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.

Vejamos algumas atitudes práticas que devemos ter:

- Esforço para abandonar o pecado e aprender mais de Cristo, por meio do estudo das Escrituras e da prática da oração.

- Não ser justo aos próprios olhos, ou seja, não ser arrogante ou orgulhoso.

- Controlar a língua (não ser fofoqueiro e curioso com a vida de outras pessoas).

- Ser atencioso e generoso com pessoas que necessitam de ajuda.

Essas atitudes parecem simples, mas é através delas que nós, cristãos, podemos ser usados como instrumentos de Deus na transformação da vida de outras pessoas, e até mesmo de bairros e cidades inteiras.

Devemos lembrar que Deus usou um pregador que não queria pregar e uma mensagem de poucas palavras para salvar uma cidade inteira.

Ao Senhor pertence a salvação! Jn 2.9b

O que Deus pode fazer através de nossas vidas?


4.  Conclusão

Em resumo, vimos que:

Existem muitas religiões no mundo, mas somente o Cristianismo é o sistema de vida que agrada a Deus.

Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. Jo 4.24

O Cristianismo é a única religião que ensina a forma correta de relacionamento do homem com Deus, com os outros homens e com o mundo criado.

O Cristianismo ensina que o Deus Criador vai ao encontro do homem perdido para resgatá-lo. Por isso, o cristão deve viver em gratidão a Deus pela salvação dada por Cristo.

O Cristianismo ensina que todos os seres humanos pecaram e carecem da graça de Deus. Por isso, não há fundamento para qualquer tipo de hierarquia entre os homens, ou qualquer exploração de um homem por outro.

O Cristianismo ensina que o cristão deve cuidar da criação de forma a glorificar o Criador, o que se traduz em uma vida simples, grata e feliz diante de Deus e dos demais homens.

Soli Deo Gloria


Extraído e adaptado de KUYPER, Abraham. Calvinismo; traduzido por Ricardo Gouvêa e Paulo Arantes. São Paulo: Cultura Cristã, 2014. 208p.