Chegamos ao final de mais um ano. Este é o momento
propício para conferirmos se as metas traçadas no final do ano anterior foram
cumpridas, e para elaborar novas metas a serem alcançadas ao longo do ano que
se aproxima.
Quais critérios utilizamos na elaboração das nossas
metas? O que é importante considerar neste momento?
A forma como responderemos a essa simples pergunta
revelará muito sobre o atual estado do nosso relacionamento com Deus, da nossa
intimidade com o Senhor.
Vejamos o que as Escrituras têm a nos ensinar.
As Escrituras nos ensinam que é lícito ao homem
fazer planos, mas que é necessário sempre curvar-se à vontade do Senhor.
O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta
certa dos lábios vem do SENHOR. Pv 16.1
Mas, como o cristão pode saber qual é a vontade do
Senhor para a sua vida no próximo ano? Quais os meios deixados por Deus para
descobrirmos a Sua Vontade em nossas vidas?
O Rei Davi clamou, em oração, para que Deus o
ensinasse a fazer a Sua Vontade:
Ensina-me
a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus; guie-me o teu bom Espírito
por terreno plano. Sl 143.10
O Senhor Jesus também orou para que a Vontade do Pai fosse integralmente cumprida:
Ele, por sua vez, se afastou, cerca de um tiro de
pedra, e, de joelhos, orava, dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice;
contudo, não se faça a minha vontade,
e sim a tua. Lc 22.40-41
O Senhor Jesus ensinou seus discípulos a buscarem,
em oração, o conhecimento da Vontade de Deus:
Portanto, vós orareis assim: Pai nosso, que estás nos
céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão
nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas
livra-nos do mal [pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém. Mt
6.9-13
Essas passagens bíblicas demonstram a grande
importância da oração como chave para conhecermos a Vontade do Senhor para as
nossas vidas. O Senhor Jesus encorajou seus discípulos nesta busca:
Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e
abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem
bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho
lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra?
Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus,
dará boas coisas aos que lhe pedirem? Mt 7.7-11
As “coisas boas” que são prometidas nesta passagem
bíblica são o próprio Espírito Santo, conforme a passagem paralela encontrada
no livro de Lucas:
Por isso, vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis;
batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a
quem bate, abrir-se-lhe-á. Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir
[pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma
cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? Ora, se vós, que sois
maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho
pedirem? Lc 11.9-13
Estes textos bíblicos nos ensinam que devemos
gastar tempo em oração, para que o Senhor nos encha do seu Santo Espírito e nos
use como instrumentos da sua obra.
O Senhor Jesus orientou seus discípulos a
permanecerem em Jerusalém até que o cumprimento da promessa do Pai, de
enviar-lhes o Espírito Santo.
E, comendo com eles, determinou-lhes que não se
ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse
ele, de mim ouvistes. At 1.4
Cristo já havia falado sobre essa promessa
anteriormente, e ela aponta para a profecia de Joel:
Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai;
permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder. Lc
24.49
E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito
sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos
sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas
derramarei o meu Espírito naqueles dias. Mostrarei prodígios no céu e na terra:
sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em
sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR. E acontecerá que
todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque, no monte Sião e em
Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os
sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar. Jl 2.28-32
Os discípulos obedeceram ao mandamento do Senhor
Jesus e perseveraram, juntos, em oração, para que Cristo cumprisse a promessa e
os enchesse do poder do Espírito.
Todos estes perseveravam unânimes em oração, com as
mulheres, com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele. At 1.14
A promessa foi cumprida e “todos ficaram cheios do
Espírito Santo”, e isto os tornou aptos para saírem da cidade a evangelizar os
perdidos.
Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a
falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. At 2.4
É essencial percebermos que o cumprimento da
promessa do Pai ocorreu após o envolvimento dos discípulos e de todos
os que estavam com eles (cerca de 120 pessoas, At 1.15) em intensa oração.
O Senhor não unge planos, não unge métodos, não unge
organização e nem maquinismo. Deus unge pessoas que o buscam.[2]
Se quisermos planejar ações que agradam a Deus
para o próximo ano, o primeiro passo é nos curvarmos e gastarmos tempo em oração
sincera e fervorosa, para que o Senhor nos encha do Seu Espírito e nos capacite
para a sua obra.
“Quando houve a primeira estruturação da igreja, com a
eleição dos diáconos na igreja de Jerusalém (Atos 6.1-7), os apóstolos tomaram
a seguinte decisão: “Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério
da palavra” (6.4).
(...)
O que os apóstolos disseram é que seriam fortes rumo à
busca de algo; que permaneceriam firmes naquele propósito; que perseverariam na
oração; que seriam continuamente firmes com um propósito. Eles teriam uma
postura de continuidade na oração para as grandes conquistas junto ao Senhor e
ao ministério, mormente da pregação da Palavra. Esse foi o segredo de serem
eles pessoas tão cheias do Espírito e de poder. Não há canal mais efetivo do
que este para uma vida poderosa.”[3]
O profeta Isaías exaltou a grandiosidade de Deus no
trabalho em favor dos que o buscam:
Oh! Se fendesses os céus e descesses! Se os montes
tremessem na tua presença, como quando o fogo inflama os gravetos, como quando
faz ferver as águas, para fazeres notório o teu nome aos teus adversários, de
sorte que as nações tremessem da tua presença! Quando fizeste coisas terríveis,
que não esperávamos, desceste, e os montes tremeram à tua presença. Porque desde a antiguidade não se ouviu,
nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que
trabalha para aquele que nele espera. Is 64.1-4
O apóstolo Paulo citou esta passagem em sua primeira
carta aos Coríntios:
mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos
ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para
aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a
todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus. 1Co 2.9-10
“Para Deus nos encher do seu Espírito e nos ungir para
a sua obra, precisamos intensificar nossa busca, até que ele, do alto,
derrame-o sobre nós.”[4]
A história da igreja é marcada por homens que dedicaram
grande parte da sua vida à oração, no clamor diante de Deus pelo
derramamento do Poder do Alto: Jonathan Edwards, John Knox, George Muller,
Dwight Layman Moody, Andrew Murray, John Nelson Hyde, Richard Baxter, Martinho Lutero.
Estes foram homens cheios do Espírito Santo, e
foram grandemente usados por Deus na evangelização de muitas pessoas.
Como dito no início deste estudo, estamos chegando
ao final de mais um ano. Mais do que responder quais serão nossos planos para o
próximo ano, a grande pergunta a ser respondida é: O que fazer para sermos
cheios do Espírito Santo no próximo ano?
A única forma de obtermos a resposta correta para esta
pergunta é dobrarmos nossos joelhos, com fé e dedicação, e clamarmos
diariamente, e até mesmo várias vezes ao dia, para que o Senhor da Igreja nos
encha do Poder do Seu Santo Espírito, a fim de sermos capacitados para a realização
da sua grandiosa obra.
A promessa divina não falha, Ele está atento às
nossas petições, e é capaz de realizar, através de nós, coisas grandes e
maravilhosas, muito maiores do que podemos pensar.
Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei coisas
grandes e ocultas, que não sabes. Jr 33.3
Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente
mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em
nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações,
para todo o sempre. Amém! Ef 3.20-21
“Hoje em dia, em grandes setores cristãos, e até no
meio de gente séria e de linha reformada, o Espírito Santo tem sido ignorado e
muito pouco buscado pessoalmente, como também muito pouco enfatizado no ensino.
Temos, muitos de nós, uma impressão errônea de que o academicismo substitui a
ação do Espírito Santo na obra de Deus. Educação e treinamento jamais podem
substituir o lugar do Espírito Santo! De fato, essa tem sido uma triste realidade.
Temos uma falsa impressão de que podemos passar sem ele. No nosso ministério,
temos procurado atuar na energia dos nossos esforços, na energia da carne, sem
a ajuda direta do Espírito Santo. Precisamos dar-lhe o lugar que de direito lhe
pertence, pois é ele quem faz a obra nos corações dos homens, tanto daqueles
que trabalham para o Senhor, quanto daqueles que recebem a Palavra do Senhor. Se
não temos essa unção do Espírito não vamos muito longe na obra do Senhor. Há uma
tradição cristã que nos traz uma nota de que Tiago, o líder da igreja em
Jerusalém, tinha os joelhos tão calejados de tanto orar, que foi apelidado de “joelhos
de camelo”. Se for verdade, temos muito que aprender com ele, como cristãos, e
especialmente como líderes na igreja.”[5]
Os campos estão brancos (Jo 4.35) e são grandes, mas
os trabalhadores são poucos (Lc 10.2). Que este estudo nos motive a gastarmos
tempo em oração a Deus, dia-a-dia, a fim de que Ele nos encha com seu poder
para o trabalho da Sua obra.
Soli Deo
Gloria!
*Para uma compreensão mais profunda desse assunto,
indico o livro do Rev. José João de Paula, “O Poder do Alto”, Editora Betânia, 2011.