- Contexto
histórico
- O castigo
anunciado
- A esperança
anunciada
- A salvação
anunciada
- Referências
bibliográficas
CONTEXTO HISTÓRICO
Palavra do SENHOR que veio a Sofonias, filho de Cusi, filho de
Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de
Amom, rei de Judá. Sf 1.1
O primeiro
versículo do livro narra a ascendência de Sofonias até a quarta geração. Alguns
estudiosos bíblicos afirmam que o “Ezequias” mencionado foi o rei de Judá, o
que faria de Sofonias um componente da família real.
O texto nos conta
também que Sofonias profetizou durante o reinado de Josias de Judá. O severo
julgamento divino anunciado pelo profeta sugere uma data anterior à reforma
empreendida pelo rei Josias (2Rs 23.1-27).
Foi um tempo
difícil, o povo cultuava ao Senhor apenas por tradição, mas também cultuava
diversos deuses dos povos pagãos que viviam ao seu redor. Os reis anteriores
(Manassés e Amom) fizeram o que era mau perante o Senhor.
Manassés reinou
55 anos em Judá, edificou altares a deuses estranhos, foi adivinho, consultou
médiuns e feiticeiros e sacrificou seu próprio filho em oferta aos deuses
estranhos (2Rs 21.2-6).
Amom reinou 2
anos em Judá e repetiu todos os erros de seu pai, a ponto de ser morto em uma
conspiração dos seus servos.
Estes dois
reinados juntos somaram 57 anos de distanciamento do Senhor e de adoração a
deuses estranhos e práticas religiosas pagãs. Não bastasse isso, Josias foi
alçado à condição de rei aos 8 anos de idade (2Rs 22.1).
Mais de meio
século de afastamento de Deus e uma criança no trono. Esse foi o contexto no
qual Sofonias profetizou.
Sofonias foi
contemporâneo dos profetas Jeremias, Naum e Habacuque.
O CASTIGO ANUNCIADO
De fato, consumirei todas as coisas sobre a face da terra, diz o
SENHOR. Consumirei os homens e os animais, consumirei as aves do céu, e os
peixes do mar, e as ofensas com os perversos; e exterminarei os homens de sobre
a face da terra, diz o SENHOR. Estenderei a mão contra Judá e contra todos os
habitantes de Jerusalém; Sf 1.2-4a
Sofonias não
poderia ter iniciado sua profecia de forma mais aterrorizante. Ele foi usado
como boca do Senhor para anunciar a destruição tanto do povo de Jerusalém como
também de todas as demais nações da terra.
Deus estava
profundamente irado e anunciou seu julgamento.
Mas, afinal de
contas, o que fez o povo de Judá para deixar Deus irado daquela maneira?
Durante todo o
Antigo Testamento, Deus se apresentou como o salvador dos judeus, o seu povo
escolhido. Ele foi ao encontro do seu povo e firmou aliança com ele, na qual se
comprometeu a ser o seu Deus, e o povo deveria adorá-lo exclusivamente como o
único e verdadeiro Deus.
A lei de Deus
para o seu povo foi resumida nos dez mandamentos, sendo que o primeiro deles
proibia expressamente a idolatria. Apesar disso, o povo falhou várias vezes
durante a caminhada, mas Deus se mostrou misericordioso e benevolente e
permaneceu ao lado de Israel. Além disso, Deus operou grandes milagres em favor
do seu povo, como por exemplo a salvação concedida por meio de José, a
fantástica libertação dos judeus da escravidão do Egito, a caminhada de 40 anos
no deserto e a conquista da terra prometida.
O povo de Israel
e de Judá sabiam perfeitamente quem foi o Deus de seus pais, pois todas essas
histórias eram contadas pelos pais aos filhos, para que o nome e os feitos do
Senhor sempre fossem lembrados e sua lei cumprida com sincera adoração.
Apesar disso,
após o reinado de Ezequias em Judá, os dois reis seguintes desprezaram o Senhor
e decidiram descumprir a sua lei. Foram 57 anos de idolatria, sincretismo e até
mesmo ateísmo por parte do povo.
os que sobre os eirados adoram o exército do céu e os que adoram ao
SENHOR e juram por ele e também por Milcom; Sf 1.5 (sincretismo
religioso)
os que deixam de seguir ao SENHOR e os que não buscam o SENHOR, nem
perguntam por ele. Sf 1.6 (ateísmo)
Naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas e castigarei os
homens que estão apegados à borra do vinho e dizem no seu coração: O SENHOR não
faz bem, nem faz mal. Sf 1.12 (banalização de Deus)
Não atende a ninguém, não aceita disciplina, não confia no SENHOR, nem
se aproxima do seu Deus. Sf 3.2 (arrogância, autossuficiência)
O povo escolhido
e amado por Deus decidiu praticar essas barbaridades por mais de meio século. O
que o Senhor, o único Santo, Santo, Santo descrito por Isaías sentiria ao ver
essa situação?
Deus estava
profundamente irado. Deus odeia o pecado.
Esse foi o motivo
pelo qual ele levantou o profeta Sofonias, para anunciar o julgamento que viria
ao povo de Judá e a todo o mundo. Deus é totalmente santo e puro, Ele não tolera
o mau, o pecado. Onde há pecado tem que haver julgamento e condenação.
Cala-te diante do SENHOR Deus, porque o Dia do SENHOR está perto, pois
o SENHOR preparou o sacrifício e santificou os seus convidados. Sf 1.7
Sofonias anunciou
que o “Dia do Senhor” estava próximo. Mas, ao contrário do que parecia, o povo
imaginava que aquele dia seria de grandes bênçãos, felicidade e alegria, no
qual Deus viria como um grande pai generoso e bondoso a atender as petições de
seus filhos.
O povo pensava
isso porque se esquecera de quem era o Senhor e se esquecera também da profecia
dada por Amós anos antes.
Ai de vós que desejais o Dia do SENHOR! Para que desejais vós o Dia do
SENHOR? É dia de trevas e não de luz. Como se um homem fugisse de diante do
leão, e se encontrasse com ele o urso; ou como se, entrando em casa, encostando
a mão à parede, fosse mordido de uma cobra. Não será, pois, o Dia do SENHOR
trevas e não luz? Não será completa escuridão, sem nenhuma claridade? Am
5.18-20
O Dia do Senhor
seria terrível, dia de trevas. Sofonias repetiu essa definição em sua profecia.
Está perto o grande Dia do SENHOR; está perto e muito se apressa.
Atenção! O Dia do SENHOR é amargo, e nele clama até o homem poderoso. Aquele
dia é dia de indignação, dia de angústia e dia de alvoroço e desolação, dia de
escuridade e negrume, dia de nuvens e densas trevas, dia de trombeta e de
rebate contra as cidades fortes e contra as torres altas. Trarei angústia sobre
os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o SENHOR; e o
sangue deles se derramará como pó, e a sua carne será atirada como esterco. Sf
1.14-17
Nem a sua prata nem o seu ouro os poderão livrar no dia da indignação
do SENHOR, mas, pelo fogo do seu zelo, a terra será consumida, porque,
certamente, fará destruição total e repentina de todos os moradores da terra.
Sf 1.18
“(...) E o
versículo 18 do capítulo 1 deixa bem claro que nem suas riquezas, nem seus
bens, nem suas realizações, nem qualquer outra coisa, poderá salvá-lo naquele
dia. Não poderemos nos esconder atrás de coisa alguma. Dizemos sempre aos
nossos filhos que chegará o dia em que estaremos sós diante de Deus. Eles não
poderão se esconder atrás da mamãe e do papai. Todas as coisas serão
manifestas. (...)”
CARSON, D.A. As
Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento;
tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p. 158.
Sabemos que a
punição do povo de Judá ocorreu anos depois, com o exílio imposto pelos
babilônicos. Deus levantou Nabucodonosor e seu reino para punir o povo de Judá
por todos aqueles anos de idolatria.
Entretanto, o Dia
do Senhor anunciado por Amós e Sofonias ainda virá. Será o dia no qual o Justo
Juiz derramará sua ira sobre todos os povos que não O adoram como único Deus e salvador.
A ESPERANÇA ANUNCIADA
Concentra-te e examina-te, ó nação que não tens pudor, antes que saia o
decreto, pois o dia se vai como a palha; antes que venha sobre ti o furor da
ira do SENHOR, sim, antes que venha sobre ti o dia da ira do SENHOR. Buscai o
SENHOR, vós todos os mansos da terra, que cumpris o seu juízo; buscai a
justiça, buscai a mansidão; porventura, lograreis esconder-vos no dia da ira do
SENHOR. Sf 2.1-3
O capítulo 1 de
Sofonias é terrível, Deus anunciou o julgamento sobre todas as nações. Parecia
não haver escapatória. Existiria ainda alguma esperança de livramento?
Os primeiros
versículos do capítulo 2 apontam para uma luz. No meio daquele julgamento tão
duro, o próprio Deus forneceu esperança. Ele disse: “O julgamento virá
depressa, mas antes disso busquem o Senhor, pois talvez tenham êxito em fugir
da Sua ira”.
Deus anunciou a
única forma de fugir da Sua ira: buscá-lo com humildade.
“(...) Quando
percebemos que de fato somos culpados diante de um Deus santo e justo – quanto
isso acontece, quando a ficha finalmente cai, quando entendemos essa verdade
básica e monumental, nesse mesmo instante o coração humano fica tentado a se
voltar para outros refúgios, outros remédios. “Senhor, vou voltar a frequentar
a igreja.” “Vou parar de fazer isso e aquilo.” “Vou deixar de ser desonesto.”
“Vou melhorar, Senhor”.
Mas, ouça: não há
esperança nisso. Só há um lugar para onde correr, e esse lugar é o próprio
Deus, que, em sua misericórdia, concede salvação por meio de Jesus Cristo a
todos quantos se voltam para ele e dizem: “Senhor, tem misericórdia de mim,
pecador. Salva-me.” Não se trata de uma fórmula mágica. Trata-se de humildade
no coração. Devemos nos voltar humildemente a Cristo e nos refugiar em sua
morte por nossos pecados. (...)”
CARSON, D.A. As
Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento;
tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. p. 160-161.
“(...) Exortar o povo a ouvir advertências severas é um ato da graça
divina, pois as advertências são formuladas com o objetivo de estimular ou
evocar arrependimento naqueles que a ouvem. (...)”
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. p. 1187. Comentário de Sf 2.1
Após essa luz de
esperança, Deus esclareceu mais detalhadamente os alvos de sua punição. Nenhuma
nação ao redor de Judá escaparia, todas seriam destruídas pela mão poderosa do
Senhor.
- Norte: Assíria
(v. 13)
- Sul: Etíopes (v.
12)
- Leste: Moabe e Amom
(v.8)
- Oeste: Filístia
(v. 5)
Deus advertiu seu
povo de que não haveria lugar seguro para se esconder da sua ira. Para onde
quer que fossem, lá eles seriam alcançados pelo julgamento divino. O Senhor
relembrou o povo de sua onipresença, conforme já afirmado pelo rei Davi.
Para onde me
ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Sl 139.7
Além disso, ao
punir severamente todas as nações ao redor de Judá, Deus reafirmou seu poder e
domínio sobre toda a terra. Os deuses pagãos não tinham qualquer poder, eles
nada poderiam fazer para acudir seus adoradores.
Mais uma vez Deus
relembrava coisas que o povo já deveria saber.
Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e
não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não
cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da
garganta. Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles confiam.
Sl 115.4-8
A punição seria
grandiosa e terrível. Nenhuma nação escaparia. Não havia deus capaz de livrar
os habitantes da terra. Mas, no meio de tudo isso, o Senhor anunciou uma
pequena luz, distante, frágil, uma luz de esperança para aqueles que o
buscassem com humildade.
A SALVAÇÃO ANUNCIADA
O capítulo 3
começa com o julgamento de Deus sobre Jerusalém e se expande a todas as nações
da terra, semelhante ao já anunciado nos dois capítulos anteriores.
Mas, a partir do
versículo 9, o profeta retorna àquela frágil luz de esperança brevemente
anunciada no capítulo anterior. A esperança é mais claramente apresentada pelo
Senhor, que anuncia purificação, regozijo e gloriosa restauração após o
julgamento.
Então, darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do
SENHOR e o sirvam de comum acordo. Dalém dos rios da Etiópia, os meus
adoradores, que constituem a filha da minha dispersão, me trarão sacrifícios.
Naquele dia, não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com que te
rebelaste contra mim; então, tirarei do meio de ti os que exultam na sua
soberba, e tu nunca mais te ensoberbecerás no meu santo monte. Mas deixarei, no
meio de ti, um povo modesto e humilde, que confia em o nome do SENHOR. Os
restantes de Israel não cometerão iniqüidade, nem proferirão mentira, e na sua
boca não se achará língua enganosa, porque serão apascentados, deitar-se-ão, e
não haverá quem os espante. Sf 3.9-13
- lábios puros: Após o julgamento
do seu povo, o Senhor promete dar-lhes lábios puros para invocarem o nome do
Senhor, exatamente o que não fizeram durante os últimos 57 anos de idolatria
explícita.
- Dalém dos
rios da Etiópia: Deus chamaria seu povo tanto dos judeus como também dos
gentios.
- um povo modesto
e humilde: Exatamente o oposto do povo arrogante e autossuficiente que viviam
como se não precisasse de Deus.
Canta, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te e, de todo o
coração, exulta, ó filha de Jerusalém. O SENHOR afastou as sentenças que eram
contra ti e lançou fora o teu inimigo. O Rei de Israel, o SENHOR, está no meio
de ti; tu já não verás mal algum. Naquele dia, se dirá a Jerusalém: Não temas,
ó Sião, não se afrouxem os teus braços. O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti,
poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no
seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo. Sf 3.14-17
O povo redimido é
chamado a cantar, a adorar a Deus por ter afastado a condenação que estava
sobre eles. Aqui está a mensagem central do livro, Jesus Cristo, o Salvador que
tomou sobre si a condenação, a ira de Deus em nosso lugar.
Somente podemos
cantar porque Cristo morreu em nosso lugar. Assim como o povo de Judá,
estávamos condenados ao inferno, à eterna separação de Deus, mas Ele, por causa
do grande amor com que nos amou, enviou Seu Filho para sofrer e morrer em nosso
lugar.
Cristo cumpriu
fielmente a obra de salvação: se encarnou, sofreu, morreu, ressuscitou ao
terceiro dia, subiu ao céus e reina soberano sobre toda a criação.
Sua obra nos
concedeu perdão de todos os pecados e a nova vida Nele, na qual somos capazes
de ouvir, entender e obedecer à voz de Deus transcrita em Sua Palavra Revelada.
Agora podemos cantar em alta voz, nossa esperança se tornou em gloriosa
salvação nos dada pelo Senhor Jesus Cristo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA DE ESTUDO
DE GENEBRA. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil; São Paulo: Cultura Cristã, 2ª
edição, 2009. 1920p.
CARSON, D.A. As
Escrituras dão testemunho de mim: Jesus e o evangelho no Antigo Testamento;
tradução de Marcelo Brandão Cipolla. São Paulo: Vida Nova, 2015. 224 p.
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