quinta-feira, 16 de julho de 2015

O ofício profético de Jesus Cristo


- Introdução
- A importância dos ofícios de Cristo
- O profeta no Antigo Testamento
- Provas bíblicas do ofício profético de Jesus Cristo:
            - Textos das Escrituras
            - O próprio Cristo reivindicou ser profeta
- Formas de exercício do ofício profético por Cristo
- Antes da encarnação
- Depois da encarnação
- Conclusão


INTRODUÇÃO


Estudar a pessoa e a obra do Senhor Jesus Cristo é um desafio grande, pois nesse empreendimento nos atrevemos, como finitos que somos, a tentar compreender um pouco sobre quem é nosso Senhor, o Deus-encarnado, e quais funções ele exerceu em Sua obra redentora.

Para tanto, é necessário contar com a iluminação do Santo Espírito de Deus na compreensão das Escrituras Sagradas, que são a Palavra revelada de Deus e nossa única regra de fé e prática.

Nesta aula, nos ateremos ao estudo do ofício profético de Jesus Cristo. A compreensão desse assunto é essencial para fortalecermos nossa fé Nele e é mais um motivo para rendermos glória e honra ao Único Rei do Universo e nosso eterno Salvador.


“Tendo nos lembrado disso, retornemos agora, uma vez mais, ao grande ponto central de toda a revelação, isto é, o Senhor Jesus Cristo. Temos focalizado Sua Pessoa, e agora continuamos com o que a Bíblia nos afirma sobre sua obra. Era necessário que tratássemos primeiramente da Pessoa, porquanto jamais entenderíamos a obra até que estejamos bem informados sobre quem Ele é.”
Martyn Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1997. p. 369



A IMPORTÂNCIA DOS OFÍCIOS DE CRISTO


O homem foi criado por Deus para exercer três funções: profeta, sendo que recebeu do Criador conhecimento e entendimento; sacerdote, e para tanto foi feito justo e santo, devendo assim manter-se; e rei, tendo domínio sobre toda a criação.

Contudo, o pecado afetou toda a vida do homem, tendo como consequências ignorância e cegueira, erro e falsidade, injustiça, culpa, corrupção moral e morte.

Por isso, foi necessário que Jesus Cristo exercesse os três ofícios de forma perfeita, para nos libertar do pecado e nos reconciliar com Deus Pai.


“(...) Explica-se o fato de Cristo ter sido ungido para um tríplice ofício com o fato de que o homem foi originariamente profeta, sacerdote e rei e, nestas qualidades, foi dotado de conhecimento e entendimento, de justiça e santidade, e de domínio sobre a criação inferior. O pecado afetou toda a vida do homem e se manifestou, não somente como ignorância e cegueira, erro e falsidade, mas também como injustiça, culpa e corrupção moral; e, em acréscimo, como enfermidade, morte e destruição. Daí, foi necessário que Cristo, nosso Mediador, fosse Profeta, Sacerdote e Rei. Como Profeta, ele representa Deus para com o homem; como Sacerdote, ele representa o homem na presença de Deus; e como Rei, ele exerce domínio e restabelece o domínio original do homem. (...)”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 328


Jesus Cristo exerceu os três ofícios para nos libertar da ignorância, da culpa e do domínio do pecado.


“Vemos de imediato que é indispensável que Ele assuma as três funções. Precisamos de um profeta, porque precisamos ser libertados e salvos da ignorância do pecado. Ao considerarmos a doutrina da Queda e suas consequências, vimos que os homens e as mulheres foram deixados num estado de ignorância (...).
Mas também precisamos ser libertados da culpa do pecado. Portanto, precisamos de um sacerdote. Em razão da culpa do pecado, necessitamos que alguém possa comparecer em nossa defesa à presença de Deus. Portanto, Cristo teve que assumir a função de Sacerdote.
E então, evidentemente, temos que ser libertados do domínio do pecado – e as Escrituras dizem que fomos libertados. Fomos tirados do reino das trevas e transportados para “o reino do Filho do seu amor” (Cl 1:13). Ele só faz isso quando assume a função de rei, com poder e autoridade. Somente como Rei Ele pode libertar-nos e introduzir-nos no reino sobre o qual Ele governa e do qual nos tornamos cidadãos.”
Martyn Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1997. p. 370-371


“PERGUNTA 31. O nome Cristo significa Ungido. Porque Jesus tem também esse nome?
RESPOSTA. Porque ele foi ordenado por Deus Pai e ungido com o Espírito Santo para ser nosso supremo Profeta e Mestre, nosso único Sumo Sacerdote e nosso eterno Rei. Como Profeta, nos revelou plenamente o plano de Deus para nossa salvação. Como Sumo Sacerdote, nos resgatou pelo único sacrifício de seu corpo e, continuamente, intercede por nós junto ao Pai. Como Rei, nos governa por sua Palavra e Espírito e nos protege e guarda na salvação que conquistou para nós.”
Catecismo de Heidelberg, pergunta 31.


“Aprouve a Deus, em seu eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador de sua igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do mundo; deu-lhe, desde toda a eternidade, um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado.”
Confissão de Fé de Westminster, Capítulo VIII, I.



O PROFETA NO ANTIGO TESTAMENTO


O profeta era a “boca” ou o “porta-voz” de Deus. Ele recebia a revelação de Deus e a transmitia ao povo. A principal característica do profeta não era falar “antes de”, ou seja, anunciar algo antes do seu acontecimento, mas sim falar “em nome de”, que significa ter autoridade dada por Deus para falar a Sua palavra em Seu nome.

Ele falará por ti ao povo; ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus. Ex 4.16

Então, disse o Senhor a Moisés: Vê que te constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu profeta. Ex 7.1



PROVAS BÍBLICAS DO OFÍCIO PROFÉTICO DE JESUS CRISTO


- Alguns textos das Escrituras:

O SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás. (...) Suscitar-lhes-ei um profeta no meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. De todo aquele que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, disso lhe pedirei conta. Dt 18:15, 18-19

Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Mt 7.28-29

Vendo, pois, os homens o sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia vir ao mundo. Jo 6.14

At 3.19-26


- O próprio Cristo reivindicou ser profeta:

Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém. Lc 13.33

Muitas coisas tenho para dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro, de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo. Jo 8.26

Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai,que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. As coisas, pois, que eu falo, como o Pai me tem dito, assim falo. Jo 12.49-50



FORMAS DE EXERCÍCIO DO OFÍCIO PROFÉTICO POR CRISTO


- Antes da encarnação:

“Ele agiu como profeta mesmo na antiga dispensação, como nas revelações especiais do Anjo do Senhor, nos ensinos dos profetas, nos quais agiu como espírito de revelação (1Pe 1.11), e na iluminação espiritual dos crentes. Aparece em Provérbios 8 como a sabedoria personificada, ensinando os filhos dos homens.”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 329


“Nenhuma luz, nenhum conhecimento, nenhum compreensão, seja qual for, vem independentemente dEle. E como já vimos, Aquele que foi descrito no Velho Testamento como sendo o Anjo do Concerto era indubitavelmente o Senhor Jesus Cristo.”
Martyn Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1997. p. 374


Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam. 1 Pe 1.10-11


“Cristo era o Espírito iluminando os profetas, a respeito dEle mesmo. Enquanto enunciavam Suas profecias e as expressavam, Ele era o Profeta ensinando os profetas; Ele lhes comunicava sua mensagem.”
Martyn Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1997. p. 374



- Depois da encarnação:


Todo o ensino do Senhor Jesus Cristo entre os homens foi feito como Profeta. Podemos citar alguns exemplos, como seu ensino sobre Deus Pai, o Sermão do Monte, o amor de Deus na redenção dos pecadores, Sua Natureza, Sua Pessoa etc.

Jesus Cristo ensinou, acima de tudo, por Sua vida e exemplo. Ele foi o homem que entendeu e cumpriu perfeitamente a Vontade do Deus Pai. Suas obras comprovavam a veracidade do Seu ensino.


Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Jo 14.9-10


“Devemos viver como Ele viveu, caminhar em Seus passos, tal como Pedro nos diz em 1 Pedro 2:21,22: “Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos seu exemplo, para que sigais as suas pisadas. O que não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano.” Ele nos deixou um exemplo, demonstrando Seu amor e tolerância, bem como todos os Seus demais atributos, e devemos viver como Ele viveu. Foi assim que Ele exerceu sua função profética enquanto viveu aqui na terra.”
Martyn Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1997. p. 375-376


Mesmo após Sua ascensão ao céu, Jesus Cristo continuou a exercer seu ofício profético através do Espírito Santo, que guiou os autores bíblicos, guiou as Igrejas na formação do Cânon Sagrado, continua a nos guiar e continuará ao lado dos seus escolhidos até a volta gloriosa do Senhor Jesus.

O ofício profético de Cristo é verdadeiro e extremamente importante, pois é através dele que podemos compreender a mensagem de Deus para nós. Não crer nesse ofício é rejeitar o Senhor Jesus e sua obra de salvação.


“Não podemos, e nem devemos, esquecer que nosso bendito Senhor e Salvador é profeta. Como o Profeta, Ele trouxe a luz e o conhecimento a este mundo que deles carecia. Tão-somente Ele pode guiar-nos a Deus e comunicar-nos o conhecimento de Deus que desejamos. É Ele que finalmente traz todo conhecimento e instrução aos perdidos na ignorância e trevas do pecado.”
Martyn Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas. 1997. p. 377


“Entretanto, isto permanece estabelecido: com esta perfeição da doutrina, que Cristo trouxe, pôs-se um fim a todas as profecias, de tal sorte que violam sua autoridade quantos, não contentes com o evangelho, o remendam de algo estranho.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 249



CONCLUSÃO

O Senhor Jesus Cristo exerceu os três ofícios, profeta, sacerdote e rei, para nos libertar da ignorância, da culpa e do domínio do pecado.

Seu ofício profético é confirmado nas Escrituras Sagradas do Antigo e do Novo Testamentos e também é confirmado por Ele mesmo, que anunciou ser o Supremo Profeta.

Cristo exerceu seu ofício profético tanto antes como depois da encarnação, e continuará a exercê-lo até sua volta gloriosa.

Não crer no ofício profético de Cristo é motivo de condenação, pois é o mesmo que rejeitar a Luz que ilumina o mundo (Jo 8.12).


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