- Introdução
- A importância
dos ofícios de Cristo
- O profeta no
Antigo Testamento
- Provas bíblicas
do ofício profético de Jesus Cristo:
-
Textos das Escrituras
-
O próprio Cristo reivindicou ser profeta
- Formas de
exercício do ofício profético por Cristo
- Antes da
encarnação
- Depois da
encarnação
- Conclusão
INTRODUÇÃO
Estudar a
pessoa e a obra do Senhor Jesus Cristo é um desafio grande, pois nesse empreendimento nos atrevemos, como finitos que somos, a tentar compreender um pouco sobre quem é nosso Senhor, o Deus-encarnado, e quais funções ele exerceu em Sua obra redentora.
Para tanto, é necessário contar com a iluminação do Santo Espírito de Deus na compreensão das Escrituras Sagradas, que são a Palavra revelada de Deus e nossa única regra de fé e prática.
Nesta aula, nos ateremos ao estudo do ofício profético de Jesus Cristo. A compreensão desse assunto é essencial para fortalecermos nossa fé Nele e é mais um motivo para rendermos glória e honra ao Único Rei do Universo e nosso eterno Salvador.
“Tendo nos lembrado
disso, retornemos agora, uma vez mais, ao grande ponto central de toda a
revelação, isto é, o Senhor Jesus Cristo. Temos focalizado Sua Pessoa, e agora
continuamos com o que a Bíblia nos afirma sobre sua obra. Era necessário que
tratássemos primeiramente da Pessoa, porquanto jamais entenderíamos a obra até
que estejamos bem informados sobre quem Ele é.”
Martyn
Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido
por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas.
1997. p. 369
A IMPORTÂNCIA DOS
OFÍCIOS DE CRISTO
O homem foi
criado por Deus para exercer três funções: profeta, sendo que recebeu do
Criador conhecimento e entendimento; sacerdote, e para tanto foi feito justo e
santo, devendo assim manter-se; e rei, tendo domínio sobre toda a criação.
Contudo, o pecado
afetou toda a vida do homem, tendo como consequências ignorância e cegueira,
erro e falsidade, injustiça, culpa, corrupção moral e morte.
Por isso, foi
necessário que Jesus Cristo exercesse os três ofícios de forma perfeita, para
nos libertar do pecado e nos reconciliar com Deus Pai.
“(...) Explica-se o fato
de Cristo ter sido ungido para um tríplice ofício com o fato de que o homem foi
originariamente profeta, sacerdote e rei e, nestas qualidades, foi dotado de
conhecimento e entendimento, de justiça e santidade, e de domínio sobre a
criação inferior. O pecado afetou toda a vida do homem e se manifestou, não
somente como ignorância e cegueira, erro e falsidade, mas também como injustiça,
culpa e corrupção moral; e, em acréscimo, como enfermidade, morte e destruição.
Daí, foi necessário que Cristo, nosso Mediador, fosse Profeta, Sacerdote e Rei.
Como Profeta, ele representa Deus para com o homem; como Sacerdote, ele
representa o homem na presença de Deus; e como Rei, ele exerce domínio e
restabelece o domínio original do homem. (...)”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 328
Jesus Cristo exerceu os três ofícios para nos
libertar da ignorância, da culpa e do domínio do pecado.
“Vemos de imediato que é
indispensável que Ele assuma as três funções. Precisamos de um profeta, porque
precisamos ser libertados e salvos da ignorância do pecado. Ao considerarmos a
doutrina da Queda e suas consequências, vimos que os homens e as mulheres foram
deixados num estado de ignorância (...).
Mas também precisamos ser
libertados da culpa do pecado. Portanto, precisamos de um sacerdote. Em razão
da culpa do pecado, necessitamos que alguém possa comparecer em nossa defesa à
presença de Deus. Portanto, Cristo teve que assumir a função de Sacerdote.
E então, evidentemente,
temos que ser libertados do domínio do pecado – e as Escrituras dizem que fomos
libertados. Fomos tirados do reino das trevas e transportados para “o reino do
Filho do seu amor” (Cl 1:13). Ele só faz isso quando assume a função de rei,
com poder e autoridade. Somente como Rei Ele pode libertar-nos e introduzir-nos
no reino sobre o qual Ele governa e do qual nos tornamos cidadãos.”
Martyn
Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido
por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas.
1997. p. 370-371
“PERGUNTA 31. O nome
Cristo significa Ungido. Porque Jesus tem também esse nome?
RESPOSTA. Porque ele foi
ordenado por Deus Pai e ungido com o Espírito Santo para ser nosso supremo
Profeta e Mestre, nosso único Sumo Sacerdote e nosso eterno Rei. Como Profeta,
nos revelou plenamente o plano de Deus para nossa salvação. Como Sumo
Sacerdote, nos resgatou pelo único sacrifício de seu corpo e, continuamente,
intercede por nós junto ao Pai. Como Rei, nos governa por sua Palavra e
Espírito e nos protege e guarda na salvação que conquistou para nós.”
Catecismo de
Heidelberg, pergunta 31.
“Aprouve a Deus, em seu
eterno propósito, escolher e ordenar o Senhor Jesus, seu Filho Unigênito, para
ser o Mediador entre Deus e o homem, Profeta, Sacerdote e Rei, o Cabeça e Salvador
de sua igreja, o Herdeiro de todas as coisas e o Juiz do mundo; deu-lhe, desde
toda a eternidade, um povo para ser sua semente e para, no tempo devido, ser
por ele remido, chamado, justificado, santificado e glorificado.”
Confissão de Fé
de Westminster, Capítulo VIII, I.
O PROFETA NO
ANTIGO TESTAMENTO
O profeta era a “boca” ou o “porta-voz” de
Deus. Ele recebia a revelação de Deus e a transmitia ao povo. A principal
característica do profeta não era falar “antes de”, ou seja, anunciar algo
antes do seu acontecimento, mas sim falar “em nome de”, que significa ter
autoridade dada por Deus para falar a Sua palavra em Seu nome.
Ele falará por ti ao
povo; ele te será por boca, e tu lhe serás por Deus. Ex 4.16
Então, disse o Senhor a
Moisés: Vê que te constituí como Deus sobre Faraó, e Arão, teu irmão, será teu
profeta. Ex 7.1
PROVAS BÍBLICAS
DO OFÍCIO PROFÉTICO DE JESUS CRISTO
- Alguns textos
das Escrituras:
O SENHOR, teu Deus, te
suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele
ouvirás. (...) Suscitar-lhes-ei um profeta no meio de seus irmãos, semelhante a
ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe
ordenar. De todo aquele que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu
nome, disso lhe pedirei conta. Dt 18:15, 18-19
Quando Jesus acabou de
proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina;
porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas. Mt
7.28-29
Vendo, pois, os homens o
sinal que Jesus fizera, disseram: Este é, verdadeiramente, o profeta que devia
vir ao mundo. Jo 6.14
At 3.19-26
- O próprio Cristo
reivindicou ser profeta:
Importa, contudo,
caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora
de Jerusalém. Lc 13.33
Muitas coisas tenho para
dizer a vosso respeito e vos julgar; porém aquele que me enviou é verdadeiro,
de modo que as coisas que dele tenho ouvido, essas digo ao mundo. Jo 8.26
Porque eu não tenho
falado por mim mesmo, mas o Pai,que me enviou, esse me tem prescrito o que
dizer e o que anunciar. E sei que o seu mandamento é a vida eterna. As coisas,
pois, que eu falo, como o Pai me tem dito, assim falo. Jo 12.49-50
FORMAS DE
EXERCÍCIO DO OFÍCIO PROFÉTICO POR CRISTO
- Antes da
encarnação:
“Ele agiu como profeta
mesmo na antiga dispensação, como nas revelações especiais do Anjo do Senhor,
nos ensinos dos profetas, nos quais agiu como espírito de revelação (1Pe 1.11),
e na iluminação espiritual dos crentes. Aparece em Provérbios 8 como a
sabedoria personificada, ensinando os filhos dos homens.”
Louis Berkhof,
Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São
Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 329
“Nenhuma luz, nenhum conhecimento,
nenhum compreensão, seja qual for, vem independentemente dEle. E como já vimos,
Aquele que foi descrito no Velho Testamento como sendo o Anjo do Concerto era
indubitavelmente o Senhor Jesus Cristo.”
Martyn
Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido
por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas.
1997. p. 374
Foi a respeito desta
salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca
da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou
quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles
estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e
sobre as glórias que os seguiriam. 1 Pe 1.10-11
“Cristo era o Espírito
iluminando os profetas, a respeito dEle mesmo. Enquanto enunciavam Suas
profecias e as expressavam, Ele era o Profeta ensinando os profetas; Ele lhes
comunicava sua mensagem.”
Martyn
Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido
por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas.
1997. p. 374
- Depois da
encarnação:
Todo o ensino do Senhor Jesus Cristo entre os
homens foi feito como Profeta. Podemos citar alguns exemplos, como seu ensino
sobre Deus Pai, o Sermão do Monte, o amor de Deus na redenção dos pecadores,
Sua Natureza, Sua Pessoa etc.
Jesus Cristo ensinou, acima de tudo, por Sua
vida e exemplo. Ele foi o homem que entendeu e cumpriu perfeitamente a Vontade
do Deus Pai. Suas obras comprovavam a veracidade do Seu ensino.
Disse-lhe Jesus: Filipe,
há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o
Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai
está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai,
que permanece em mim, faz as suas obras. Jo 14.9-10
“Devemos viver como Ele
viveu, caminhar em Seus passos, tal como Pedro nos diz em 1 Pedro 2:21,22:
“Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós,
deixando-nos seu exemplo, para que sigais as suas pisadas. O que não cometeu
pecado, nem na sua boca se achou engano.” Ele nos deixou um exemplo,
demonstrando Seu amor e tolerância, bem como todos os Seus demais atributos, e
devemos viver como Ele viveu. Foi assim que Ele exerceu sua função profética
enquanto viveu aqui na terra.”
Martyn
Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido
por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas.
1997. p. 375-376
Mesmo após Sua ascensão ao céu, Jesus Cristo
continuou a exercer seu ofício profético através do Espírito Santo, que guiou
os autores bíblicos, guiou as Igrejas na formação do Cânon Sagrado, continua a
nos guiar e continuará ao lado dos seus escolhidos até a volta gloriosa do
Senhor Jesus.
O ofício
profético de Cristo é verdadeiro e extremamente importante, pois é através dele
que podemos compreender a mensagem de Deus para nós. Não crer nesse ofício é
rejeitar o Senhor Jesus e sua obra de salvação.
“Não podemos, e nem
devemos, esquecer que nosso bendito Senhor e Salvador é profeta. Como o
Profeta, Ele trouxe a luz e o conhecimento a este mundo que deles carecia.
Tão-somente Ele pode guiar-nos a Deus e comunicar-nos o conhecimento de Deus
que desejamos. É Ele que finalmente traz todo conhecimento e instrução aos
perdidos na ignorância e trevas do pecado.”
Martyn
Lloyd-Jones, Grandes Doutrinas Bíblicas. Deus o Pai, Deus o Filho; traduzido
por Valter Graciano Martins. São Paulo: Publicações Evangélicas Selecionadas.
1997. p. 377
“Entretanto, isto
permanece estabelecido: com esta perfeição da doutrina, que Cristo trouxe,
pôs-se um fim a todas as profecias, de tal sorte que violam sua autoridade
quantos, não contentes com o evangelho, o remendam de algo estranho.”
João Calvino. As
Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura
Cristã. 2006. p. 249
CONCLUSÃO
O Senhor Jesus
Cristo exerceu os três ofícios, profeta, sacerdote e rei, para nos libertar da
ignorância, da culpa e do domínio do pecado.
Seu ofício
profético é confirmado nas Escrituras Sagradas do Antigo e do Novo Testamentos
e também é confirmado por Ele mesmo, que anunciou ser o Supremo Profeta.
Cristo exerceu
seu ofício profético tanto antes como depois da encarnação, e continuará a
exercê-lo até sua volta gloriosa.
Não crer no
ofício profético de Cristo é motivo de condenação, pois é o mesmo que rejeitar
a Luz que ilumina o mundo (Jo 8.12).
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