TÓPICOS DA AULA
1. Revelação geral:
1.1. Definição
1.2. Argumentos favoráveis:
1.2.1. Origem, complexidade e manutenção organizada
da criação
1.2.2. O homem como ser inteligente
1.2.3. O homem como ser moral
1.2.4. O homem como ser volitivo
1.2.5. O homem como ser religioso
1.3. Insuficiência da revelação geral:
1.3.1. Não revela Cristo
1.3.2. Revela conhecimento escasso e sujeito a
interpretações equivocadas
1.4. Erros de interpretação: desvalorização e
supervalorização
1.5. Revelação geral e acesso à evangelização
2. Revelação especial
2.1. Definição
2.2. Modos da revelação especial
2.2.1. Teofania
2.2.2. Profecia
2.2.3. Milagres
2.3. Revela a trindade
2.4. Revela a necessidade da redenção humana
2.5. Objetiva a glória divina
3. Bibliografia
4. Atividade
1. REVELAÇÃO GERAL
1.1. DEFINIÇÃO
A revelação geral compreende a criação e as
relações gerais de Deus com o homem. Por meio da criação, Deus revelou ao homem
vários dos seus atributos (características), como poder, conhecimento, bondade,
entre outros. Estudar as coisas criadas é uma das formas dadas por Deus ao
homem para conhecê-lo e adorá-lo. Da mesma forma, ao relacionar-se com o homem,
Deus faz conhecidos outros atributos, como amor, misericórdia, imensidão etc. A
revelação geral é denominada “a luz divina que ilumina todos os homens”.
1.2. ARGUMENTOS
FAVORÁVEIS
1.2.1. ORIGEM, COMPLEXIDADE E MANUTENÇÃO ORGANIZADA DA CRIAÇÃO
A origem do mundo sempre foi um dos temas de maior
interesse dos seres humanos em todas as épocas. A filosofia é a área do
conhecimento humano que tem se empenhado em explicar de onde veio tudo que
existe. A ciência tenta refutar a existência de Deus e abraça a ideia de que o
Universo foi criado por meio de uma grande explosão. Porém, o avanço
tecnológico permite ao homem estudar mais profundamente as coisas criadas,
desde o Universo até o fundo dos mares, como também a própria constituição do
corpo humano e seu funcionamento, o que o tem a perceber a complexidade da
criação e sua espantosa manutenção organizada. O estudo científico de uma
pequena flor revela ao homem a complexidade e necessidade da existência de um
grande número de processos organizados para sua subsistência. Da mesma forma, o
corpo humano é altamente complexo e organizado, uma grandiosa máquina que
necessita funcionar constantemente de forma harmoniosa para sobreviver.
A teoria da evolução, que defende que todas as
formas de vida foram originadas de um ancestral comum, esbarra um dos conceitos
básicos da biologia: não há provas científicas de que seres vivos teriam
surgido de forma natural e espontânea, a partir de matéria inorgânica. Uma das
grandes leis da biologia é “Vida gera vida”, de Louis Pasteur.
“(...) A importância desse desafio encontra-se na
oposição de uma lei científica. Louis Pasteur, conhecido cientista francês do
século XIX, demonstrou que microorganismos não se formam através da geração
espontânea a partir de substâncias orgânicas. Pasteur formulou um fato
fundamental que diferencia o mundo orgânico do mundo mineral inorgânico. Este
fato, colocado em termos atuais, diz que moléculas assimétricas (orgânicas) são
sempre o resultado de forças da vida. Este trabalho de Pasteur foi a base para
a formulação da lei hoje conhecida na biologia como a Lei da Biogênese. Esta
lei afirma que vida gera vida. (...)”[1]
O desenvolvimento científico tem levado o homem a
questionar a explicação naturalista para a origem do Universo. É realmente
razoável defender que o Universo, com toda essa complexidade e funcionamento
organizado, realmente surgiu de uma explosão aleatória? É necessário ter muito
mais fé para acreditar nessa hipótese do que em um Deus Criador.
1.2.2. O HOMEM COMO SER INTELIGENTE
Outro argumento que pode ser observado pela
revelação geral e que aponta para a existência de Deus é o fato de o homem ser
inteligente. O homem como ser inteligente não poderia ter sido produzido por
forças destituídas de inteligência.
Neste ponto a teoria da evolução de Darwin defende
que seres menos complexos foram se aperfeiçoando e dando origem a seres mais
complexos. Contudo, tal afirmação não se sustenta, pois a ciência tem provado
através de diversas pesquisas que em processos evolutivos, os seres não
completamente desenvolvidos são aniquilados pelos seres completamente
desenvolvidos.
“(...) Uma vantagem seletiva só ocorre num estado de
desenvolvimento completo: fases intermediárias (“incompletas”) não têm nenhum
valor biologicamente, sendo eliminadas pela atuação da seleção estabilizadora.
(...)”[2]
Além de ser inteligente, o homem vive em um mundo
inteligível, que é orientado por leis e processos ordenados, que podem ser
conhecidos. Logo, o desenvolvimento da ciência significa a descoberta e o
acúmulo de conhecimento pelo homem de informações que já existiam nas coisas
criadas, mas que até o momento eram desconhecidas do homem. Logo, somente a
existência de Deus pode explicar a existência de tais realidades. Além disso, a
sede insaciável do homem em obter conhecimento também é uma prova dada pela
revelação geral da existência de Deus.
1.2.3. O HOMEM COMO SER MORAL
O homem é um ser moral. Desde o seu nascimento, ele
tem consciência do bem e do mal, do certo e do errado. Por mais que as culturas
sejam diferentes ao longo dos séculos e das regiões em que se estabeleceram,
todas elas contêm padrões morais mínimos. O homem se organiza em sociedade,
cria suas regras e seu direito com base nessa lei moral. E somente é possível
admitir-se a existência dessa moralidade comum considerando-se a existência de
um Criador que colocou esse sendo moral no coração e na mente dos homens.
Explicar a existência dessa lei moral universal é um desafio impossível para
aqueles que negam a existência de Deus. Sem Deus, a moral torna-se apenas algo
altamente subjetivo e maleável, assim como os conceitos de certo e errado e de
bem e mal. Sem Deus, seria impossível habitar o mundo e conviver em sociedade,
pois o homem seria pouco mais do que um animal em busca de satisfazer sua
vontade.
1.2.4. O HOMEM COMO SER VOLITIVO
A existência de vontade no homem é mais um
argumento favorável à existência de Deus que pode ser percebido por meio da
revelação geral. Além de ser inteligente e ter senso moral, o homem tem
vontade, desejo e condições de execução. O homem tem a capacidade de querer
algo e executar os meios necessários para a obtenção do fim proposto. Ele
subjuga a natureza conforma seus interesses.
De onde vem essa vontade e essa capacidade de
execução? Para aqueles que negam a existência de Deus, o homem é tão somente
mais um dos seres criados pela natureza, ele é parte da natureza. Sendo assim,
como poderia ele ter tanto domínio sobre quem o criou? Se a natureza criou o
homem, como ele se tornou mais poderoso do que ela?
A existência do Deus explica o domínio que o homem
tem sobre a natureza. Esse domínio foi dado pelo próprio Criador.
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos,
multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar,
sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra. Gn 1.28
1.2.5. O HOMEM COMO SER RELIGIOSO
Como dito na primeira aula, o homem sempre foi um
ser religioso. A ciência não consegue explicar a origem da religião exatamente
pelo fato de que em todos os povos conhecidos sempre há o aspecto religioso,
sempre há a adoração a um ser superior.
Explicar o homem como um ser religioso é certamente
impossível para aqueles que negam a existência de Deus.
“(...) Se não existe Deus, então parece que o homem
está para sempre condenado por sua própria constituição a crer em um Deus e
buscar um Deus que jamais encontrará. Se não existe Deus, que poder é este que
tem conservado vivo no coração humano através dos milênios da história humana a
crença em um Deus ou deuses? (...)”[3]
O homem é um ser religioso exatamente pelo fato de
ter sido criado por Deus, que colocou em seu coração e mente a necessidade de
adoração.
1.3. INSUFICIÊNCIA DA REVELAÇÃO GERAL
1.3.1. NÃO REVELA CRISTO
Como vimos acima, a revelação geral é importante,
contudo, não é suficiente. A revelação geral fornece conhecimento da existência
de Deus e de alguns dos seus atributos, porém, não revela a pessoa e a obra de
Cristo, que é o único caminho para o Pai. A revelação geral comunica a ira de
Deus, mas não comunica a graça e o perdão, ela não é suficiente para regenerar
a mente e o coração dos seres humanos caídos.
1.3.2. REVELA CONHECIMENTO ESCASSO E SUJEITO A INTERPRETAÇÕES
EQUIVOCADAS
O conhecimento fornecido pela revelação geral é
escasso, superficial e sujeito a erros de interpretação. Ao longo dos séculos,
os homens têm compreendido e ensinado equivocadamente as informações divinas
que podem ser obtidas por meio da revelação geral, o que, ao invés de servir de
estímulo para uma aproximação do homem de seu Criador, tem colaborado para um
afastamento entre eles.
1.4. ERROS DE INTERPRETAÇÃO: DESVALORIZAÇÃO E
SUPERVALORIZAÇÃO
Dois dos principais erros de interpretação
cometidos pelo homem em relação à revelação geral são a desvalorização e a supervalorização.
Alguns teólogos desprezaram a revelação geral e
imputaram tudo o que pode ser conhecido a respeito de Deus à revelação
especial. Para eles, as coisas criadas somente tem valor neste mundo material,
terreno, e devem ser geridas pela razão humana. Já as coisas espirituais,
obtidas por meio da revelação especial, dizem respeito ao céu e dependem da fé.
O resultado da desvalorização da revelação geral
foi a criação de uma distinção, uma barreira intransponível entre as coisas
terrenas e celestiais, entre o espiritual e o secular. Mas isso não tem
fundamento bíblico, pois como vimos na aula anterior a religião cristã modifica
o homem por inteiro: mente, coração e mãos; intelecto, moral e vontade. Não
existe distinção entre vida secular e vida espiritual, entre coisas terrenas e
celestiais. Tudo foi criado por Deus para Sua própria glória e como forma de
tornar inteligível ao homem Seus atributos (características), ainda que a
compreensão dessas verdades seja limitada ao homem.
Outro grupo de teólogos caminhou para o lado oposto
e passou a supervalorizar a revelação geral. Para eles, a revelação geral
fornece elementos suficientes para que o homem perceba sua necessidade de
redenção e encontre o caminho para Deus. Por meio das coisas criadas, o homem
tem condições de decidir ir em direção a Deus e clamar por salvação.
Essa interpretação é equivocada porque supervaloriza
o homem como senhor de sua vida e do seu destino (antropocentrismo) e contraria
a doutrina bíblica da depravação total do homem, que diz que o pecado afastou
definitivamente o homem de Deus, que o homem está morto nos seus pecados e não
pode, por si só, fazer nada para restaurar sua comunhão com Deus. Como já dito,
a revelação geral é insuficiente exatamente porque não revela Cristo, que é o
único Salvador, o único caminho para o céu.
1.5. REVELAÇÃO GERAL E ACESSO À EVANGELIZAÇÃO
Apesar de ser insuficiente para a salvação do
homem, a revelação geral deve ser utilizada como uma importante porta de entrada
para a evangelização.
Muitas vezes, os cristãos podem encontrar
dificuldade em provas suas convicções religiosas aos não-cristãos. Se uma
pessoa não acredita na Bíblia, de pouco adianta apresentar-lhe vários textos
bíblicos sobre o pecado, a necessidade de redenção, Cristo etc. É quase certo
que tal pessoa não reconhecerá a validade dos textos e não se mostrará
interessada em prosseguir no debate.
É exatamente neste ponto que a revelação geral
possui grande utilidade. A mesma pessoa que não crê no Deus da Bíblia pode ser
convidada a refletir sobre o tema por meio dos argumentos apresentados pela
revelação geral: grandiosidade e complexidade do Universo, ser humano como ser
inteligente, moral, volitivo e religioso etc. Esses assuntos podem ser
utilizados como pontes pelos cristãos para apresentar o Deus Criador e,
posteriormente, o Deus Redentor.
Para tanto, é necessário que os cristãos se
dediquem, além do estudo constante das Escrituras Sagradas, ao estudo dos mais
variados temas de interesse geral, como política, economia, geografia, história
etc., a fim de estarem capacitados para aproveitar as oportunidades e
questionar de forma inteligente e fundamentada as convicções dos não-cristãos.
Uma boa forma de preparar o terreno para a evangelização é questionar
seriamente os fundamentos de vida dos não-cristãos e incentivá-los a refletir
sobre a possibilidade de existência de um Ser Superior que os criou e os sustenta.
Cabe mencionar aqui que a transformação das vidas é
um ato da soberana graça divina e ocorre conforme sua vontade e planos eternos.
Por mais que os cristãos estudem e se dediquem, a salvação das pessoas não
está, nem nunca esteve, em suas mãos. Contudo, isso não impede que os cristãos
se esforcem para apresentar Cristo por meio de suas próprias vidas, sendo
pessoas inteligentes, estudiosas, corretas e irrepreensíveis. Se essas atitudes
não são suficientes para salvar pessoas, e certamente não são, elas são
exigidas pelo Criador e Senhor das nossas vidas e podem ser utilizadas como
portas de entrada para a anunciação de Cristo.
2. REVELAÇÃO ESPECIAL
2.1. DEFINIÇÃO
A revelação especial está fundamentada na obra
redentora de Deus, efetuada por Jesus Cristo, e tem o objetivo de suprir as
necessidades espirituais e morais do homem e restaurar sua comunhão com Deus.
Através da revelação especial o homem é restaurado pela obra redentora de
Cristo e recebe de Deus as “ferramentas” necessárias para ouvir, entender e
obedecer Sua vontade: nova mente, novo coração e a fé. O Espírito Santo passa a
habitar nesse novo homem que deseja intensamente adorar a Deus como manifestação
de gratidão pela redenção.
“(...) Nas obras da natureza, é quase apenas o Pai
como Criador que fala a nós pelo Verbo (Logos) e pelo Espírito. Mas, nas obras
da graça, Deus vem a nós como Pai em um sentido totalmente único do Filho, e,
como Pai, ele se revela a nós através desse Filho, mais precisamente pelo Filho
que se encarnou em Cristo e pelo Espírito adquirido por esse Cristo. Portanto,
no sujeito (agente) da revelação, tanto a conexão quanto a diferença entre
revelação geral e especial emergem claramente. (...)”[4]
2.2. MODOS DA REVELAÇÃO ESPECIAL
2.2.1. TEOFANIA
A Escritura contém diversas referências de
aparições divinas aos homens, que ocorreram por meio de anjos, nuvens de
fumaça, fogo, vento sonhos, visões, etc. Deus utilizou-se de todas essas formas
para comunicar sua vontade aos homens.
Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua
descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe
aparecera. Gn 12.7
Apareceu-lhe o anjo do SENHOR numa chama de fogo, no
meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não
se consumia. Ex 3.2
Em Gibeão, apareceu o SENHOR a Salomão, de noite, em
sonhos. Disse-lhe Deus: Pede o que queres que eu te dê. 1 Rs 3.5
O clímax da teofania ocorreu com a encarnação do
Cristo, o próprio Deus que conviveu com sua criação em forma humana. Exatamente
por ser Cristo o ponto máximo da teofania, após sua ressurreição e ascensão
esse modo divino de revelação cessou.
Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo
Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o
universo. Hb 1.1-2
2.2.2. PROFECIA
Profecia é o modo de Deus comunicar sua vontade
utilizando-se de homens especialmente separados para este fim.
Levantando
Balaão os olhos e vendo Israel acampado segundo as suas tribos, veio sobre ele
o Espírito de Deus. Proferiu sua palavra e disse (...) Nm 24.1-2a
Visão de
Isaías, filho de Amoz, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de
Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá. Is 1.1
Ora, havia
em Damasco um discípulo chamado Ananinas. Disse-lhe o Senhor numa visão:
Ananias! Ao que respondeu: Eis-me aqui, Senhor! At 9.10
Cristo é o profeta por excelência, por ser o
próprio Deus encarnado que fala diretamente aos homens a Palavra e a vontade
divinas. Sendo assim, após Cristo a revelação divina por meio da profecia
cessou.
2.2.3. MILAGRES
Ao longo da história do povo de Israel narrada nas
Escrituras, por vezes Deus revelou sua vontade por meio de seus atos
miraculosos. Em regra, todas as ações divinas são sobrenaturais pela sua
grandiosidade e esplendor. Entretanto, o próprio Deus estabeleceu uma ordem
natural de funcionamento da criação, e os milagres extrapolam essa ordem, são
atos divinos maravilhosos com propósitos específicos.
Então, Moisés e Arão se chegaram a Faraó e fizeram
como o SENHOR lhes ordenara; lançou Arão seu bordão diante de Faraó e diante
dos seus oficiais, e ele se tornou em serpente. Ex 7.10
Então, caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, a
lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego. 1 Rs
18.38
Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem
ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!
E, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente, os seus pés e
tornozelos se firmaram; de um salto se pôs em pé, e passou a andar e entrou com
eles no templo, saltando e louvando a Deus. At 3.6-8
Apesar do efeito surpreendente que causaram nos
homens, os milagres foram momentâneos e não produziram uma renovação da
natureza humana. Os milagres relatados nas Escrituras não objetivaram
especificamente a salvação dos homens. O único milagre suficientemente poderoso
para transformar os homens é o Senhor Jesus Cristo, que se encarnou para
cumprir o plano divino de redenção dos seus filhos. Jesus é o milagre por
excelência.
Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando
Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem ambos coabitado, achou-se
grávida pelo Espírito Santo. Mt 1.18
Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro dia
da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual expelira sete demônios.
Mc 16.9
Após a ressurreição e ascensão de Cristo, os
milagres continuaram a ocorrer temporariamente por meio dos apóstolos. Contudo,
esse poder cessou com o estabelecimento da Igreja como a noiva de Cristo. O
grande milagre diário que Deus opera por meio do Seu Espírito é a graça
salvadora que transforma os pecadores caídos em filhos de Deus. O milagre final
será a volta gloriosa de Cristo para resgatar sua Igreja e levá-la ao novo céu
e à nova terra (Ap 21-22).
2.3. REVELA A TRINDADE
Enquanto a revelação geral nos mostra Deus como
criador e sustentador da criação, a revelação especial apresenta a Trindade em
ação para a redenção da humanidade caída. Por meio da revelação geral, podemos
conhecer algumas características de Deus como sabedoria, poder e majestade,
entretanto, apenas por meio da revelação especial Deus se apresenta como o
redentor, o salvador que vai ao encontro do homem perdido. A revelação especial
nos apresenta Deus Pai na elaboração do plano divino da redenção humana, Deus
Filho na encarnação, humilhação, ressurreição e glorificação e Deus Espírito na
transformação dos corações dos seres humanos objetos da graça divina.
“(...) A encarnação de Deus é o fim da história de
Israel e o centro de toda a história humana. (...)”[5]
2.4. REVELA A NECESSIDADE DA REDENÇÃO HUMANA
A revelação especial não serve apenas para
satisfação do intelecto humano decorrentes da compreensão racional e histórica,
mas sim para demonstrar a urgente necessidade de redenção de toda a raça
humana. O objetivo primordial da Escritura Sagrada é anunciar Cristo como o
Senhor do Universo e o Salvador dos seus filhos. A obra de Cristo consiste em
sofrer em lugar dos seus filhos para redimi-los e torná-los santos aos olhos do
Pai, ou seja, o objetivo final é a transformação dos pecadores caídos em filhos
de Deus redimidos e que dedicam suas vidas à sua adoração e serviço, como
gratidão. A revelação especial é eminentemente salvífica e soteriológica, ou
seja, tem por objetivos afastar o intelectualismo frio e teórico e conduzir os
seres humanos a uma nova vida de adoração e serviço a Deus.
2.5. OBJETIVA A GLÓRIA DIVINA
Por fim, a revelação especial tem por objetivo a
glória divina. Tanto os homens como a criação sofrem as consequências do
pecado, e a Escritura Sagrada apresenta Cristo como o redentor dos homens, a
fim de recriá-los conforme a imagem e semelhança de Deus, e, em última análise,
de toda a criação. Cada pessoa transformada pela graça divina é mais um pecador
redimido que passa a trilhar o caminho da santificação, no esforço de dedicar
sua vida à glorificação e ao serviço divinos. Após a segunda vinda de Cristo,
tanto os seres humanos como toda a criação glorificarão constantemente a
Trindade Santa de forma perfeita, pois o pecado não terá mais poder sobre eles.
3. BIBLIOGRAFIA
BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada: volume 1;
traduzido por Vagner Barbosa. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
CONNER, Walter Thomas. Revelação e Deus. Rio de
Janeiro, RJ: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1971.
LOURENÇO, Adauto. Como Tudo Começou – Uma
introdução ao Criacionismo. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007.
4. ATIVIDADE:
Leia os versículos abaixo e responda: 1- Qual
tipo de revelação narrada pelo texto? Geral ou especial? 2- Quais
características de Deus você consegue perceber pelo texto?
Quem na concha de sua mão mediu as águas e tomou a
medida dos céus a palmos? Quem recolheu na terça parte de um efa o pó da terra
e pesou os montes em romana e os outeiros em balança de precisão? Is 40.12
Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o
que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede. Jo 6.35
Foi a respeito desta salvação que os profetas
indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros
destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias
oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de
antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias
que os seguiriam. 1 Pe 1.10-11
O arco estará nas nuvens; vê-lo-ei e me lembrarei
da aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne sobre a
terra. Gn 9.16
Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se
tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção, 1
Co 1.30
Contempla agora o hipopótamo, que eu criei contigo,
que come a erva como o boi. Sua força está nos seus lombos, e o seu poder, nos
músculos do seu ventre. Jó 40.15
Ele que é o resplendor da glória e a expressão
exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois
de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas
alturas, Hb 1.3
Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e
todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as
suas espécies. E viu Deus que isso era bom. Gn 1.21
[1] LOURENÇO, Adauto. Como Tudo Começou – Uma introdução
ao Criacionismo. São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2007, p. 107.
[2] Id., p. 119.
[3] CONNER, Walter Thomas. Revelação e Deus. Rio de
Janeiro, RJ: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1971, p. 69.
[4] BAVINCK, Herman. Dogmática Reformada; traduzido por
Vagner Barbosa. São Paulo: Cultura Cristã, 2012, p. 342.
[5] Id., p. 344.