sábado, 7 de março de 2015

Dons Espirituais - aula 04 - Dom espiritual de profecia


DONS ESPIRITUAIS


AULA 04


Dom espiritual de profecia



Significado da palavra profecia:

pro.fe.ci.a
sf (lat prophetia) 1 Ação, função ou faculdade de um profeta. 2 Expressão ou revelação oral ou escrita de um profeta: As profecias de Jeremias. 3 Anunciação e interpretação da vontade e dos propósitos divinos. 4 Ensinamento ou exortação moral inspirada pela divindade. 5 Predição por inspiração divina. 6 Qualquer predição de acontecimento futuro; oráculo, vaticínio. 7 Presságio, conjetura.
Dicionário de Português Online Michaelis. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=profecia. Acessado em 21 de fevereiro de 2015.



Função dos profetas:

“Era dever dos profetas revelar a vontade de Deus ao povo. Isso podia ser feito na forma de instrução, admoestação e exortação, promessas gloriosas ou censurar severas. Eles eram os monitores ministeriais do povo, os intérpretes da lei, especialmente nos seus aspectos morais e espirituais. Era seu dever protestar contra o mero formalismo, acentuar o dever moral, fazer ver a necessidade do serviço espiritual e promover os interesses da verdade e da justiça. Se o povo se afastava das veredas do dever, eles tinham que chamá-lo de volta à lei e ao testemunho, e anunciar o iminente terror do Senhor sobre os ímpios. Mas a sua obra também estava intimamente relacionada com as promessas da graça de Deus para o futuro. Era seu privilégio descrever as coisas gloriosas que Deus tinha em depósito para o seu povo (...).”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 329



Os profetas do Antigo Testamento proclamavam ao povo as mensagens de Deus. Eles instruíram, admoestaram, exortaram e transmitiram as promessas e ameaças de Deus. Repreenderam o povo e protestaram contra sua religiosidade fria e ritualística. Destacaram os males sociais causados pela ganância e indiferença do povo de Israel à vontade de Deus.

Em resumo, os profetas denunciaram o pecado e incentivaram o povo ao arrependimento e à obediência.

Não mandei esses profetas; todavia, eles foram correndo; não lhes falei a eles; contudo, profetizaram. Mas, se tivessem estado no meu conselho, então, teriam feito ouvir as minhas palavras ao meu povo e o teriam feito voltar do seu mau caminho e da maldade de suas ações. Jr 23.21-22


O dom de profecia não se confunde com a manifestação ocasional de profecia mencionada em I Co 12.10. A teologia reformada defende que o ofício de profeta encerrou-se em Jesus Cristo.

“I. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo.”
Confissão de Fé de Westminster, 1.1 (grifo nosso)


Atualmente não existem profetas no sentido empregado no Antigo Testamento, mas sim cristãos que receberam de Deus o dom de profecia, cujas características veremos a seguir.



DOM ESPIRITUAL DE PROFECIA

Base bíblica: Rm 12.6

tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé;


Definição:

O possuidor deste dom espiritual é motivado por Deus para ser seu porta-voz a fim de suprir necessidades espirituais de indivíduos ou grupos, dentro ou fora da Igreja, tendo como alvo a injustiça praticada contra Deus, o próximo ou contra si próprio. Toma a iniciativa de confrontar indivíduos ou grupos com a verdade de Deus no contexto da situação, e tende a fazer isso diretamente e com dureza.


Palavras-chave:

- suprir necessidades espirituais de indivíduos ou grupos

- confrontar pessoas dentro ou fora da Igreja

- alvo: a injustiça praticada contra Deus, o próximo ou contra si próprio

- tende a confrontar as pessoas diretamente e com dureza



Características:

- Sua opinião tem base nas Escrituras, que ele quer compreender profundamente e aceitar pessoalmente. Entende que é um mensageiro autorizado por Deus, por isso é motivado a comunicar tais verdades com poder, clareza e convicção, verbalmente ou por escrito.

O profeta que tem sonho conte-o como apenas sonho; mas aquele em quem está a minha palavra fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? – diz o SENHOR. Jr 23.28


- Tem uma maneira incisiva, franca e persuasiva de se expressar, especialmente quando fala para grupos. Encara frente a frente pessoas e problemas.

- Preocupa-se com os planos e a vontade de Deus e com seu Nome. A Palavra de Deus é a bússola inerrante capaz de regular a conduta.

- Interpreta as Escrituras e aplica princípios bíblicos ao contexto de seus ouvintes e à luz de eventos atuais, com o propósito de persuadir seus ouvintes a tomar certas atitudes e decisões com o objetivo de correção ou edificação.

- Identifica, define e repudia o mal e se entristece com ele. Tem um sendo profundo do certo e do errado, sendo intolerante para com a verdade parcial, por ver tudo em “preto e branco”. “Aponta o dedo”, procurando motivar mudanças de comportamento.

- Auxilia as pessoas a identificar as raízes de problemas espirituais, usando a Palavra de Deus.

- Repreende para convencer do erro, usando as Escrituras como bússola para corrigir a direção daquele que se desviou. Repreender é mostrar o erro ao culpado, de tal forma que ele se convença e assuma seu pecado, a tempo de evitar que pague por ele de forma drástica. Não significa praguejar ou condenar. Quer promover e incentivar quebrantamento em outros, com evidência concreta dessa convicção interior.

Palavra importante: REPREENDER
- mostrar o erro
- objetivos: convencer o culpado
 evitar o aprofundamento da pessoa no pecado
 promover quebrantamento
- é convicto da necessidade de guiar-se pela Palavra de Deus


- Identifica-se com o pecador, cujo erro detecta e corrige com convicção, desejando o bem dele. Deseja ver mudança rápida nas atitudes e comportamento da pessoa e o incentiva nesse sentido. Preocupa-se amorosamente com a recuperação do pecador, demonstrando compaixão ao arrependido e protegendo-o daqueles que o querem punir sem piedade.

- Defende o inocente que foi difamado, não importando-se com a oposição decorrente disso. Fortalece a fé, encoraja e conforta os cristãos. Frequentemente, desenvolve um ministério de aconselhamento informal ou profissional.

Judas e Silas, que eram também profetas, consolaram os irmãos com muitos conselhos e também os fortaleceram. At 15.32


- Demonstra uma capacidade ímpar de discernir o verdadeiro nível espiritual de outros. Exemplos: reconhece no seu íntimo a operação do Espírito Santo na vida de uma pessoa; tem forte convicção de que uma pessoa é, de fato, nascida de novo, ou é uma hipócrita. Discerne o caráter, a integridade e os motivos dos outros. At 5.1-11 (Ananias e Safira), 8.13-23 (Simão, o mágico).

- Tem facilidade para analisar o raciocínio das pessoas.

- Deseja reconhecer seus próprios erros, aceitando que sejam apontados por outros.

- É humilde, com disposição sincera para quebrantamento pessoal. Procura viver o que prega, reconhecendo sinceramente que também é pecador. Está mais disposto a “apontar o dedo” para si próprio do que para os outros. Odeia o pecado e procura evitá-lo.



Erros e perigos que o possuidor do dom deve evitar:

- Sentir-se frustrado pela incompreensão daqueles que não entendem seu dom ou não aceitam sua mensagem.

- Duvidar da fidelidade a Deus de cristãos que não enfrentam enérgica e imediatamente o pecado, talvez até classificando como “moleza” ou “sentimentalismo” as atitudes daqueles que demonstram, de outra forma, o verdadeiro amor de Cristo.

- Negligenciar a parte das Escrituras que alimenta e nutre o cristão em seu desenvolvimento; ater-se principalmente à repreensão e admoestação.

- Machucar alguém com suas atitudes ou palavras, sem dedicar o tempo necessário para transmitir o bálsamo do amor de Deus. Pode assustar e afastar aqueles que desejam servir e precisam dele.

Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e ligará. Os 6.1


- Ser exageradamente exigente ou duro no lar, com cônjuge ou filhos.

- Indignar-se ou irar-se tanto com a hipocrisia ou cinismo de uma pessoa, a ponto de querer brigar com ela.

- Limitar-se a insistir em alguns termos bíblicos prediletos, a ponto de os ouvintes se “desligarem” e, consequentemente, fazerem pouco caso de qualquer outra palavra do profeta.

- Prejudicar relacionamentos íntimos, não conseguindo mantê-los, devido aos padrões rígidos e sua ousadia em aplicá-los na Igreja ou fora dela.

- Condenar pecados “selecionados a dedo” para agradar alguns ou por outros motivos escusos.

- Tornar-se legalista ou “caçador de hereges”, assemelhando-se aos fariseus. O exercício desmedido do dom pode ocasionar críticas exageradas e consequente condenação, partindo para o juízo temerário, caso falte o desejo sincero pelo máximo bem do outro.
- Falar por sim mesmo.

Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça. Jo 7.18



Responsabilidade dos cristãos em geral:

Os cristãos que não tem o dom de profecia também devem se preocupar em repreender o erro, com o objetivo de levar o pecador ao arrependimento e à mudança de atitude, para a glória de Deus.

Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o pai, ao filho a quem quer bem. Pv 3.12

O que repreende ao homem achará, depois, mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua. Pv 28.23

Dize estas coisas, exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze. Tt 2.15



Áreas da Igreja onde o dom espiritual pode ser utilizado:

- Ministério pastoral
- Aconselhamento
- Pregação expositiva (oral ou escrita)


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