domingo, 31 de agosto de 2014

Soberania de Deus na salvação - aula 02 - Total depravação do homem: o pecado e a queda


SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO


AULA 02

TOTAL DEPRAVAÇÃO DO HOMEM:
O PECADO E A QUEDA



INTRODUÇÃO


- O que é pecado?

- Qual foi o primeiro pecado cometido pelo homem?

- Todo o gênero humano caiu na primeira transgressão de Adão?

- Como posso ser punido se não escolhi Adão como meu representante?

- A soberania de Deus e o problema do mal.



O que é pecado?



“Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei.” Breve Catecismo de Westminster, Pergunta 14


Todo aquele que pratica o pecado, também transgride a lei: porque o pecado é a transgressão da lei. I Jo 3:4

Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem, e não o faz, nisso está pecando. Tg 4:17



Qual foi o primeiro pecado cometido pelo homem?


“O pecado pelo qual nossos primeiros pais caíram do estado em que foram criados foi o comerem do fruto proibido.” Breve Catecismo de Westminster, Pergunta 15


Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu. Gn 3:6



Todo o gênero humano caiu na primeira transgressão de Adão?


“Visto que o pacto foi feito com Adão, não só para ele, mas também para a sua posteridade, todo o gênero humano, que dele procede por geração ordinária, pecou nele e caiu com ele na sua primeira transgressão.” Breve Catecismo de Westminster, Pergunta 16

Rm 5:12-20, I Co 15:21-22


É justo eu ser punido por um pecado que não cometi?

Sim, pois Adão era o representante perfeito de toda a raça humana.


“A ideia principal do federalismo é que, quando Adão pecou, ele pecou por todos nós. Sua queda foi a nossa queda. Quando Deus puniu Adão por levar embora sua justiça original, nós fomos igualmente punidos. A maldição da queda afeta a todos nós. Não somente Adão foi destinado a ganhar a vida com o suor do seu rosto, como isso tornou-se verdade para nós também. Não somente Eva foi designada para ter dores de parto, como isso tem sido verdade para as mulheres de todas as gerações. A serpente errante no jardim não foi o único membro de sua espécie que recebeu a maldição de rastejar sobre seu ventre.
Quando foram criados, foi dado a Adão e Eva o domínio sobre a criação inteira. Como resultado de seu pecado, o mundo todo sofreu.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág 69


Mas como posso ser punido se não escolhi Adão como meu representante?

   Aqui cabem outras duas perguntas:

- Adão foi a melhor escolha como representante da raça humana?

- Eu escolheria um representante melhor que Adão?

Antes de responder essas objeções, precisamos responder outra pergunta: Quem escolheu

Adão como representante da raça humana?
O próprio Deus.


Sendo assim, como posso ousar imaginar que eu poderia fazer uma escolha melhor que a de Deus?

“Em nenhuma época de toda a história humana estivemos mais bem representados do que no Jardim do Éden. É certo que não escolhemos nosso representante lá. Alguém escolheu por nós, o nosso representante. Quem escolheu nosso representante, contudo, não foi o rei George. Foi o Deus todo-poderoso.
Quando Deus escolhe nosso representante, faz isso de maneira perfeita. Sua escolha é uma escolha infalível. Quando escolho meus representantes, faço isso de maneira falível. Algumas vezes, escolho a pessoa errada e sou, então, incorretamente representado. Adão me representou infalivelmente, não porque era infalível, mas porque Deus é infalível. Dada a infalibilidade de Deus, nunca posso argumentar que Adão foi uma escolha pobre para me representar.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág 71


A Bíblia é clara ao afirmar que o pecado cometido por Adão condenou toda a raça humana.

Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Rm 5:12

Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo. I Co 15:22
  
“Portanto, todos que descendemos de uma semente impura, nascemos infeccionados pelo pecado. Na verdade, antes que contemplemos esta luz da vida, à vista de Deus já estamos manchados e poluídos. Pois, “quem do imundo tirará o puro? Certamente, como está no Livro de Jó (14.4), ninguém!”
CALVINO, João. As Institutas. Tradução por Waldir Carvalho Luz. 2.ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2006. pág. 20.


A soberania de Deus e o problema do mal

Se Deus é totalmente justo, como poderia ter criado um universo onde o mal está presente?
Se todas as coisas vêm de Deus, o mal também não vem Dele?
Por que Adão pecou?


Esta é a questão mais difícil do Cristianismo, tentar explicar como o mal pode coexistir com um Deus que é inteiramente santo e inteiramente soberano.

“Nisto está o problema. Antes que a pessoa possa cometer um ato de pecado, ela precisa primeiro ter um desejo de realizar aquele ato. A Bíblia nos conta que as más ações provêm de maus desejos. Mas a presença de um mau desejo já é pecado. Pecamos porque somos pecadores. Nascemos com uma natureza pecaminosa. Somos criaturas decaídas. Mas Adão e Eva não foram criados decaídos. Eles não tinham natureza pecaminosa. Eram boas criaturas com uma vontade livre. Ainda assim, escolheram pecar. Por quê? Não sei. Nem encontrei ninguém ainda que saiba.
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág 23


“Apesar desse problema atormentador, ainda devemos afirmar que Deus não é o autor do pecado. A Bíblia não revela as respostas para todas as perguntas. Revela a natureza e o caráter de Deus. Uma coisa é absolutamente impensável, que Deus possa ser o autor ou executor do pecado.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág 23


Deus não é o autor do pecado. Afirmar isso seria blasfêmia, pois Deus é inteiramente santo.

Pelo que vós, homens sensatos, escutai-me: longe de Deus o praticar ele a perversidade, e do Todo-Poderoso o cometer injustiça. Jó 34:10

Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto. Dt 32:4

Pois tu não és Deus que se agrade com a iniquidade, e contigo não subsiste o mal. Sl 5:4

Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Tg 1:13


“Nós sabemos que Deus é soberano porque sabemos que Deus é Deus. Portanto, devemos concluir que Deus preordenou o pecado. O que mais podemos concluir? Podemos concluir que a decisão de Deus de permitir que o pecado entrasse no mundo foi uma boa decisão. Isto não quer dizer que nosso pecado seja uma coisa boa, mas meramente que a permissão de Deus para que pequemos, o que é mal, é uma boa coisa. Que Deus permita o mal é bom, mas o mal que ele permite ainda é mau. O envolvimento de Deus em tudo isso é perfeitamente justo. Nosso envolvimento nisso é mau. O fato de Deus ter decidido permitir que pecássemos não nos absolve de nossa responsabilidade pelo pecado.”
R.C. Sproul, Eleitos de Deus; tradução de Gilberto Carvalho Cury. São Paulo: Cultura Cristã, 2009. pág 23


CONCLUSÕES

- Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei;

- O pecado pelo qual nossos primeiros pais caíram do estado em que foram criados foi o comerem do fruto proibido;

- Todo o gênero humano caiu na primeira transgressão de Adão, pois Adão era o representante perfeito de toda a raça humana;

- O próprio Deus escolheu Adão como representante da raça humana;

- Deus preordenou a entrada do pecado no mundo, mas Deus não é o autor do pecado, pois é inteiramente santo.


domingo, 17 de agosto de 2014

Soberania de Deus na salvação - aula 01 - O ser de Deus e seus atributos


Hoje iniciaremos o estudo do tema: Soberania de Deus na salvação.
Que Deus nos abençoe neste propósito e que seu Nome seja exaltado através do aprendizado desta verdade bíblica.




SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO



AULA 01


O SER DE DEUS E SEUS ATRIBUTOS



INTRODUÇÃO



- Quem é Deus?

- Como podemos conhecer Deus?

- Como Deus se revela ao homem?

- Quais os atributos de Deus?

- O que são os atributos de Deus?

- Breves definições sobre alguns atributos de Deus

- Por que é importante estudar o Ser de Deus e seus atributos?



Quem é Deus?

“Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros ou paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável, e para a sua própria glória. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro galardoador dos que o buscam, e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo pecado; de modo algum terá por inocente o culpado.”
Confissão de Fé de Westminster, Cap. II.I



Como podemos conhecer Deus?

“O conhecimento de Deus pressupõe inquestionavelmente o fato de Deus se revelar. É impossível qualquer conhecimento dele sem que ele se revele. Se Deus não se revelasse, por causa de sua natureza infinita e majestosa jamais poderíamos ter qualquer conhecimento dele. Ele se desnudou a fim de que os seres humanos pudessem conhecê-lo.”
Heber Carlos de Campos. O ser de Deus e seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã. 2002. 2ª edição. p. 57



Quais as formas de se conhecer Deus?

- Conhecimento inato: o homem nasce com uma ideia sobre Deus, por ser a imagem e semelhança do Deus Criador (semen religionis e sensus divinitatis). Gn 1:26-27, 2:7

- Conhecimento adquirido: revelação verbal de Deus.
Revelação geral: obras da criação
            Sl 19:1-2; Rm 1:18-21
Revelação especial: Palavra de Deus
            Jo 1:18; Hb 1:1-2



ATRIBUTOS DE DEUS

Espiritualidade
 Independência
Imutabilidade
Infinidade
Conhecimento
Sabedoria
Veracidade
Fidelidade
Bondade
Amor
Paciência
Misericórdia
Graça
Santidade
Justiça
Vontade Soberana
Poder Soberano


“Os atributos de Deus podem ser definidos como as perfeições que constituem predicados do Ser divino na Escritura, ou que são visivelmente exercidas por ele em suas obras da criação, providência e redenção.”
Louis Berkhof, Teologia Sistemática; traduzido por Odayr Olivetti. 4ª edição. Revisada. São Paulo: Cultura Cristã. 2012. p. 51


- São qualidades/características essenciais de Deus;

- São os meios dados por Deus para que possamos conhecê-lo;

- Revelam o caráter, a mente de Deus;

- Permitem conhecer Deus, mas não compreendê-lo;

- Permitem um conhecimento parcial de Deus, de acordo com as limitações da mente humana.


“A teologia reformada afirma que Deus pode ser conhecido, mas que é impossível ao homem ter dele um conhecimento exaustivo. O conhecimento que o homem tem de Deus é limitado ao que ele revela de si mesmo na natureza e nas Escrituras Sagradas.
(...)
Embora não possamos ter um conhecimento exaustivo de Deus, cremos que podemos ter um conhecimento adequado dele, isto é, um conhecimento que corresponde à realidade. Esse conhecimento é adequado porque as informações sobre ele partem dele mesmo.”
Heber Carlos de Campos. O ser de Deus e seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã. 2002. 2ª edição. p. 165



Breves definições de alguns atributos de Deus:

- Independência: Deus existe por si mesmo e sempre foi da maneira como é, não necessitando de nada e de ninguém além de si próprio.
            Ex 3:13-15, Jo 5:26

- Imutabilidade: Deus é perfeitamente completo e, portanto, não é passível de mudança. Seu ser é imutável porque ele não tem progresso nem regresso. Deus não pode ser aumentado nem diminuído em suas capacidades essenciais.
            Sl 102:26-27, Tg 1:17

- Conhecimento: Deus, de uma maneira singular, conhece-se a si mesmo e conhece todas as coisas possíveis e reais em um ato simplíssimo e eterno.
   O conhecimento de Deus é abrangente, exaustivo, infinito, arquetípico, intuitivo, simultâneo, livre e necessário.
            Jó 31:4, Sl 139:1-6, Os 7:2, Hb 4:13

- Sabedoria: Deus aplica seu conhecimento para a obtenção de seus fins conforme a maneira que mais o glorifique.
            Jó 11:5-9, Pv 3:5-7, Cl 2:1-3

- Fidelidade: Deus é perfeitamente digno de nossa confiança em sua revelação e vê todas as coisas como são na realidade.
   Deus é fiel em seus pactos, promessas e ameaças.
            Dt 7:9, Lm 3:22-23, Hb 3:11

- Graça: É o favor eterno e totalmente gratuito de Deus, manifestado na concessão de bênçãos espirituais e eternas às criaturas culpadas e indignas. Abraham Booth, The Reign os Grace (Eerdmans, 1949), 47
   Rm 3:24, 11:5-6, Gl 1:6, 15-16, Ef 2:6-7, At 18:27

- Santidade: Deus é totalmente distinto e separado das suas criaturas e é exaltado sobre elas pela sua infinita majestade. Deus eternamente quer e mantém sua excelência moral, aborrecendo o pecado e exigindo pureza de suas criaturas morais.
            Dt 32:4, I Sm 2:2, Is 6:1-10

- Justiça: É santidade de Deus no tratamento do obediente e do desobediente, ambos sujeitos ao Seu domínio. Deus dá a cada um o que é devido.
   Dt 4:8, Dt 7:12-14, Sl 119:137, Dn 9:14, Ap 16:7

- Ira: Está dentro do atributo da justiça. É a santidade de Deus posta em ação contra o pecado. Não é uma vingança maligna, pecaminosa como a nossa, mas é a vindicação do seu domínio como Governador do universo.
            Gn 18:25, Rm 1:18, Hb 1:13, Ap 6:16-17


“A ira é a expressão da justiça divina por causa da maldade dos homens. Se a justiça não for feita, Deus não se amará a si mesmo e negará a si mesmo.”
Heber Carlos de Campos. O ser de Deus e seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã. 2002. 2ª edição. p. 356


- Vontade soberana:

Essencial: Deus possui uma única vontade;
Eterna: Tudo que Deus prescreve foi pensado na eternidade (At 15:18);
Poderosa: Não pode ser resistida, sempre prevalece;
Imutável: Sl 119:89, Hb 6:17
Eficaz: Sempre realiza seu propósito (Is 14:24,27)
Nascida somente nele: Não é influenciada por fatores externos ao Ser de Deus;
Livre e soberana: Tudo existe pela vontade de Deus (Dn 4:31-35, Mt 10:29-30, Ap 4:11)


- Poder soberano de Deus:

“O poder de Deus é a sua capacidade de fazer acontecer aquilo que deseja e determina que aconteça, seja na área física, moral ou espiritual. É a capacidade de ação onipotente que esteja de acordo com a sua vontade. Contudo, poder não significa um ato, mas a capacidade de transformar a ideia em sua mente em um ato. O poder de Deus executa o conhecimento e a sabedoria de Deus.
A autoridade de Deus é o seu direito de agir poderosamente em todas as coisas, como lhe apraz. A autoridade de Deus é baseada naquilo que ele é, isto é, nos seus atributos essenciais, entre os quais está o seu poder soberano.”
Heber Carlos de Campos. O ser de Deus e seus atributos. São Paulo: Cultura Cristã. 2002. 2ª edição. p. 400


Distinções do poder de Deus:

- Poder absoluto: Deus pode fazer o que não vai fazer, mas que é possível de ser feito.
      Mt 3:9, 26:53-54
- Poder ordenado: Deus faz o que tem decretado fazer, o que ordena ou se dispõe fazer. Is 46:10


Características do poder de Deus: Essencial e inerente a Deus, infinito, eterno. Ef 3:20



Por que é importante estudar o Ser de Deus e seus atributos?

   Para entendermos como Deus age, precisamos, antes, compreender quem Ele é.
   O conhecimento de Deus nos auxilia a entender seu modo de atuação em relação à sua criação.
   Um grande erro é tentar entender as ações de Deus com base na justiça, integridade e sabedoria humanas, que estão fatalmente manchadas pelo pecado.
   O conhecimento de Deus nos leva ao correto conhecimento de nós mesmos.


“Por outro lado, é notório que o homem jamais chega ao conhecimento de si mesmo até que haja antes contemplado a face de Deus, e da visão dele desça a examinar-se a si próprio. Ora, sendo-nos o orgulho a todos ingênito, sempre a nós mesmos nos parecemos justos, e íntegros, e sábios, e santos, a menos que, em virtude de provas evidentes, sejamos convencidos de nossa injustiça, indignidade, insipiência e depravação. Não somos, porém, assim convencidos, se atentamos apenas para nós mesmos e não também para o Senhor, que é o único parâmetro pelo qual se deve aferir este juízo.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 42



CONCLUSÕES

- Deus é espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. Breve Catecismo de Westminster, Pergunta 4

- Deus se revelou ao homem a fim de possibilitar que o homem O conheça;

- Deus deu ao homem o conhecimento inato e o conhecimento adquirido pela revelação geral (obras da criação) e especial (Sagradas Escrituras);

- Os atributos de Deus são qualidades/características essenciais de Deus, são meios dados por Deus para que o homem possa conhecê-lo.

- Conhecer a Deus é o primeiro passo para compreender a forma como Ele age soberanamente na salvação do seu povo.



domingo, 3 de agosto de 2014

O Batismo e a Ceia do Senhor - Aula 12 - A Ceia do Senhor: requisitos e frequência da celebração


AULA 12


A CEIA DO SENHOR:
REQUISITOS E FREQUÊNCIA DA CELEBRAÇÃO



INTRODUÇÃO

- Quais os requisitos indispensáveis na celebração da Ceia do Senhor?

- A ceia do Senhor deve ser celebrada de quanto em quanto tempo?



Quais os requisitos indispensáveis na celebração da Ceia do Senhor?

“Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da (nova) aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai. E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.” Mt 26:26-30


“Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.” I Co 11:23-26


“Nesta ordenança, o Senhor Jesus constituiu os seus ministros para declarar ao povo a sua palavra de instituição, orar, abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado; para tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participando também, e dar ambos os elementos aos comungantes, e tão-somente aos que se acharem presentes na congregação.”
Confissão de Fé de Westminster, XXIX, III


- constituiu os seus ministros: a ceia do Senhor deve ser ministrada pelos ministros constituídos (pastores).

“Nesta matéria é também preciso saber que é impróprio a pessoas particulares assumirem a administração do batismo, visto que este é um ofício do ministério eclesiástico, seja a ministração deste sacramento, como também a Ceia. Pois Cristo não deu mandamento a nenhum homem ou mulher que ministrasse o batismo; antes àqueles a quem ele constituíra apóstolos. E quando ordenou que os discípulos, na ministração da Ceia, fizessem o que haviam visto ser feito por ele, como ele próprio desempenhava o ofício de legítimo despenseiro, indubitavelmente quis que nisso imitassem seu exemplo.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 308


- para declarar ao povo a sua palavra de instituição: os ministros devem explicar aos participantes o significado da ceia do Senhor (sinal e selo do pacto da graça).


- orar: toda glória deve ser prestada a Deus neste momento singular de celebração da obra de Cristo, pelo que Ele já fez, pelo que faz diariamente por nós e pela promessa de sua volta gloriosa.
A ceia relembra o passado, é uma realidade na vida do cristão e garante um futuro glorioso.


- abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado: o pão e o vinho deixam seu uso comum e passam a simbolizar Cristo, que está presente espiritualmente nos elementos.


- tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participando também, e dar ambos os elementos aos comungantes: a ceia do Senhor celebra a comunhão dos crentes com Cristo e a comunhão uns com os outros.


- e, tão-somente aos que se acharem presentes na congregação: a participação na ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes. O cristão deve ansiar e se apresentar com alegria para participar da mesa do Senhor.


“Deixando, pois, de lado, todo este sem-fim de cerimônias e de pompas, a Santa Ceia bem que podia ser administrada santamente, se com frequência, ou pelo menos uma vez por semana, se propusesse à Igreja como se segue: no início se faria orações públicas; a seguir viria o sermão; então, postos na mesa pão e vinho, o ministro repetiria as palavras de instituição da Ceia; depois, reiteraria as promessas que nos foram nela anexadas; ao mesmo tempo, vedaria à comunhão todos aqueles que são dela barrados pelo interdito do Senhor; após isto, oraria para que o Senhor, pela benignidade com que nos prodigalizou este alimento sagrado, também nos receba em fé e gratidão de alma, nos instruindo e preparando; e, uma vez que por nós mesmos não somos dignos, por sua misericórdia aprouve nos dignificar para tal propósito.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 394


“Aqui, porém, ou se cantariam salmos ou se leria parte da Escritura, e, na ordem que convém, os fiéis participariam do sacrossanto banquete, os ministros partindo o pão e oferecendo-o ao povo. Terminada a Ceia, se faria uma exortação à fé sincera e à sincera confissão dessa fé, ao amor cristão e ao comportamento digno de cristãos. Por fim, se daria ação de graças e se entoariam louvores a Deus; findos os quais, a congregação seria despedida em paz.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 395


- ser ministrada por pastores;

- explicar ao povo o significado do sacramento;

- orar;

- abençoar os elementos, pão e vinho, e assim separá-los do uso comum para um uso sagrado;

- tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participar também, e dar ambos os elementos aos crentes;

- a participação na ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes.



Algumas dúvidas e curiosidades comuns:

- Qual o tamanho do pão?

- O pão deve ser levedado ou asmo?

- O pão deve ser partido na hora da celebração ou pode ser partido antes?

- O pão deve ser oferecido primeiro ou os dois elementos podem ser oferecidos juntos?

- O vinho pode ser substituído por suco de uva?

- O vinho deve ser tinto ou pode ser branco?

Deve-se utilizar um cálice comum ou cálices individuais?


Todas estas questões são de menor importância, e podem ser feitas em conformidade com o costume da Igreja local. A utilização de uma ou de outra forma não confere mais ou menos santidade ao sacramento.

Como visto, o indispensável é a presença dos requisitos bíblicos na celebração, que apontam para o significado espiritual do sacramento (sinal e selo do pacto da graça) – este é o significado que nunca pode ser modificado ou perdido na celebração da ceia do Senhor.


“Mas, no que diz respeito ao rito externo da ação sacramental, que os fiéis o recebam à mão, ou não, ou o dividam entre si ou comam, um a um, o que lhes for dado; devolvam o cálice à mão do diácono, ou porventura o passem ao próximo; seja o pão fermentado ou ázimo; o vinho vermelho ou branco; nada importa. Essas coisas são indiferentes e deixadas à livre decisão da Igreja.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 394



A ceia do Senhor deve ser celebrada de quanto em quanto tempo?

Não há na Bíblia ordem expressa quanto à frequência de celebração da ceia do Senhor. Contudo, o cristão deve nutrir intenso desejo de participar da mesa do Senhor, pelo que ela representa.

   Simboliza: a morte do Senhor; a participação do crente no Cristo crucificado; a vida, força e alegria espirituais recebidas pelo crente; a união dos crentes uns com os outros;
   Sela: o grande amor de Cristo; o cumprimento das as promessas da aliança; a bênção da salvação ao crente; é um selo recíproco.


Os cristãos da Igreja primitiva celebravam a ceia constantemente.

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” At 2:42


A Igreja da época de Calvino celebrava a ceia do Senhor apenas uma vez por ano, porém, o reformador suíço defendia a celebração mais frequente deste sacramento.


“As coisas que discutimos até aqui a respeito desse sacramento mostram amplamente que ele não foi instituído para que fosse recebido uma vez ao ano, e isso superficialmente, como é agora, geralmente de costume; ao contrário, para que estivesse em uso frequente a todos os cristãos, de sorte que pela frequente lembrança recordassem a paixão de Cristo, por tal recordação não só sua fé sustivessem e fortalecessem, mas também mutuamente se exortassem a cantar-se uma confissão de louvor a Deus e a pregar-se sua bondade, e pela qual, enfim, nutrissem mútuo amor e até a si mesmos entre si o atestassem, um amor cujo vínculo fosse visto na unidade do corpo de Cristo.”
João Calvino. As Institutas; tradução de Waldir Carvalho Luz. 2ª edição. São Paulo: Cultura Cristã. 2006. p. 395



CONCLUSÕES

 - Requisitos indispensáveis na celebração da ceia do Senhor: ser ministrada por pastores; explicar ao povo o significado do sacramento; orar;  abençoar os elementos e separá-los do uso comum para um uso sagrado; tomar e partir o pão, tomar o cálice, dele participar também, e dar ambos aos crentes; a participação na ceia do Senhor é um privilégio dos crentes presentes;

- As demais dúvidas e curiosidades são de menor importância, e podem ser feitas em conformidade com o costume da Igreja local. A utilização de uma ou de outra forma não confere mais ou menos santidade ao sacramento;

- A ceia possui significado espiritual que nunca pode ser esquecido ou modificado: é sinal e selo do pacto da graça;

- A ceia deve ser celebrada constantemente. O cristão deve nutrir intenso desejo pela participação na mesa do Senhor.